Bixiga 70 lança o seu segundo álbum

A música é instrumental mas o discurso é claro. Bixiga 70 chega chegando ao segundo disco: o groove ficou mais pesado; guitarras e teclados agora estão na linha de frente junto com os metais; bateria, baixo e percussões impulsionam os arranjos sem massagem; a ira se espalha pelos timbres, pelas linhas melódicas, pelos riffs – a temperatura subiu geral. Terreiro, Jamaica, dinâmicas jazzísticas, Pará, Etiópia e um clima de “blaxploitation à brasileira” se misturam com equilíbrio. A influência do afrobeat – supracitada nas boas críticas do primeiro disco, de 2011 – agora se dilui num mar de referências e o som alcançado identifica a banda como uma impressão digital. A África, afinal, é o mundo inteiro.

O trompete que chora no solo de “Deixa a Gira Girá” (ponto de candomblé, já adaptado pelo trio baiano Os Tincoãs, em 1973); a bateria que demole qualquer tropa de choque em “Ocupaí”; a guitarra que insinua um certo mistério em “5 Esquinas”; o sintetizador que evoca o futurismo em “Kriptonita”; o lamento coletivo na saideira, “Isa”; tudo parece reverberar a frequência que tomou as ruas do Brasil em junho de 2013 – mês em que a banda finalizou este segundo disco, com produção de seus integrantes e mixagem de Victor Rice. O processo de composição coletivo no estúdio e o entrosamento afinado em turnês azeitou – ou melhor, “vinagrou” – a química.

A 13 de maio reflete junho de 2013. É no número 70 da rua mais famosa do Bixiga que a banda ensaia e grava, na sede do estúdio Traquitana, mesmo endereço que, uma vez por ano desde 2007, vê as ruas tomadas para a realização do Dia do Graffiti – mais um exemplo de evento que ocupa as ruas de São Paulo com programação cultural gratuita, ao ar livre. Rua. Ocupação. Música. Não é só no mapa de São Paulo que o Bixiga fica ali colado na Liberdade. Avante!

Faixas do disco:

  1. Deixa a Gira Girá (Domínio Público)
  2. Ocupai (Rômulo Nardes, Cuca Ferreira e Bixiga 70)
  3. Kalimba (Cris Scabello e Bixiga 70)
  4. Esquinas (Décio 7 e Bixiga 70)
  5. Kriptonita (Décio 7 e Bixiga 70)
  6. Tigre (Cris Scabello e Bixiga 70)
  7. Tangará (Mauricio Fleury, Cuca Ferreira e Bixiga 70)
  8. Retirantes (Cris Scabello e Bixiga 70)
  9. Isa (Marcelo Dworecki e Bixiga 70)

Sobre o Bixiga 70

A banda Bixiga 70 formou-se a partir da união de vários músicos já conhecidos da cena paulistana a partir de trabalhos desenvolvidos no estúdio Traquitana, localizado no coração boêmio do centro de São Paulo. Vindos das mais variadas frentes musicais, juntaram-se membros que acompanham diversos grupos e artistas como Rockers Control, Projeto Coisa Fina, ProjetoNave, Pipo Pegoraro, Anelis Assumpção, Emicida, Rodrigo Campos, Alzira E, entre outros, para explorar o território de fusão da música instrumental africana, latina e brasileira em composições próprias e versões de artistas brasileiros como Luiz Gonzaga, Pedro Santos e Os Tincoãs.

O nome Bixiga 70 está ligado ao endereço do estúdio onde o conjunto nasceu: o número 70 da rua Treze de Maio. Considerado por muitos como o berço do samba paulistano, o bairro do Bixiga também hospeda e alimenta a imaginação desses dez músicos que buscam estreitar os laços entre o passado e o futuro através de uma leitura da música cosmopolita de países como Gana e Nigéria, dos tambores dos terreiros, da música malinké, da psicodelia, do dub e de uma atitude despretensiosa e sem limites para o improviso e a dança.

O primeiro álbum do grupo, lançado no fim do ano de 2011 foi aclamado por público e crítica, figurando nas principais listas de melhores discos do ano em diversos veículos nacionais. 

As apresentações ao vivo, sempre repletas de energia, renderam ao Bixiga 70 convites para diversos shows em festivais importantes do Brasil, como por exemplo, o palco principal da Virada Cultural de São Paulo em 2012, Rec Beat 2012 e Porto Musical 2013 em Recife, Nova Consciência em Campina Grande, Festival de Inverno de Garanhuns, Conexão Vivo, entre outros. 

Ainda em 2012, participou do festival de afrobeat Felabration em Amsterdam ao lado de figuras importantes deste cenário como Tony Allen, Jungle By Night e Woima Collective. 

Em julho de 2013, a banda viajou à Europa em nova turnê. Suécia, Dinamarca, Alemanha, Holanda e França foram os países escolhidos na nova temporada pelo continente. Destaque para as apresentações no renomado “Roskilde Festival “(Roskilde, Dinamarca) e no “Aux Heures d’Eté”(Nantes, França).

De volta ao Brasil,  o Bixiga 70 lança o seu segundo trabalho, em setembro de 2013. Com produção e arranjos de autoria da banda, o disco reflete o aprofundamento do conjunto em suas influências, ao mesmo tempo em que aponta novos caminhos e sonoridade. Sem título, como o primeiro, é obra totalmente independente e conta novamente com a mixagem de Victor Rice e a arte de MZK.

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