A Gravura Brasileira expõe a partir do dia 19 de fevereiro duas séries de trabalhos de Luciano Bortoletto. “Um lugar de morada” apresenta caixas com personagens que compõem diversas situações. “Antes, depois e agora” reúne gravuras criadas a partir da apropriação de imagens elaboradas por outro artista, Guilherme Cota, que cedeu suas placas de metal.
Um lugar de morada
Quatro personagens e seus inúmeros múltiplos habitam as caixas de morar de Luciano Bortoletto. Ele são gravados em metal e, após a impressão, ganham sinais particulares – uma pincelada de nanquim, uma subtração de uma parte do corpo por um recorte inesperado, um acréscimo por justaposição de imagens. São marcas pessoais que, somadas à imagem inicial, definem melhor cada um destes indivíduos.
Eles se agrupam em objetos de madeira e vidro que funcionam como um abrigo, uma casa, um lugar de morada, mas também como uma vitrine. Reunidos, formam um conjunto coeso, apesar de suas diferenças, e encontram um local onde conviver.
Apresentam-se, assim, em um ambiente coletivo e aparentemente protegido. Estão expostos, porém, à visão do observador. Este também se vê em algumas caixas, refletido parcialmente pelos espelhos que aparecem aqui e ali.
Dentro dos seus abrigos, os personagens veem e são vistos. A leitura que temos deles é fragmentada, assim como a visão de nós mesmos. Nessa troca de olhares, o espectador pode ingressar em outro universo em busca do que está oculto em nós – algo como observar a própria incompletude humana.
A partir da disposição das imagens e da construção dos objetos é possível estabelecer uma série de relações, como entre aproximação e distanciamento, brilho e opacidade, identidade e anonimato, individual e coletivo, parte e todo, repetição e criação.
Ao longo da vida, elegemos e habitamos diversas moradas. É nessas instâncias que nos relacionamos, nos apresentamos e representamos. Elas guardam nossas histórias e memórias. Pensar e repensar, entrar, sair, parar, reparar, entender, desentender… São atos como estes que podem responder às perguntas evocadas pelas imagens em cada caixa de morar.
Antes, depois e agora
As estampas aqui reunidas têm como base as placas de metal gravadas inicialmente pelo artista e gravador Guilherme Cota. Por motivos variados, ele se desfez das mesmas e cedeu-as ao amigo e também gravador Luciano Bortoletto.
A partir da apropriação dessas imagens, Bortoletto lidou com a memória pré-existente nas placas e acrescentou outras informações visuais. Desse modo, linhas, planos e histórias diversas coabitam em novas imagens.
O embate sobre uma imagem já existente leva a um confronto de poéticas que podem conviver em um mesmo plano visual, construído em tempos diferenciados e apresentado agora.
Abertura: 19 de FEVEREIRO | terça-feira | 19-22hs
Galeria Gravura Brasileira
Visitação: de 19 de fevereiro a 28 de março de 2013.
seg a sex- das 10h às 18h | sáb- das 11h às 13h
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