“Volúpia da cegueira” estreia no Teatro Municipal Maria Clara Machado

Depois de dirigir quatro curtas e dois documentários de longa-metragem, o ator e diretor Alexandre Lino se prepara para sua primeira direção no teatro. Escrita por Daniel Porto, a peça Volúpia da cegueira tem estreia marcada para o dia 07 de abril, no Teatro Municipal Maria Clara Machado. Em cena, as fantasias e tabus sexuais de quatro personagens cegos, num jogo erótico-afetivo onde imagem e som atuam concomitantemente. Formado por Moira Braga, Felipe Rodrigues, Max Oliveira e Aléssio Abdon, o elenco traz dois atores que são de fato deficientes visuais, propondo uma inversão de papéis entre eles e o público.

O tema “sexo e cegueira” não é uma novidade para Lino, que já havia tratado sobre o assunto na montagem Asilo Paraíso, baseada na história de seu tio com quem conviveu da infância a adolescência no interior de Pernambuco. “Estudos mostram que para a maioria das pessoas os cegos são seres praticamente assexuados. Eu nunca tive essa impressão, pelo contrário. Meu tio ficou cego aos 18 anos, no auge de sua descoberta sexual, e continuou sendo muito ativo mesmo depois de desenvolver a cegueira”, conta Lino. Mas a vontade de voltar à pauta veio depois de ler o livro de contos eróticos Tripé do tripúdio, de Glauco Mattoso – cego homossexual e masoquista assumido. A partir daí, Lino começou a devorar livros e filmes sobre o tema e resolveu convidar o autor Daniel Porto – o mesmo de O Pastor e Acabou o Pó – para escrever a peça.

Foi assim que nasceu Volúpia da cegueira, uma experiência sensitiva, que resgata da realidade o material essencial para sua dramaturgia, tentando desmitificar o que se passa na cabeça das pessoas em relação à intimidade dos que não enxergam com os olhos. “Apesar de poética, a peça também tem um caráter documental forte, que está presente em todos os meus trabalhos. A ideia é tentar mostrar que quando estamos falando de sexo, pelo menos nesse campo,  ser cego ou vidente não faz diferença”, explica o diretor.

O espetáculo dá sequência à linha investigativa da Documental Cia, que Alexandre Lino passa a nominar como grupo para seus projetos de “Teatro Documentário” – iniciado com Domésticas e seguido por O Pastor, Acabou o Pó e Nordestinos. “Há um pacto de verdade nesses trabalhos onde a potência do real é explicitada sem acréscimos que comprometam o reconhecimento”, explica. Partindo desse princípio, Lino optou por ter no elenco atores videntes e cegos sem, no entanto, identificar quais têm a deficiência ou não. Além disso, no início da sessão, o público receberá vendas para os olhos, dando a chance para todos experimentarem a sensação da escuridão plena vivida pelos atores em cena.

Criado por Karlla De Luca (que também assina o figurino), o cenário tem como pano de fundo um telão com imagens de olhos em serigrafia pintados pelo artista plástico Alexandre Elias, que também assina a trilha sonora. As cores preta, cinza, vermelha e branca dão o tom contemporâneo do figurino, confeccionado em moldes soltos e fluidos, inspirados nos balés de Pina Bausch.

Sobre o diretor – Alexandre Lino é ator, produtor e diretor. Com formação inicial em artes cênicas, é Bacharel em Cinema pela UNESA, com especialização em teatro. Foi ator, produtor e diretor de arte da Rede Record de Televisão entre 2007 e 2013.  Em 2012, por sua atuação em Domésticas foi indicado ao Prêmio Ítalo Rossi na quarta edição da FITA. Foi um dos fundadores da Resistência Cia. de Theatro, atuou na Artesanal Cia de Teatro e integrou a Cia de Ópera popular.

É protagonista do documentário cênico O Pastor, que figurou no ranking das melhores peças da revista Veja Rio, recebeu a chancela O Globo Indica e foi indicado ao prêmio Botequim Cultural, na categoria melhor Ator, Texto, Direção e Espetáculo. Também esteve na lista dos Destaques do Teatro Carioca de 2013, do crítico Daniel Schenker. Em 2015, idealizou o projeto transmidiático (peça, livro e filme) e atuou em Nordestinos, com direção de Tuca Andrada. Ambas as montagens continuam sendo apresentadas em diversas cidades brasileiras e Festivais.

Dirigiu o documentário Lady Christiny, que ganhou diversos prêmios em festivais de cinema no Brasil e participou de festivais internacionais. Dirigiu também os curtas-metragens Ensaio Chopin, Amor puro e Simplesmente e o clipe musical Tempo do tempo. Seu primeiro longa documentário Saudades Eternas foi um dos representantes brasileiros no 7º Festival Internacional de Luanda. Realizou a mostra Cacá Diegues – Cineasta do Brasil, na Caixa Cultural Rio de Janeiro, em homenagem aos 50 anos de carreira do cineasta. É sócio fundador da Cineteatro Produções, uma das mais profícuas produtoras do Rio de Janeiro, e membro do Colegiado da APTR.

Criou o curso Artista Empreendedor, onde ministra aulas em universidades do Rio e oferece workshops pelo Brasil. Com este curso, inaugurou junto com Roberto Bomtempo e Bosco Brasil a Escola de Artes de Campos dos Goytacazes. O método será lançado em livro no segundo semestre de 2016.

SERVIÇO
Espetáculo: Volúpia da cegueira
Temporada: 07 de abril a 15 de maio
Horários: de quinta a domingo, às 20h
Teatro Municipal Maria Claro Machado
Endereço: Av. Padre Leonel Franca, 240 – Gávea
Informações: (21) 2274-7722
Capacidade: 120 lugares
Ingressos R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)
Duração: 70 min
Classificação indicativa: 16 anos

*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

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