“A voz masculina delicada de ‘Meu namorado’, de Chico Buarque e Edu Lobo, na trilha sonora de ‘O Grande Circo Místico’, de Carlos Diegues (ainda no forno). O artista que em seu novo disco, “BLAM! BLAM!” (Coqueiro Verde), apresenta um painel de sacanagens (e amores e crimes) pintado em tintas fortes. O compositor pinçado por Gal Costa para seu “Estratosférica”, no qual ela traça seu mapa do que há de mais forte na nova geração da música brasileira — ‘Casca’, parceria com Alberto Continentino, traz a voz cristalina dela sobre versos de “sangue nas mãos” e “torpor nas coxas”. O produtor que empresta sua vocação pop ao experimentalismo de Ava (no elogiadíssimo ‘Ava Patrya Yndia Yracema’) e de Negro Leo (no disco que ele prepara) — e também sua vocação experimental à face mais lírica de ambos. Envolvido em alguns dos projetos musicais mais provocativos surgidos ou a surgir neste ano, Jonas Sá o tempo todo caminha (ora chafurda, ora flutua) sobre um terreno de beleza e estranheza, brilho e sujeira — quase sempre simultaneamente…”, comenta o jornalista Leonardo Lichote em matéria recente no jornal O Globo sobre o lançamento do segundo CD de Jonas Sá, lançado no primeiro semestre deste ano.
Produzido por ele mesmo, “BLAMBLAM!” é uma colagem sonora em que Jonas se apropria de estilos como o soul, do techno oitentista e o hip hop, entre outros gêneros ali presentes como fetiches – e subvertidos em requintadas tramas harmônicas misturando sons analógicos e digitais para contar estórias sobre sexo, violência e amor. Sons de videogame tocados diretamente de seu smartphone se unem a baixos acústicos, cordas, sopros, guitarras distorcidas, sintetizadores velhos e sons de diversos ambientes. Em faixas raramente separadas por silêncio, sua voz se reveza, hora em timbres graves, hora em destemidos falsetes, dando sentido especial a versos eróticos e repulsivos, como na faixa que abre o disco, 8 Bit: “Filho pequeno jogando videogame ao lado/ Sua mãe lambendo meu corpo suado/ E a magia começou” ou Egoísmo: “Eu só penso em mim/ Sumindo/ Dentro de você”. Ou ainda brutais, como em Gigolô: “O maço de cigarro/ E a foto da pessoa morta/ Servem de consolo/ E me cantam bossa nova” e “Perdidos na Noite”: “A cor do sangue fosforescente/ Manchando o lenço/ Que te dei de presente”.
Mas como hay que endurecer, pero sin perder la ternura, há lugar também para os afagos de “Tua cor” e a alegria com que “Teu riso vai/ Me acalentar” é cantada, o próprio verso em si como um sorriso, na faixa que fecha o álbum, “Não é adeus”.
Para o desafio de levar ao palco a pluralidade de sonoridades ouvida no álbum, ele conta com uma big band: Thomas Hares e Rafael Rocha se revezando entre bateria, MPC e percussão, Pedro Dantas no baixo, Gustavo Benjão na guitarra guitarra), Donatinho e Ricardo Dias Gomes se revezando entre rhodes e sintetizadores, Eduardo Manso tocando synths, guitarras e disparando samples e ainda um quarteto de sopros, formado por Thiago de Queiroz(sax barítono e flauta), Daniel Vasques (sax tenor e flauta), Everson Moraes (Trombone) e Aquiles Moraes (Trompete e Flughel horn).
Assim como as músicas, o projeto gráfico do disco, também criado a partir de colagens, ganhou sua tradução para a versão ao vivo. No cenário assinado pelos artistas plásticos Domingos Guimaraens e Caroline Valansi (ambos do grupo OPAVIVARÁ), um painel de 4×4 metros pintado com tinta fotossensível compõe o palco em uma colagem de corpos nus, araras e vitrolas que revelam e escondem surpresas de acordo com as cores projetadas pela iluminação.
O repertório do show também inclui, além das canções de “BLAM! BLAM!”, algumas de seu disco de estreia, “Anormal!”, e releituras. Entre elas está “Vidraça”, do disco “Praia”, de Mariano Marovatto (parceria do mesmo com o compositor paulista Rômulo Fróes).
Data: 08 e 09 de setembro, terça e quarta feira
Horário: 20h30
Espaço SESC Copacabana
Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana, Rio de Janeiro – RJ
Informações: (21) 2547-0156
Ingresso: R$ 20 (R$ 10 meia entrada e R$ 5 comerciários)
Classificação: livre
Capacidade: 242 lugares.
Funcionamento da bilheteria: terça a domingo, 15h às 21h. Pagamento somente em dinheiro.
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