No percurso da história do cinema, a literatura e a narrativa cinematográfica sempre dialogaram de maneira prolífica, consagrando obras de ambas as mídias. É o encontro entre essas duas linguagens que a Mostra Interseções: Cinema e Literatura pretende discutir. A programação é fruto de uma parceria entre a Fundação Clóvis Salgado e a Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte e integra o I Festival Literário Internacional de Belo Horizonte. A Mostra Interseções: Cinema e Literatura chega ao Cine Humberto Mauro com a proposta de resgatar filmes clássicos adaptados de importantes livros de autores do século 20.
Entre os oito filmes que integram a mostra – todos exibidos em formato digital – estão obras de autores Ernest Hemingway, Charles Dickens, Gustave Flaubert e Tennessee Williams, adaptados para o cinema por diretores como John Ford, Elia Kazan e Sam Wood. Ainda que as versões cinematográficas de alguns filmes não sejam totalmente fiéis aos originais, Bruno Hilário, Coordenador do Cine Humberto Mauro e curador da mostra, acredita que é importante reconhecer a literatura como uma importante inspiração para o cinema.
É o que acontece com obras como Oliver! (1968), de Carol Reed, que apresenta o clássico de Charles Dickens em formato musical, e Uma aventura na Martinica (1944), de Howard Hawks que, diferente da obra original de Hemingway “Ter e não ter”, ocorre durante a Segunda Guerra Mundial.
Contemplado pela mostra, o escritor norte-americano Ernest Hemingway, é um forte exemplo de autor cujas obras foram transpostas para o cinema com maestria narrativa, contribuindo com o sucesso comercial dos seus livros, por meio de adaptações como Por Quem os Sinos Dobram (1943), de Sam Wood, e O Velho e o Mar (1958), de John Sturges, Henry King e Fred Zinnemann. Outro autor em destaque, John Steinbeck também é evidenciado na mostra com os filmes Vinhas da Ira (1940), de John Ford e Vidas Amargas, de Elia Kazan (1955).
Cinema e Literatura – As adaptações literárias foram fundamentais para a consolidação do cinema como arte. “Enquanto aparato tecnológico, o cinema buscou encontrar na literatura, a partir de suas possibilidades narrativas, uma forma de legitimar-se enquanto linguagem artística”, explica o curador.
Mesmo se tratando de linguagens substancialmente diferentes, existem elementos comuns que intermediam a transposição da literatura para o cinema, como a questão pontual da passagem de tempo e a construção narrativa. O recorte de Interseções: Cinema e Literatura exibe uma fase em que o cinema, ao buscar uma paternidade narrativa na literatura, também absorve o potencial de grandes obras, alçando certa projeção para os clássicos que inspiraram adaptações cinematográficas.
História Permanente do Cinema – Paralelamente à Mostra Interseções: Cinema e Literatura, o Cine Humberto Mauro dá continuidade à mostra História Permanente do Cinema. Estão na programação Tarde demais, dirigido por William Wyler e baseado no romance Washigton Square de Henry James e O Corvo, de Roger Corman, baseado na obra homônima de Edgar Allan Poe e que já dialoga com a próxima mostra do Cine Humberto Mauro, que trará filmes de terror dos anos 80. As sessões de ambos os filmes serão comentadas.
Cine Humberto Mauro – Localizado no piso inferior do Palácio das Artes, o Cine Humberto Mauro possui 129 lugares e modernos equipamentos de projeção e som. Recebe um público de aproximadamente 43 mil pessoas por ano, que comparecem às suas diversas atividades como festivais, lançamentos de filmes, cursos de cinema, debates e seminários. O espaço conta, ainda, com sessões permanentes de cinema e realiza, a cada ano, grandes mostras sobre cineastas e gêneros relevantes na história do cinema mundial, além do FESTCURTASBH.
Mostra Interseções: Cinema e Literatura
Local: Cine Humberto Mauro
Palácio das Artes – Av. Afonso Pena, 1.537
Período: 25 de junho a 2 de julho de 2015
Entrada gratuita
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