O Instituto Moreira Salles apresenta, a partir de 15 de abril, em seu centro cultural de São Paulo, a exposição David Drew Zingg: Imagem sobre imagem, dedicada ao trabalho do fotógrafo norte-americano David Drew Zingg (1923-2000). Com curadoria de Tiago Mesquita, a mostra reúne cerca de 70 imagens, integrantes do acervo do fotógrafo, depositado desde 2012 no IMS. No dia 14, às 19h30, por ocasião da abertura, acontecerá uma visita guiada com o curador.
A mostra reúne fotografias de cartazes, letreiros, imagens e anúncios em meio a construções, ruas e pessoas. Imagens feitas ao longo do tempo, e nem sempre ligadas aos trabalhos comissionados que fazia como fotógrafo. Por pelo menos duas décadas, Zingg caçou essa iconografia no Brasil e no exterior, em regiões rurais e em grandes centros urbanos. Retirando escritos e figuras do seu contexto, essas fotografias evidenciam uma certa dimensão pop, componente fundamental dessa vertente do trabalho de David Zingg. Sua força imagética está exatamente naquilo que não tem por pressuposto ser um ícone. Letreiros de épocas e de procedências diversas, reunidos nas imagens do fotógrafo, anunciam e comunicam suas mensagens simultaneamente. Uma figura na parede comenta algo sobre um letreiro acima, que desmente a inscrição ao lado. Assim, em uma das fotos, em uma fachada de azulejos verdes, vemos uma porta em formato de ogiva de igreja gótica ao lado de uma pintura a imitar o anúncio fotográfico da Brahma Chopp. Na mesma casinha, o lugar é descrito como drogaria, restaurante e hotel. E o lugar é de fato tudo isso, e algo mais que não pode ser bem expresso por legendas.
São resíduos de uma época que insiste em não ir embora e de um presente que se estabelece de maneira pouco convincente. Passado e presente convivem em uma única imagem. Em uma fotografia da pitoresca Vila Tororó, em São Paulo, todas as ambiguidades se mostram juntas. Naquela época, o antigo palacete havia se tornado um cortiço. Na foto, a vila já é mostrada como casa modesta. A coluna, no centro da imagem, é adornada com uma versão kitsch de uma divindade greco-romana. Na imagem, ela está alheia ao uso da casa, por ser encoberta com varais carregados de roupa. A construção já não é mais a mesma coisa. Mas a escultura permanece, mesmo fora de contexto.
Para o curador, “são nesses momentos que o trabalho fica mais forte. Quando nos faz perceber esses desequilíbrios. Melhor, quando coloca junto construções, elementos arquitetônicos, textos, paisagens e personagens que parecem não se conhecer, mas compartilham o mesmo espaço. É como se os lugares fossem feitos dessas colagens, de empilhamentos de diversas épocas, de diversos lugares. O cartaz de trás deixa manchas no da frente e outro rouba o fim de uma palavra. Por vezes, os papéis amontoados estão em conflito: um impede que o outro seja entendido. Mas, às vezes, por sorte, ao se juntarem, se tornam mais graciosos. Há junções divertidas. Em um tom de crônica, as fotografias de Zingg mostram essas coincidências felizes e o ruído ensurdecedor de um amontoado de ruínas. Muitas vezes tudo isso está na mesma imagem.”
Abertura: 14 de abril, a partir de 19h. Às 19h30, acontecerá uma visita guiada com o curador, Tiago Mesquita.
Visitação: de 15 de abril a 9 de agosto
Horário: De terça a sexta, das 13h às 19h
Sábado, domingo e feriado, das 13h às 18h
Instituto Moreira Salles – São Paulo
Endereço: Rua Piauí, 844, 1º andar, Higienópolis
Entrada franca – Classificação livre
Tel.: (11) 3825-2560
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