Emmanuelle Bercot, vencedora do Prêmio do Júri em Cannes pelo seu curta de estreia, Les Vacances de 1997, assina o roteiro e a direção de 150 MILIGRAMAS (La fille de Brest), filme livremente baseado no livro de Irène Frachon, Mediator 150 mg, sobre o escândalo da indústria farmacêutica francesa Servier, que levou à morte de 500 a 2 mil pessoas na França.
A diretora conta como o projeto se desenvolveu: eu já tinha ouvido falar do caso Mediator, mas não acompanhei de perto. Foram os produtores de Haut et Court, Caroline Benjo e Carole Scotta que mostraram interesse no livro e me pediram para ler. Como era decisão de Frachon quem faria a adaptação para o cinema, almoçamos juntas em Paris, alguns meses após a publicação do livro. Rapidamente me dei conta que essa mulher poderia ser uma personagem fictícia extraordinária. Quando ela falou sobre o caso, com paixão e emoção, tudo tomou uma dimensão bem maior. Não era mais o caso do Mediator, mas a história da luta excepcional desta mulher.
A partir desta premissa, Bercot desenvolveu o roteiro, em parceria com Séverine Bosschem, focando na história a partir do ponto de vista de Irène, suas descobertas e o que vivenciou no hospital de Brest. Basicamente pouco menos da metade do filme é construída em torno da adaptação do livro. A outra metade é feita do que percebemos in loco, dos segredos que as pessoas compartilham conosco, explica Emmanuelle Bercot.
Colocado no mercado para o tratamento de diabéticos com problemas de sobrepeso, em 1976, o Mediator acabou sendo receitado como inibidor do apetite. Após a constatação da ligação de seu uso à morte de pacientes, o Mediator foi retirado do mercado francês em 2009.
SOBRE A DIRETORA
Depois de estudar dança Emmanuelle Bercot voltou seus interesses para o teatro e atuação, antes de se matricular na La Fémis. Em 1997 ela dirigiu seu primeiro curta, Les Vacances, que ganhou o prêmio do júri do Festival de Cannes. Em 1999, seu filme de graduação La puce, que marcou a descoberta da atriz Isild Le Besco, ganhou o prêmio Cinéfondation em Cannes e foi exibido nos cinemas na França.
Em 2001, seu primeiro grande filme, Clément, estreou no Un Certain Regard em Cannes, onde ganhou o Prix de la Jeneusse (Prêmio Jovem). Com seu segundo grande filme, Backstage, que foi exibido na Competição Oficial do Festival de Veneza de 2005, Bercot continuou a explorar o tema da angústia adolescente, nesse caso através da problemática relação entre uma cantora famosa (Emmanuelle Seigner) e uma fã obsessivo (Isild Le Besco).
Emmanuelle Bercot continua a atuar de tempos em tempos, aparecendo em filmes de Claude Miller, Bertrand Tavernier, Benoit Jacquot, Olivier Assayas e Maiwenn, cujo filme Polissia ela ajudou a escrever o roteiro.
Seus créditos na TV incluem Le choix d´Elodie (1999, ganhador do Laurier d´Or 1999 e do Prix du Sénat), Tirez sur le caviste, na série Suite Noire, estrelando Niels Arestrup e Julie-Marie Parmentier (vencedor dos prêmios do Sindicato do Cinema da França e dos Críticos de Televisão em 2008) e Mês Chères études, (também conhecido por Student Services), para o Canal+ em 2009.
Em 2012, Bercot dirigiu um dos episódios do longa portmanteau Os Infiéis, estrelando Jean Dujardin e Gilles Lellouche, seguido pelo longa Ela Vai, que foi exibido na seleção oficial do 63º Festival Internacional de Cinema de Berlim.
Em 2015, seu longa De Cabeça Erguida foi selecionado para abrir o 68º Festival de Cinema de Cannes, no qual também ganhou o prêmio de Melhor Atriz por sua performance em Meu Rei.