Tubarão e Laranja Mecância na mostra Nossa incompetência criativa em copiar

A Mostra Nossa incompetência criativa em copiar chega a Cinemateca Brasileira agora em setembro (16 de setembro a 02 de outubro). Publicado originalmente no primeiro número de Argumento, uma revista mensal de cultura, em outubro de 1973, Cinema: trajetória no subdesenvolvimento é um dos ensaios centrais da obra final de Paulo Emilio Sales Gomes. Fruto de seu interesse constante pelo cinema brasileiro e sua história, afirma no brilhante artigo:

“Não somos europeus nem americanos do norte, mas destituídos de cultura original, nada nos é estrangeiro pois tudo o é. A penosa construção de nós mesmos se desenvolve na dialética rarefeita entre o não ser e o ser outro. O filme brasileiro participa do mecanismo e o altera através de nossa incompetência criativa em copiar.”

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Diante da maciça ocupação do mercado brasileiro pelo cinema estrangeiro – e a influência de sua linguagem e costumes – criou um gênero único, a chanchada. Comédias de costumes influenciadas pelo teatro de revista, pelo rádio e temas carnavalescos, as chanchadas faziam grande sucesso popular e referências diretas ao cinema estrangeiro. Desta produção, a mostra apresenta dois clássicos de Carlos Manga: Nem Sansão, nem Dalila e O homem do Sputnik. Paródia do épico Sansão e Dalila, de Cecil B. DeMille, o filme narra as peripécias de um barbeiro interpretado por Oscarito que é transportado ao passado através de uma máquina do tempo e obtém força graças a uma peruca mágica. Já O homem do Sputnik faz comédia em torno da Guerra Fria, através de um casal interiorano que supostamente encontra o satélite russo em seu galinheiro. No genial elenco estão Oscarito, Zezé Macedo, Jô Soares e, estreando no cinema, Norma Bengell, que tem faz uma brilhante sátira de Brigitte Bardot. A estrela francesa era um dos mitos da época, graças ao estrondoso sucesso de E Deus criou a mulher, de Roger Vadim – filme amplamente analisado por Paulo Emilio em artigos publicados no Suplemento Literário de O Estado de S. Paulo.

Durante a década de 1970 uma série de filmes nacionais brincava em seus títulos com sucessos internacionais – tivemos a Emanuelle tropical, Costinha e o King Mong, O exorcista de mulheres, O filho do chefão, O poderoso garanhão, Essa freira é uma parada. Laranja mecânica, grande sucesso internacional de Stanley Kubrick estava interditado pela censura quando Braz Chediak lançou Banana mecânica, comédia protagonizada por Carlos Imperial. Tubarão, de Steven Spielberg, um dos marcos inaugurais da era do blockbuster, teve inventiva paródia em Bacalhau (“Bacs”), de Adriano Stuart. A comédia fez mais de um milhão de espectadores no seu lançamento em 1976. Outra excelente estratégia de lançamento foi a de Exorcismo negro, de José Mojica Marins – neste filme de horror, o cineasta interpreta a si mesmo, tentando exorcizar seu popular personagem Zé do Caixão. Vestido a caráter, foi às ruas chamar o público que aguardava nas filas para assistir O exorcista, de William Friedkin.

Este programa permite reavaliar e comparar algumas de nossas releituras nacionais e – usando um termo de Paulo Emilio em Cinema brasileiro na universidade (publicado na revista Movimento, 1 de setembro de 1975) – a “alegria de entendimento” que estes filmes nos proporcionam.

VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA (clique aqui!)

SEXTA 16/09
SALA PETROBRAS

19h00 E DEUS CRIOU A MULHER

SALA BNDES

21h00 O HOMEM DO SPUTNIK

SÁBADO 17/09

SALA BNDES

18h00 LARANJA MECÂNICA

21h00 BANANA MECÂNICA

DOMINGO 18/09

SALA BNDES

17h00 O EXORCISTA

19h30 EXORCISMO NEGRO

QUINTA 22/09

SALA BNDES

20h00 LARANJA MECÂNICA

SEXTA 23/09

SALA BNDES

20h00 BANANA MECÂNICA

SÁBADO 24/09

SALA BNDES

19h00 E DEUS CRIOU A MULHER
21h00 O HOMEM DO SPUTNIK

DOMINGO 25/09

SALA BNDES

17h00 SANSÃO E DALILA
19h30 NEM SANSÃO, NEM DALILA

QUINTA 29/09

SALA BNDES

20h00 O EXORCISTA

SEXTA 30/09

SALA BNDES
20h00 EXORCISMO NEGRO

SÁBADO 01/10

SALA BNDES

18h00 TUBARÃO
20h30 BACALHAU (“BACS”)

DOMINGO 02/10

SALA BNDES
17h00 TUBARÃO
19h30 BACALHAU (“BACS”)

Laranja Mecânica (A Clorckwork Orange), de Stanley Kubrick
Reino Unido/EUA, 1971, 35mm, cor, 136’ | Exibição em dcp | Legendas em português
Com: Malcom McDowell, Patricj Magee, Michael Bates, Warren Clarke

Em uma desolada Inglaterra do futuro, a violência das gangues juvenis impera, provocando um clima de terror. Alex lidera uma das gangues e, após praticar vários crimes, é preso e submetido à reeducação pelo Estado, com base em uma técnica de reflexos condicionados. Quando ele volta à sua vida em liberdade, é perseguido por aqueles que foram suas vítimas, Mr. Alexander e sua esposa.

Classificação indicativa: 16 anos

Banana Mecânica, de Braz Chediak
São Paulo, 1973, 35mm, cor, 95’
Com: Carlos Imperial, Miguel Cerrano, Miriam Pérsia, Nélia Paula

Um psicanalista, Dr. Ferrão, mantém coluna de jornal e um consultório nos altos da boutique de Marcela, mulher que faz tudo para ajudá-lo em suas conquistas amorosas. Entre seus clientes destaca-se Paulo Frederico, jovem de maneiras efeminadas em tratamento de recuperação. Preocupado em demonstrar uma nova tese sobre o amor conjugal, Dr. Ferrão utiliza em suas experiências mil mulheres, como cobaias.

Classificação indicativa: 18 anos

E Deus criou a mulher (Et Dieu… Créa la Femme), de Roger Vadim
França/Itália, 1956, 35mm, cor, 95’ | Legendas em português
Com: Briggitte Bardot, Curd Jürgesn, Jean-Louis Trintignant

Década de 50, Saint Tropez. Juliete Christiane Hardy é uma jovem orfã com um comportamento bem liberal, que é marginalizada pela sociedade local. Ela é desejada por um milionário, Eric Carradine, mas se sente atraída por um homem da região, Antoine Tardieu Entretanto, ela acaba se casando com o irmão deste, Michel André Tardieu.

Classificação indicativa: 14 anos

O homem do Sputnik, de Carlos Manga
Rio de Janeiro, 1959, 35mm, pb, 98’
Com: Oscarito, Cyll Farney, Zezé Macedo, Neide Aparecida, Norma Bengell

O casal de caipiras comerciantes de ovos, Anastácio e Cleci, são surpreendidos por um estrondo em seu galinheiro. Anastácio encontra entre suas galinhas um globo metálico. No dia seguinte, Cleci lê no jornal sobre o acidente com o satélite russo Sputnik e reconhece na fotografia um objeto semelhante ao que caiu em seu quintal.

Classificação indicativa: Livre

Tubarão (Jaws), de Steven Spielberg
Estados Unidos, 1975, 35mm, cor, 124’ | Exibição em dcp | Legendas em português
Com: Roy Scheider, Robert Shaw, Richard Dreyfuss, Lorraine Gary

Um terrível ataque a banhistas é o sinal de que a praia da pequena cidade de Amity, virou refeitório de um gigantesco tubarão branco, que começa a se alimentar dos turistas. Embora o prefeito queira esconder os fatos da mídia, o xerife local pede ajuda a um ictiologista e a um pescador veterano para caçar o animal, mas a missão vai ser mais complicada do que eles imaginavam.

Classificação indicativa: 14 anos

Bacalhau (“Bacs”), de Adriano Stuart
São Paulo, 1976, 35mm, cor, 110’
Com: Hélio Souto, Dionísio Azevedo, Maurício do Valle, Marlene França

Numa cidade balneária do litoral de São Paulo aparece um peixe de origem desconhecida e começa a fazer vítimas. Conhecedores da fauna local são convocados para o local. Começa a caça ao bacalhau.

Classificação indicativa: 14 anos

Nem Sansão nem Dalila, de Carlos Manga
Rio de Janeiro, 1954, 35mm, pb, 88′
Oscarito, Fada Santoro, Cyll Farney, Eliana Macedo

Por intermédio de uma máquina do tempo, um humilde barbeiro é transportado para uma época antes de Cristo, na qual se torna o poderoso Sansão. Valendo-se de uma peruca mágica, que lhe dá poderes descomunais, ele tem de lidar com as manobras de poder dos políticos locais que procuram, por meio da sedutora Dalila, arrancar-lhe as forças.

Classificação indicativa: Livre

Sansão e Dalila (Samson and Delilah), de Cecil B. DeMille
EUA, 1949, 35mm, cor, 131′ | Exibição em dcp | Legendas em português
com Hedy Lamarr, Victor Mature, George Sanders, Angela Lansbury

Sansão, hebreu famoso por sua força descomunal, fica noivo de Semadar, uma mulher filistéia. Logo após o casamento, ela é morta pelos filisteus, que tentavam assassinar Sansão. Dalila, a ambiciosa irmã de Semadar, é apaixonada por Sansão e tenta descobrir o segredo de sua força em troca de pratas e riqueza. Superprodução bíblica dirigida pelo especialista DeMille.

Classificação indicativa: Livre

O exorcista (The Exorcist), de William Friedkin
Estados Unidos, 1973, 35mm, cor, 122’ | Legendas em português
Com: Ellen Burstyn, Max Bom Sydow, Lee J. Cobb, Linda Blair

Em Georgetown, Washington, uma atriz vai gradativamente tomando consciência que a sua filha de doze anos está tendo um comportamento completamente assustador. Deste modo, ela pede ajuda a um padre, que é também um psiquiatra, e este chega a conclusão de que a garota está possuída pelo demônio. Ele solicita então a ajuda de um segundo sacerdote, especialista em exorcismo, para tentar livrar a menina desta terrível possessão.

Classificação indicativa: 18 anos

Exorcismo negro, de José Mojica Marins
São Paulo, 1974, 35mm, cor, 100’ | exibição em 35mm
Com: José Mojica Marins, Jofre Soares, Ariane Arantes, Walter Stuart

Após uma entrevista na qual nega a existência de Zé do Caixão, o cineasta José Mojica Marins parte em férias para a casa de campo de um amigo. Lá reencontra Álvaro, sua esposa Lúcia, e as três filhas, e fica sabendo que Wilma, a mais velha, está noiva de Carlos. Logo, fenômenos sobrenaturais passam a se manifestar na casa e Mojica descobre que Wilma fora prometida ao diabo, numa missa negra conduzida por ninguém menos que Zé do Caixão! Ele fica chocado ao contemplar a existência em carne e osso de seu personagem, acontecendo o inevitável confronto entre criador e criatura.

Classificação indicativa: 16 anos

SERVIÇO

CINEMATECA BRASILEIRA

Largo Senador Raul Cardoso, 207
próxima ao Metrô Vila Mariana
Outras informações: (11) 3512-6111

www.cinemateca.gov.br
Entrada franca

*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

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