Crítica do filme Invocação do Mal 2

O casal Ed e Lorraine Warren, famosos investigadores de fenômenos paranormais, estão de volta às telas dos cinemas! Eles viajam até a cidade de Einfield, ao norte da Inglaterra, para se aprofundarem na história da família Hodgson, que vinha intrigando familiares, vizinhos, imprensa e até mesmo autoridades locais. Mas o que eles não imaginavam é que essa investigação se tornaria um dos mais bem documentados casos de manifestação Poltergeist da história.

Dirigido novamente pelo malasiano James Wan, Invocação do Mal 2 se passa sete anos após os eventos do seu antecessor ‘Invocação do Mal’, que estreou em 2013 conseguindo uma ótima bilheteria em todo mundo. Wan, que também produz e contribuiu no roteiro do longa, buscou o mais intrigante e questionável caso na vasta lista de episódios vividos pela dupla de Ed e Lorraine Warren – que segundo registros, durante 50 anos eles estudaram mais de 10.000 casos sobrenaturais, entre eles o Enfield Poltergeist, nome como ficou mundialmente conhecido o caso.

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Depois dos eventos ocorridos no primeiro filme, Lorraine Warren (Vera Farmiga) se encontra em uma fase de questionamento de sua própria vida, e por consequência do seu dom. Seu marido Ed (Patrick Wilson) como sempre busca conforta-la e mante-la focada em seu trabalho, que agora se resume em palestras em faculdades e aparições em programas televisivos. Este último causa, frequentemente, desconforto no casal devido ao ceticismo de boa parte da mídia em geral. No mesmo período somos apresentados a família Hodgson, composta pela mãe Peggy Hodgson (Frances O’Connor), suas duas filhas Janet e Margaret Hodgson (Madison Wolfe e Lauren Esposito) e ainda os dois filhos Billy e Johnny Hodgson (Benjamin Haigh e Patrick McAuley). Peggy, e seus filhos, passam por problemas financeiros sérios, separada recentemente, ela busca forças em seus pupilos para reconstruir sua vida. A jovem Janet não se diferencia em nada das outras garotas de sua idade (a julgar pela ano), buscando aproveitar e conhecer todos os sabores da vida.

Todos esses elementos e, claro, a abordagem são extremamente necessárias, se tornando um grande acerto no roteiro, pois dessa forma, além de causar uma certa empatia com todos os personagens, somos transportados (de forma bastante agradável) ao cenário que se desenrolará toda a história. James Wan juntamente com os outros roteiristas (Carey Hayes, e Chad Hayes e David Johnson) nitidamente tiveram o cuidado (inicialmente) de retratar com certa prudência todos os eventos que viriam a ocorrer com a família Hodgson, o que é completamente plausível ao se tratar de um historia bastante controvérsia (na vida real).

O primeiro ponto de virada do roteiro se revela quando as manifestações começam a aparecer em toda casa, neste ponto alguns elementos clichês do gênero são utilizados (talvez para agradar o público alvo) o que causa certa indiferença em quase todos. Mas quando as manifestações tem como foco principal a jovem Janet Hodgson (Madison Wolfe) a trama começa a ganhar uma outra conotação, bem mais profunda, densa e aterrorizantes ao desenrolar dos fatos – o que se torna ponta chave no desenvolvimento de toda historia.

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Transportados da vida real, o casal Ed e Lorraine Warren ganharam interpretes de peso nas telonas – ao analisar ambos os filmes lançados até o momento, fica impossível imagina-los sem a participação (em altíssima qualidade) de Vera Farmiga e Patrick Wilson. Ambos atores incorporaram todos os aspectos e particularidades que fizeram do casal Warren se tornarem respeitados pela população, imprensa e até mesmo pela igreja. Fica evidente a entrega da dupla, firmes de si e muito confortáveis em seus personagens (assim como o primeiro filme) – conseguem explorar o máximo de seus talentos, olhares fixos e que transmitem sentimento a todo momento quando estão em cena.

Apesar da pouca idade, a jovem atriz Madison Wolfe carrega em seu (vasto) currículo trabalhos na televisão e nos cinemas – variando gêneros e ambientações, o que contribuiu bastante para o aprendizado e desenvolvimento do talento nato. A todo momento ela se mostra bem madura e confiante em seus atos, sendo bastante prazeroso o entendimento do perfil de sua perturbada personagem. Um dos grandes méritos de filmes do gênero (terror/suspense) é contar com atuações maduras e fortes, neste ponto Invocação do Mal 2 não fica devendo em nada.

Desde seu primeiro sucesso hollywodiano, com a franquia Jogos MortaisJames Wan sempre demostrou em cada novo projeto, uma facilidade (fora do comum) de causar tensão. Não de forma tradicional, apesar que neste filme vemos que são usados elementos para atrair os fãs do gêneros, mas se utilizando de elementos encontrados em clássicos do passado como uma trilha marcante e bem definida (com ênfase no foley feito de forma cuidadosa), uma fotografia densa (escurecida sem ser blackout total) e mais recortada (quando necessário para cena). Para completar Wan se mostra muito cuidadoso, assim como em outro projetos, na criação da ambientação do filme – dando a atenção necessária para todos os elementos de cena (quadros, móveis, figurino e outros), mostrando uma arte muito bonita de ser apreciada.

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Se já não fosse o bastante para se diferenciar dos filmes do gênero, Wam tem consigo ainda uma “carta na manga” – um conceito de direção muito particular (sendo quase sua assinatura) aonde prioriza os movimentos de câmera constantes, enquadramentos que favorecem o cenário (apesar de se passar dentro de uma casa). Mesmo com todos esses elementos (que favorecem todo projeto), Invocação do Mal 2 carrega em seu roteiro uma certa fragilidade dos fatos em si, basta procurar sobre Enfield Poltergeist e verá diversos artigos que questionam tais acontecimentos. Essa inconsistência acaba refletindo diretamente em algumas cenas e situações, aonde a opção em utilizar determinados recursos (que já foram vista em inúmeros outros filmes do gênero) pode causar certa indiferença ao longo da projeção.

Invocação do Mal 2 é sim um filme que merece ser visto (afinal todo filme deve ser apreciado), pois além de uma boa abordagem sobre os fatos ocorrido com a família Hodgson apresenta, novamente, uma reflexão sobre até onde as mídias (imprensa em geral) devem ir para exercer seus trabalhos, e o que isso pode gerar em pessoas mal intencionadas. O caso de Enfield Poltergeist foi altamente alvo de incansáveis coberturas da imprensa londrina, mas talvez essa exposição tenha sido o grande “vilão” dos acontecimentos.

Invocação do Mal 2 (The Conjuring 2)
Direção: James Wan
Roteiro: Carey Hayes, Chad Hayes, James Wan e David Leslie Johnson
Gênero: Horror | Suspense
Distribuidora: Warner Bros.
Elenco: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Madison Wolfe e mais.
Estreia no Brasil em: 09 de Junho de 2016
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Avaliação (6/10)

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