Crítica do filme A Série Divergente: Convergente

Após os eventos reveladores no final do segundo filme, Tris (Shailene Woodley) e Quatro (Theo James) decidem ver o que há além do muro, para isso devem abandonar seu antigo lar (cidade de Chicago), e partir em busca de respostas. Este é o ponto de partida de A Série Divergente: Convergente, distopia juvenil baseada nos livros de sucesso mundial de Veronica Roth. Divido em duas partes, o capítulo final será lançado no próximo ano (2017), Convergente busca mudar um pouco a narrativa dos filmes anteriores, talvez por isso seja o filme mais ‘sério’ da franquia até aqui, abordando dilemas mais maduros (como o conflito entre os irmãos Tris e Caleb) sem mencionar ainda a atenção em explorar outros núcleos e sub-conflitos existente no filme.

Ao saírem da cidade, o grupo liderado por Tris acaba descobrindo a verdade por trás da mensagem que haviam recebido ao final do primeiro longa, ao atravessarem o muro que os separam do mundo exterior, acabam por descobrir a existência de uma nova sociedade. Muito mais organizada, desenvolvida tecnologicamente e, aparentemente, mais pacífica. Em diversos momentos do filme podemos constatar que o roteiro, escrito pela dupla Noah Oppenheim (responsável por Maze Runner: Correr ou Morrer) e Adam Cooper (Carga Explosiva: O Legado), tenta se desvencilhar do terceiro livro escrito por Veronica Roth. Fato este que não interfere diretamente na narrativa e eventos do filme, mas sim, acaba dando uma liberdade criativa para o decorrer do filme.

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Apesar do evidentes melhoras na construção da trama e toda sua narrativa, em comparação com seus anteriores, Convergente perde bastante credibilidade devido à falta de carisma de quase todos os personagens. É quase impossível não sentir certo desconforto nas ações de Tris, aonde Shailene Woodley realmente sente visíveis dificuldades em transparecer momentos de tensão e seriedade de sua personagem. Talvez a resposta para isso esteja no próprio elenco (cast) do filme, que, assim como Woodley, não convencem nem um pouco. Jovens promessas de Hollywood, como Miles Teller e Ansel Elgort, encontram sérias dificuldades em cada cena que aparecem, não pela falta de talento de ambos, mas sim devido a fragilidade na criação de seus personagens. Mesmo excelentes atrizes, consagradas com atuações brilhantes em outros projetos, como Naomi Watts e Octavia Spencer, tem seus talentos ofuscados devido a falta de profundida e um roteiro cheio de ações/cenas e reviravolta (não é um elogio neste caso) mirabolantes, muitas delas sem fazer o menor sentido.

Outro ponto bastante controverso do filme recai sobre os efeitos visuais, as conhecidas CGIs. Sabemos que cada vez mais o cinema vem sendo refém dessa tecnologia, isso não é uma novidade, pois a computação gráfica é tão disseminada que é usada em praticamente qualquer produto de entretenimento que assistimos. Mas o que quero ressaltar é o uso excessivo dela, e ainda um outro problema muito maior, quando é usada de forma amadora, sem saber utilizar nenhum efeito de forma a melhorar a cena, como foi o caso de Convergente. Em determinadas cenas podemos comprovar, que além do mal uso da tecnologia, faltou nitidamente criatividade para criações de ambientes virtuais – aonde certas cenas são voltadas a ficção cientifica, que beiram o ridículo. Outros pontos nos efeitos visuais incomodam bastante, como o próprio retoque na fotografia e as naves espaciais, que muitas das vezes parecem mais brinquedos animados.

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A direção do cineasta alemão Robert Schwentke (conhecido por trabalhos em Red: Aposentados e Perigosos e o fracasso R.I.P.D. – Agentes do Além) tem, assim como no longa anterior da franquia, a responsabilidade de transferir o mundo criado por Veronica Roth. Schwentke busca suavizar certas inconsistências do próprio livro, mas acaba sendo refém das falhas do mesmo, aonde a falta de carisma de seus personagens e profundidade na história comprometem completamente sua direção. Com uma decupagem um tanto confusa em cenas de ação, aonde as situações acontecem sem muito sentido, e unido a passagens de tempo, cenas equivocadas e milhares de erros de continuidade durante, fazem com que a direção interfira diretamente em todo o filme.

O mérito de A Série Divergente: Convergente é sem dúvida sua ideia inicial/argumento, com temas atuais e de apelo muito forte entre jovens, e que chega em meio a outras franquias (de sucesso) voltadas ao publico infanto-juvenil como Jogos Vorazes. Porém, com uma história mal desenvolvida e pouca explorada (sentimos a todo momento estar vendo apenas o primeiro plano dos eventos), o filme acaba se tornando em muitos momentos inconsistentes. A opção de dividir o final em duas partes, vem ganhando cada vez mais espaço, mas em sua maioria as primeiras partes ficam massantes e sem ritmo, prejudicando a fase final da trama. Até para os mais fãs do livro e da franquia, o longa Convergente não deve agradar, causando bastante decepção e desgosto, devido a diversas falhas graves de produção, o que pode afastar e muito os espectadores. Pois ver seu adorados personagens transportados para telona é gratificante, ainda mais quando se fala de um história que carrega, sim, um bom pano de fundo mas o que é apresentado difere bastante do potencial inicial.

The Divergent Series Allegiant-BrazilA Série Divergente: Convergente (The Divergent Series: Allegiant)
Direção: Robert Schwentke
Roteiro:
Noah Oppenheim, Adam Cooper
Gênero: Aventura | Ação | Sci-fi
Distribuidora: Paris Filmes
Elenco: Shailene Woodley, Zoë Kravitz, Naomi Watts e mais.
Estreia no Brasil em: 10 de Março de 2016

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Avaliação (1/10)

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