Um pai doente recebe a visita dos quatros filhos no hospital. O que seria apenas um encontro em função de um parente debilitado se revela um acerto de contas familiar, permeado de humor e afeto, tendo como pano de fundo a história brasileira, dos tempos da ditadura militar à Operação Lavo Jato. Vencedora da etapa carioca da 7ª edição do concurso de dramaturgia Seleção Brasil em Cena, a peça A tropa, do autor Gustavo Pinheiro, estreia no dia 10 de março no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro. Com direção de Cesar Augusto, a peça é protagonizada por Otávio Augusto, no papel do patriarca. O Seleção Brasil em Cena é patrocinado pelo Banco do Brasil.
Ao longo de cinquenta anos de carreira, Otávio Augusto já trabalhou em dezenas de filmes, novelas, minisséries e peças teatrais. Longe do teatro desde 2009, quando encenou Rock’n Roll, de Tom Stoppard, o ator ficou entusiasmado com a ideia de voltar aos palcos após ler A tropa. Ele recebeu o texto do autor com um convite para protagonizar a montagem no papel de um ex-militar, viúvo e pai de quatro filhos. Um homem autoritário que, no leito de hospital, vê as relações veladas da família serem descortinadas.
Os filhos são interpretados por Alexandre Menezes, Daniel Marano, Edu Fernandes e Rafael Morpanini. O embate familiar evidencia a trajetória de cada um: Humberto é um dentista militar aposentado que mora com o pai; João Batista é o caçula, jovem usuário de drogas com passagens por clínicas de reabilitação; Artur é um empresário casado, pai de duas filhas, que trabalha numa empreiteira que está sob investigação por corrupção; e Ernesto é um jornalista que acaba de pedir demissão de um jornal e está em crise com a profissão.
Embora tenha sido escrito no ano passado, o texto já vinha, de certa forma, sendo maturado desde 2014, a partir das observações do dramaturgo sobre as últimas eleições presidenciais no país. “Fiquei impressionado com a capacidade do debate político abalar amizades nas redes sociais ou fora delas. Qual o lugar da tolerância na nossa sociedade hoje? E como exercitar a tolerância e a diferença em família, o núcleo mais estreito de convívio, regido pelo afeto? Esse foi o ponto de largada para A tropa”, explica o autor. A premissa é transposta para o quarto de hospital onde os personagens estão confinados, no qual são expostas outras enfermidades – ideológicas, sociais e familiares.
No teatro III do CCBB, a arquibancada da plateia será dividida em duas. As cadeiras serão posicionadas frente a frente como fosse um espelho, para que o público possa se ver no decorrer da trama. Criado por Bia Junqueira, o cenário entre as duas plateias apresenta um quarto de hospital com alguns poucos objetos que foram levados pelos filhos – de pertences do pai a presentes. Os figurinos de Ticiana Passos são contemporâneos e ressaltam as particularidades de cada um.
O texto A tropa foi uma das três obras selecionadas entre as 265 inscritas na 7ª edição do Seleção Brasil em Cena. As peças Princípios transgredíveis para amores precários e Um caminho para Sara, ambas de Thales Paradela, foram premiadas com temporadas nas unidades do CCBB de Belo Horizonte e Brasília, respectivamente. As peças vencedoras foram escolhidas pelo público entre as doze finalistas que participaram do ciclo de leituras dramatizadas com atores de escolas de teatro de cada cidade, sob a condução de diretores da cena contemporânea. No Rio, A tropa ficou a cargo de Cesar Augusto. Recém-formados pelas escolas CAL e Martins Pena, os atores que integram o elenco fizeram parte das leituras.
Sobre o Seleção Brasil em Cena (www.selecaobrasilemcena.com.br) – O concurso nacional de dramaturgia patrocinado pelo Banco do Brasil foi criado em 2006. Em sete edições, o projeto já recebeu mais de 1.650 textos inéditos de autores de todo o Brasil e mais de 300 atores indicados por escolas de teatro participaram das leituras dramatizadas e encenações. Idealizado pelo produtor Sérgio Saboya, o Seleção Brasil em Cena tem como objetivo fomentar a criação de obras inéditas de novos dramaturgos.
Realizada em 2015, a 7ª edição do concurso recebeu 265 textos de 13 estados e do Distrito Federal. Deste total, foram selecionados 12 finalistas que participaram do ciclo de leituras dramatizadas em três unidades do CCBB: Rio, Belo Horizonte e Brasília. Além do texto A tropa, as obras Princípios transgredíveis para amores precários, e Um caminho para Sara, ambos de Thales Paradela, foram premiados com montagens no CCBB da capital mineira e de Brasília, respectivamente.
Estreia para convidados: 9 de março
Temporada: 10 de março a 1º de maio de 2016
Dias e horários: Quarta a domingo, às 19h30
Local: CCBB Rio – Teatro 3
Endereço: Rua Primeiro de Março 66 – Centro
Capacidade: 50 lugares
Classificação indicativa: 14 anos
Gênero: Comédia dramática
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)
Duração: 90 minutos
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