Professores enaltecem caráter pedagógico do 4º Festival de Dança de Piracicaba

O 4º PiraDança (Festival de Dança de Piracicaba) reuniu 245 alunos nos sete workshops gratuitos realizados no último fim de semana na sala da Companhia Estável de Dança (Cedan), no Teatro Municipal Dr. Losso Netto. O evento, desenvolvido pela Secretaria Municipal da Ação Cultural (Semac), inovou ao voltar-se para a formação de bailarinos profissionais, amadores e em fase de estudos, que tiveram acesso a aulas gratuitas com gabaritados profissionais.
A secretária da Ação Cultural, Rosângela Camolese, destaca que a programação do PiraDança foi pensada para possibilitar a circulação de vários segmentos artísticos. “Nosso objetivo é fomentar e difundir a dança no Estado de São Paulo. Por isso, a Semac investe na formação de bailarinos a cada ano. Foi um fim de semana produtivo, em que os estudantes puderam aprender conceitos importantes na prática, com nomes respeitados no país e no exterior”, avalia.
A programação começou na sexta-feira (11) com o balé clássico moderno do coreógrafo, bailarino, professor e pesquisador Luís Arrieta. “Antecipei a problemática que eles vão encontrar em suas carreiras. A aula não é um lugar em que se aprende a dançar, isso é mito, fazemos aula para organizar o que sabemos intuitivamente”, diz Arrieta, que soma 41 anos de trajetória artística e assina mais de 150 criações apresentadas na América Latina, Estados Unidos e Europa.
No sábado (12), o balé clássico coube às profissionais da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil: a professora russa Ludmila Sinelnikova e as bailarinas Karine de Matos e Monike de Souza, piracicabana que fez parte do elenco da Cedan. Ela ingressou este ano no Bolshoi e prepara-se para integrar o elenco do espetáculo Cisne Negro, na Rússia. “Essas aulas são ótimas, vivemos de conhecimento e mesmo grandes bailarinos devem buscar o aprimoramento”, fala Monike.
A seguir, foi a vez do street dance com Adriano Mendes. Especialista em hip hop, house dance e capoeira, ele é dançarino de Wanessa Camargo e já atuou em clipes de Ed Mota, Claudio Zoli e Luciana Mello. Como diretor e coreógrafo do grupo Soul Brothers, em Madri, ele conquistou o segundo lugar no 1º Campeonato Free Dance (2006), na Espanha. “A dificuldade para os iniciantes é entender a filosofia do movimento, sua fluência, pois toda dança tem suas regras”, comenta.
Ainda no sábado, o coreógrafo e bailarino Armando Aurich, professor na Edasp (Escola de Dança de São Paulo), comandou o workshop de balé contemporâneo. Aurich aplicou sua prática de ensino O Corpo Expressivo, desenvolvida a partir da experiência nas principais companhias do Brasil e exterior, como a Tucson Metropolitan Ballet (EUA), Cia. de Dança Rio e Balé da Cidade de São Paulo.
A programação de domingo foi aberta com o gênero musical por Maiza Tempesta, coreógrafa, diretora e maitre em jazz dance. Ela integrou o musical A Chorus Line, da Broadway, e fundou no Brasil o TeenBroadway, pioneiro na formação de profissionais em teatro  musical. “O jazz musical está estourando em São Paulo, há muitas audições, é um nicho para os bailarinos”, diz Camilla Pupa, diretora da Cedan.
Na sequência, a bailarina Ana Cristina Marzagão, professora de consciência corporal do método Ivaldo Bertazzo, abordou o flamenco. Ela possui aperfeiçoamento em Sevilla e participou de espetáculos internacionais com a presença de artistas brasileiros e espanhóis como Antonio Canales, Inmaculada Ortega e Pedro Córdoba.
O workshop de sapateado com Charles Hoofer encerrou a programação. O coreógrafo acumula primeiros lugares em grandes festivais, entre eles Joinville, Passo de Arte, Festidança, Litoral em Dança e Chicago Human Project. Hoofer é cocriador do projeto Brazilian Roots, vencedor do Chicago Human Rhythm Project (2008).
TROCA DE EXPERIÊNCIAS – O PiraDança dá liberdade para que os bailarinos se aventurem em diferentes estilos, mesmo aqueles que aos quais não estão habituados. “Acho maravilhoso ver bailarinos clássicos dançando hip hop. Toda dança tem algo a acrescentar para a consciência corporal”, afirma Adriano Mendes.
Para Camilla, o PiraDança é uma oportunidade de os bailarinos ampliarem sua formação. “Trazemos escolas de grande tradição, que representam outras formas de ver as técnicas desenvolvidas em Piracicaba”, diz a diretora da Cedan. “O bailarino da atualidade é completo e precisa do máximo de informação possível”, completa.
O bailarino Mateus Feliciano acredita na importância de manter a cabeça aberta para as contribuições dos diferentes estilos. “O PiraDança nos faz sair da rotina, abre novos horizontes e nos motiva a buscar sempre mais”, afirma. Para a professora de balé, flamenco e sapateado Débora Zambello, as aulas ensinam mais que técnicas de dança: “Aprendi novas maneiras de ensinar, de comunicação com os alunos”.

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