Cantora Julia Bosco interpreta faixas de Tempo no projeto Quintas de Canto, no dia 18/4, às 20h no Sesc Piracicaba.
O oficio de cantar sempre esteve na essência de Julia Bosco. Foi o tempo que transcorreu em favor do destino e possibilitou que a cantora chegasse em seu primeiro disco, não por acaso, chamado Tempo. A produção independente pilotada por Plínio Profeta e Fabio Santanna – que assina sozinho quatro das 13 faixas e outras nove em parceria com Julia – foi gravada em 2011 com as luminosas presenças de Marcos Valle e João Bosco.
Tempo é o “instantâneo” particular da cantora. Um CD desencanado que absorve cores da MPB, do pop, do soul e de outros balanços sem caber, necessariamente, numa única classificação. O disco não tem ambição de ser completo, definido; ao contrário, é aberto, permeável. Pessoal mas também transferível.
Fotografias de seu cotidiano com os filtros vários que a música proporciona à artista desde o violão atávico de seu pai, João Bosco, expoente da moderna música popular brasileira, até o canto profundo de Nina Simone, das divas do jazz e da soul music, da voz soberana de Gal Costa, das performances definitivas de Björk e Amy Winehouse e de sua itinerância pelo samba e pelas músicas pop e latina.
O disco nasceu do zero, sem prévia pesquisa de repertório, sem rígidas estruturas conceituais. As canções surgiram naturalmente, a quatro mãos, assim Tempo se fez um disco autoral, de música contemporânea, de uma cantora jovem que durante toda a vida, represava, sem saber, memórias, gostos e gestos que agora cosem o álbum.
O Disco
“Desavisados”, o abre-alas, é literalmente a (louca) história de amor de Julia e Fabio Santanna, o produtor do disco e marido da cantora. Da flechada inicial, a audição segue, literalmente, para a praia de Marcos Valle, com a bossa-funk-soul “Curtição”, que nasceu como singela homenagem ao astral e à levada carioca do artista, fundamental nas formações do casal. O próprio Valle assume os vocais, incluindo a citação de um ‘rap’ improvisado e o piano Rhodes da ‘sua’ faixa.
“Na oração” evoca com delicadeza a ancestralidade de Julia, inspirada por uma viagem que fez à Turquia com os pais. Timidamente, depois de alguns rodeios e sondagens, respirou fundo e convidou seu pai para fazer parte do afoxé tradutor dessa lembrança. Uma prece bordada pelas cordas de ouro do violão de João Bosco é o resultado desse encontro. Outro momento reflexivo aparece sutil em “Dia santo”, com chamada à capella para exaltar a religiosidade que a artista encontra no candomblé.
“Confusão” e “Play a fool” são duas que Fabio, inspirado por leves desencontros com a mulher, dedica a ela. A primeira, concebida como um bolero, vestiu-se de pop no estúdio. A segunda, um momento jazzy em que Burt Bacharach visita o Caetano de Transa, cuja célula, embalada em quarteto de cordas, ecoa leve na memória desde a primeira vez. Já em “Angel” é Julia quem canta o marido, experimentando um registro mais baixo que o seu habitual.
A história do disco desponta à medida que a audição avança. Tempo transcorre sem enigmas, sem labirintos. Soa natural, acolhedor. Como se nos colocasse em seu sofá a voz de mezzosoprano que percorre, confortável, o disco inteiro. “Mesmo princício”, é uma balada que vem nesse clima, assim como “Tudo sempre”, esta, com clara respiração de Cassiano, outra influência absorvida pela dupla.
“Carta para uma amiga” continua o enredo com ares de new bossa, perfeito para caber num passeio de bicicleta em dia ensolarado, como sugere a letra. “Mutantes” e “Tudo bem” com levadas rítmicas marcantes – a primeira, um samba e a segunda, uma salsa – envolvem também o canto de Julia e Fabio em dueto.
Impulsionada pelos versos de “Tempo” (“seja paciente, seja breve”), Julia percebeu que era hora de cuidar da sua vontade de cantar sem contradição com a vida que levava. Escolheu essa balada rock para batizar e encerrar o disco em vibração positiva, entoando que “ainda há tempo”, numa espécie de elo entre a concepção e a realização de um desejo.
Data: dia 18 de abril, quinta, às 20h.
Sesc Piracicaba
Endereço: Rua Ipiranga, 155 – Centro
Local: Comedoria
Classificação: Livre para todos os públicos.
Entrada Gratuita
Acesse o portal para mais informações sobre a programação – www.sescsp.org.br/piracicaba
Tel: (19) 3437-9292
*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.
Fonte: Assessoria de Imprensa/SESC