Chega aos cinemas nacionais mais uma produção que tem como público alvo os adolescentes, que cada vez mais vem demostrando que suas escolhas e desejos são vistas com extremo cuidados por diversos setores. Um deles claro é a industria cinematográfica que está muito atenta à toda essa tendência e por consequência as mudanças constantes de gostos desses jovens. Nesse embalo estreia o romance Amor Sem Fim, longa baseado na produção de 1981, a qual foi realizada por Franco Zeffirelli – sendo uma adaptação do livro homônimo de Scott Spencer, lançado em 1979.
Romance sempre foi tema de inúmeras produções maravilhosas, que poderíamos citar muitas aqui, mas por contrapartida também foi responsável por desastres memoráveis. O longa Amor Sem Fim, se enquadra perfeitamente na segunda opção, devido suas escolhas falhas, má construção de personagens e de toda sua trama, mesmo que se sustente por um tema que costuma atrair olhares dos mais apaixonados pelo gênero, ele não traz novidade alguma se tornando extremamente previsível e massante. Os temas abordados no longa, teoricamente, se enquadram nos dias atuais aonde se aflora cada vez mais as diferenças financeiras, mas o que poderia ser à ponta chave para ganhar seu público acabou sendo na verdade o estopim de uma péssima escolha, soando como fora de época completamente.
É de conhecimento geral, que os jovens atuais estão cada vez mais carente de novidades quando se trata deste gênero, que já foi escrito e reescrito de diversas formas possíveis, desde aventuras e romances com vampiros à dramas mais maduros como o recente sucesso mundial “A Culpa é das Estrelas”. Se engana aqueles que pensam que desenvolver um história com fundo romântico é tarefa das mais fáceis, diversos elementos podem contribuir para o fracasso. Muitas jovens sonham em encontrar seu esperado amor para toda vida, ou o amor verdadeiro, algumas inclusive chegam a fazer planos para tal momento, mas sabemos que nem sempre a realidade das nossas vidas são as mesmas de nossos sonhos. Por isso, o grande segredo para o sucesso quando se trata de um romance nas telonas é eliminar essa abordagem de “amor à primeira vista” e focar todo seu desenvolvimento em uma abordagem mais madura e coesa, chegando dessa forma mais próximo da realidade.
O roteiro escrito pela dupla Shana Feste (Em Busca de Uma Nova Chance) e Joshua Safran (série “Smash”) vai na contramão dessas ideias e faz a pior escolha possível, assim como no longa original, em focar em uma história pouco convincente. Por se tratar de um longa baseado em outra produção (1981), fica impossível entender o porque de sua realização, sendo que este não traz nada de novo nem atualiza a história para os dias atuais, muito pelo contrario fica preso aos mesmo erros do original. A trama envolvida no longa soa como algo que você com certeza já viu em outro lugar, Jade Butterfield (Gabriella Wilde) é uma jovem superprotegida pelos pais, que aparenta ter um futuro brilhante pela frente. Apesar de sua beleza cativante ela é uma garota bastante reclusa, que não interagi com ninguém em seu colégio, ficando restrita sempre a festas familiares. Mas um amor pouco provável promete mudar sua vida, quando se apaixona perdidamente por David Elliott (Alex Pettyfer), um jovem mais humilde que tem um passado conturbado. Quem não gosta desde o início desse relacionamento é seu rígido e teimoso pai, Hugh (Bruce Greenwood), que recomenda cautela à filha. Se entregando de corpo e alma nesta relação a jovem vai lutar contra o preconceito de sua família para conquista seu amor David.
Com uma sinopse que revela todo o filme, e tudo que vai acontecer de forma cronológica, o longa acaba perdendo ainda mais prestigio, por não surpreender em simplesmente nada, nem mesmo nas tentativas, falhas por sinal, de trazer sentimento ao par romântico. Com uma dupla de personagens que pouco encanta e tão pouco tem algum carisma, devido sua péssima construção de personagem, temos a jovem Gabriella Wilde, que vive Jade Butterfield, que encanta pela sua beleza física e seu sorriso fácil, mas seu personagem não ajuda nem um pouco a atriz que tenta conduzir da melhor forma possível, sem conseguir infelizmente. Do outro lado do romance está o ator britânico Alex Pettyfer (conhecido por trabalho em “Magic Mike” e “Eu Sou o Número Quatro”) que nitidamente não se encontra confortável em seu papel. Fica difícil entender porque de sua escolha, não por ser um ator limitado, pelo contrário, mas sim pela falta de sintonia com seu personagem, o que compromete todo o desenvolvimento e afinidade com o par romântico.
O longa, que não consegue construir uma linguagem própria, acaba caindo no erro de se utilizar de diversos clichês já existentes no gênero, o que prejudica ainda mais o desenvolvimento da trama, e para piorar ainda mais a dupla de roteiristas não contente, caminha sem rumo passando por diversos momentos dos personagens, seja o drama, à briga, o romance, o acidente, o suspense, o terror, a superação, ficando dessa forma evidente a tentativa de agradar à todos, além de trazer tudo aquilo que eles possuem de referência em torno do gênero, o que faz com que a história fique diversas vezes sem rumo e perdida no caminho que ela pretende seguir.
Amor Sem Fim, sem dúvida é mais uma tentativa falha de tentar explorar o Romance de forma série e madura, que apesar de estar em alta é um gênero que já está bastante saturado, o que dificulta trazer algo novo para um tema que já foi explorado e continua sendo explorado de diversas formas possíveis. Erro que muitas produções ainda vão cometer, tendo em vista, que a maioria dos filmes com temática romântica não tem conseguido inovar e trazer uma nova roupagem para o gênero.