Crítica do filme A Culpa é das Estrelas

The Fault in Our Stars-Official Poster Banner PROMO NACIONAL-22JANEIRO2014A Culpa é das Estrelas
Direção.: Josh Boone
Roteiro.: Scott Neustadter e Michael H. Weber
Gênero.: Drama, Romance
Distribuidora.: Fox Filmes
Elenco.: Shailene Woodley, Ansel Elgort, Nat Wolff, Laura Dern, Sam Trammell, Willem Dafoe e mais.

Avaliação
(4/10)
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Inspirado em eventos mais que reais, o romance dramático A Culpa é das Estrelas chega aos cinemas trazendo uma abordagem bastante descontraída com personagens carismáticos e uma linguagem bastante jovem, o que não compromete em nada o tom maduro que história necessita, o que de certa forma, aproxima os mais novos de problemas que infelizmente, mesmo que não aceitemos, podemos passar ao longo de nossas vidas.

Poucas produções conseguem lidar com temas tão atuais de forma convincente, méritos devidos ao jovem escritor John Green, que vem conquistando uma fatia considerável de jovens leitores ao longo de seus recentes lançamentos. Talvez seja esse um dos motivos que fizeram um grande estúdio, no caso a Fox, adquirir antes mesmo do livro ser comercializado, os direitos para adaptação. O livro é inspirado na história real de Esther Earl, que ainda jovem, com apenas 12 anos de vida, foi diagnosticada com um câncer na tireoide. Não se deixando abater pela doença, que quatro anos após à descoberta não lhe poupou a vida, dessa forma, se dedicou à viver da melhor forma possível, demonstrando para todos uma personalidade única, a julgar pela sua pouca idade, o pouco tempo que viveu junto aos seus familiares, incentivou estes a criarem a instituição destinada a ajudar os familiares de crianças portadoras de câncer.

A Fault In Our Stars

O longa que aborda de forma divertida e alegre um tema pesado como o câncer, consegue em muitos momentos trazer boas piadas e momentos de risos, algo que se difere do que muitos imaginam, pois a trama tenta abordar de forma bastante descontraída todo o drama que é apresentado no inicio do longa, e que claro apavora milhares e milhares de pessoas. Porém fica evidente que ao falar de doenças crônicas e degenerativa, no caso o câncer, muitas pessoas tendem a se sensibilizar facilmente com toda a ambientação, sendo levando as vezes facilmente as lágrimas. Mas o que vemos em A Culpa é das Estrelas é uma abordagem bastante diferente, visando todos seus esforços em trazer uma narrativa muito sutil e divertida, aonde em momento algum o longa tem a pretensão, como a vivida por diversos espectadores, de forçar situações aonde o público terminam a sessão aos prantos. Muito pelo contrario, toda produção é construída de forma harmonicamente para trazer exatamente o contrario disso, a trilha sonora, fotografia, roteiro, os próprios personagens e ainda toda narrativa são desenvolvidos sem a intenção de ser um melodrama, algo que contradiz com a sensação e elogios pós-filme, aonde muitos saem da projeção extremamente emocionados. Sim podemos dizer que o longa é um drama, porém analisando os aspectos mencionados anteriormente podemos afirmar que se realmente esse longa e essa história tem como foco causar um dramalhão, então sua construção inteira esta errada, o que poderia vir a prejudicar ainda mais o filme.

O roteiro adaptado pela dupla Scott Neustadter e Michael H. Weber acompanha, assim como o livro, o ponto de vista da protagonista em questão Hazel Grace (Shailene Woodley), o que traz a história uma abordagem muito interessante, ambientando o público em universo adolescente que visa deixar de lado sua doença e seus desprazeres, para focar seus esforços em aproveitar o real sentido da vida, que além do amor é viver a vida da melhor forma possível e aproveitar os últimos dias de suas vidas. Mas claro que inicialmente Hazel se conforma com o seu destino, devido todos os problemas que passou mesmo sendo tão jovem, sendo controlada por uma nova droga experimental e vivendo sob os cuidados de seus pais. No entanto toda essa tragédia tem uma grande mudança quando Hazel encontra Augustus (Gus) (Ansel Elgort) durante as reuniões de um grupo de apoio a jovens com câncer, um dos poucos lugares que Hazel frequenta, pois devido a sua grave doença fez com que sua socialização fosse reduzindo gradativamente na mesma  proporção em que a doença avançava, deixando seus estudos para traz e passando boa parte do tempo em casa, assistindo televisão. Mas apesar de uma morte iminente, a jovem não se deixa abater tão facilmente com seu estado, neste ponto que Augustus se sustenta – em instigar ainda mais esse lado da garota. Ele, que também vive seu drama pessoal com um câncer no osso que o fez amputar à perna, é responsável pela grande mudança no cotidiano de Hazel, mostrando que a vida vai muito além do nosso campo de visão aonde devemos aprender com nossas dificuldades e seguir em frente sempre. Ao decorrer, a trama, somos jogados em um universo de jovens com doenças terminais, e tudo acaba se tornando cada vez mais previsível, e fica cada vez mais evidente que ambos iram se relacionar de alguma forma. Mas essa paixão é trabalhada de forma coesa, sem pressa alguma de acontecer sendo intercalada de medos, anseios e dúvidas, o que torna mais interessante do relacionamento de ambos é a forma como estes expressam o amor um pelo outro, sem nunca caírem para o lado meloso da maioria dos relacionamentos adolescentes aonde frases como “Eu vou amar você sempre” e “Nosso amor nunca vai acabar” são usando com muita frequência.

A Fault In Our Stars

John Green se mostra bastante respeitoso com sua criação de personagens, aonde busca trata-los de forma convincente, buscando não focar sua narrativa em dramas desnecessários, o que vemos aqui são jovens que após serem diagnosticados com doenças que irão mudar suas vidas, decidem aproveitar cada segundo de suas vidas como se fossem o último. Alguns momentos do filme nos faz lembrar de “Curtindo a Vida Adoidado”, só que em um situação diferente aonde de fato decidem deixar a doença de lado curtindo todos os momentos e passando por situações que eles nunca imaginavam passar. Em nenhum momento da trama, ele foca ou enfatiza a doença como um problema, muito pelo contrário, ela(doença) apenas está ali, e sabemos pois fomos apresentado nos minutos iniciais, o desenrolar da história foca nas buscas desses jovens em aprender a viver a vida e não na cura da doença ou problemas causados por ela. Porém, o longa peca em trazer uma história que, mesmo que empolgante, cativante e divertida, acaba perdendo força ao longo da projeção, devido a sua linearidade e seu tema já explorando de diversas formas.

Em seu segundo trabalho como realizador/diretor de longas-metragens, havia dirigido apenas o drama “Ligados Pelo Amor” de 2012, Josh Boone consegue entender perfeitamente todo universo à qual ele irá conduzir. Com uma direção bastante focada em narrar com cenas toda a trama, ele se beneficia de uma escolha acertada da produção em quase todos os departamentos. Um dos destaques fica para escolha de todo o cast, talvez em seu melhor trabalho, depois da série “A Vida Secreta de uma Adolescente Americana” até o momento, à estrela do recente longa “Divergente”, Shailene Woodley, encanta em seu personagem. Claro que boa parte do mérito fica para própria criação do personagem, mas Woodley consegue trabalhar de forma bastante convincente explorando ao máximo todos os sentimentos por quais Hazel passa, desde seu momentos mais sombrios cheios de dúvidas, inseguranças e dramas, aos momentos descontraídos e alegres mostrando um amor bastante agradável de se ver. Ela conta ainda com suporte do jovem ator Ansel Elgort, que apesar de poucos trabalhos até o momento, vem se tornando uma grande promessa.

A Fault In Our Stars

Em A Culpa é das Estrelas, vemos que interpretar um livro/texto de forma diferente da que o autor propôs é compreensível, pois se utiliza da imaginação e referencias de cada um de seus leitores, por isso, muitas das vezes nos deparamos com diversas visões de um mesmo texto/história. Por outro lado, normalmente qualquer meio audiovisual não ser compreendido de uma forma clara, pode ser considerado algo grave, pois somos forçados a ver aquilo que o diretor, roteirista e produção como um todo, pretende mostrar e expressar. Claro, que nossas referencias também influenciam nessa visão, porém, quando um filme nos mostra algo alegre e divertido e seu efeito é contrário aquilo proposto, fica a dúvida de que se realmente o longa conseguiu passar sua mensagem inicial. A Culpa é das Estrelas, em nenhum momento tem como foco causar um desconforto ou ter um apelo emocional, muito pelo contrário, é um filme com uma auto estima alta, que fará você aprender a lidar e superar seus problemas, qualquer um que seja eles.

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