Projeto de performances coletivas urbanas “Tríade Móbile” estreia na Caixa Cultura RJ

De 23 a 29 de novembro, o Rio de Janeiro recebe pela primeira vez Tríade Móbile, na Caixa Cultural, série de performances coreográficas urbanas de curta duração desenvolvido pelo núcleo de pesquisas e criação em performance e dança sediado em São Paulo Tríade, formado Adriana Macul, Laura Bruno e Mariana Vaz.

O projeto, já realizado em São Paulo e Recife, dá sequência às pesquisas da interação corpo-cidade em diversos formatos artísticos que o grupo vem fazendo desde 2010. A partir da pergunta-provocação “como ocupo a cidade?”, a construção, modo de vida e uso – a “performance cotidiana” – das  cidades e seus  territórios específicos são observados e discutidos em “laboratórios” reunindo o público inscritogratuitamente pelo site www.triademobile.com.br – sejam eles artistas e estudantes das artes cênicas, visuais e dança, arquitetos ou interessados em geral  – e um urbanista, e transformam-se em performances coletivas que lhes dão significado ou resignificam.

Os trabalhos são divididos em três etapas: os laboratórios públicos “Coletar” e “Fiarnos dia 23 e 24, sábado e domingo, “Tecer”, as performances propriamente ditas, de terça a domingo, 23 a 29, duas por dia, uma às 11h  e outra às 16h. As performances da tarde têm locais já definidos (informação no serviço), já as de manhã  serão feitos em locais a serem decididos nos laboratórios.

Orientado por Adriana Macul, Mariana Vaz, Laura Bruno e Carolina Nóbrega (artista convidada), com a colaboração do urbanista Sílvio Oksman, no laboratório “Coletar”, dia 23, sábado, o público inscrito reunirá impressões sobre as especificidades do território em questão: sua arquitetura, usos, fluxos, topografia, geografia, personagens, memórias, sensações, etc.  No laboratório seguinte, “Fiar”, no domingo, os conteúdos levantados sob as diferentes óticas e referências dos participantes serão compartilhados e resultarão nas propostas dos oito móbiles, as performances a serem realizadas ao longo de semana, do dia 26 a 29, de terça a domingo, que caracterizam a última etapa, “Tecer”. Nessa operação, cria-se outra camada de participantes: os próprios transeuntes desavisados que circulam pelo local e observam as cenas.

Mariana Vaz comenta a experiência: “Em Recife, criamos um móbile que  tem nos instigado muito, o ‘[CTV] – Cartocoreografia de Territórios Vivos’, feito depois também em São Paulo, em agosto, e que pretendemos realizar em alguns lugares no Centro do Rio”.

Mariana Vaz comenta duas das diferentes performances feitas em Recife: “Em uma delas fizemos um móbile que chamamos de ‘Peixes Coro’. Cinco pessoas, em uma atitude cotidiana, mas em uma ação não-cotidiana, carregaram peixes dentro de sacos, cada saco eu um mão, comprados na beira do mangue. Os peixes em trânsito eram exibidos naqueles saquinhos transparentes, atravessando a cidade, em direção ao mar.  As pessoas paravam, observavam, tiravam fotos….Chegamos ao mar, mas em contradição essencial:  se os soltássemos ali no mar,  morreriam.  Um casal assistiu atentamente o final da ação: a chegada do grupo à beira mar, o pender dos peixes em sacos sobre o mar, o joga-não-joga e o regresso. O homem aproximou-se, curioso. ‘O que é isso?’, queria saber. Tentamos acolher a curiosidade, mas não explicar – ‘O que você acha?’. E ele – “Hmmm, é bonito…. “. E depois de um tempo, continuou: “a gente é meio assim, como esses peixes no saquinho, né? “.

“Outra aconteceu no meio da feira livre em frente ao Mercado de São José, um dos espaços mais populares da cidade. Usando fita crepe e giz branco delimitamos cada um dos espaços ocupados por vendedores, compradores, gente conversando, esperando, crianças brincando, camelôs, automóveis, engraxates, afiadores de facas, motos, famílias em passeio, bicicletas, etc… Depois de reconhecidos e delimitados, interagimos com os espaços e com os que o usam, ocupam-no.  Por meio das divisões e organizações plásticas delineadas, novas coreografias – as performances cotidianas – do tecido urbano, como sentar e esperar, falar ao telefone, engraxar, vender e comprar ganharam visibilidade e, portanto, outros contornos e até outros nomes ou legendas. O ‘espaço vazio’ do asfalto, entre uma calçada e outra, ganhou novos desenhos”, completa ela.

Mais sobre o Núcleo Tríade

O grupo formado por Adriana Macul, Laura Bruno e Mariana Vaz, nascido em 2007, surgiu a partir do desejo de viabilizar projetos híbridos, colaborativos e independentes que tenham por premissa que o tipo de relação que se estabelece entre o trabalho artístico, sua viabilização e inserção no mercado da arte estão implicada na própria forma em que a arte se manifesta e expressa.

O trabalho vem ganhando apoio de importantes editais e fomentos à dança do país, o Prêmio pelo Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo, Prêmio Funarte Klauss Vianna, PROAC de Pesquisa em Artes Cênica, PROAC de Formação e Difusão Cultural e Ocupação Caixa Cultural.

Dois eixos de investigação movem o núcleo, sendo o primeiro a série Móbile. O outro é o CORPOPOPCORPO, que consiste na articulação da dança com o meio em que é produzida. Investiga a relação entre arte, mercado e consumo, especificamente a relação da dança com cultura de massa, sendo a apropriação central como um procedimento crítico de criação. A coreografia Corpo Diva, realizada em colaboração com o Grupo Movi, e a pesquisa CORPOPOP são as criações que resultaram desse eixo.

Programação

Laboratórios públicos reunindo o público inscrito na site, as curadoras e o urbanista Silvio Oksman

  • Dia 23, sábado – “Coletar” – Caixa Cultural Rio, das 13 às 19hs
  • Dia 24, domingo – “Tecer” – Caixa Cultural Rio, das 13 às 19hs

Performances

As performances da manhã terão locais e conteúdos divulgados no site no dia 25

  • Dia 26, terça – 11hs – Local a ser definido nos laboratórios
    16hs – Caixa Cultural ou Largo da Carioca
  • Dia 27, quarta – 11hs – Local a ser definido nos laboratórios
    16hs – Praça Quinze
  • Dia 28, quinta – 11hs – Local a ser definido nos laboratórios
    16hs – Rua da Quitanda
  • Dia 29 – sexta – 11h – Local a ser definido nos laboratórios
    16h – Caixa Cultural ou Largo da Carioca
SERVIÇO
Projeto Tríade Móbile
Data: 23 a 29 de novembro
Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Sala 1
Endereço: Av. Almirante Barroso, 25 – Junto à estação do Metrô Carioca – Rio de Janeiro
Tel: (21) 2544-4080
Preço: Gratuito
Capacidade: Laboratórios: 40 vagas l Perfomances: não há limite
Classificação: Laboratório: 14 anos l Perfomances: livre
Inscrições gratuitas pelo site www.triademobile.com.br

*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

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