Alunos de Iniciação Teatral do Cefar apresentam montagens no Teatro Ceschiatti

Em novembro Teatro João Ceschiatti recebe montagens das três turmas do Curso de Iniciação Teatral do CEFAR, que encenarão peças inéditas criadas ao longo do ano, em parceria com os professores.

Segundo Patrícia Avellar, diretora de ensino e extensão do CEFAR,uma das maiores vantagens em se estudar teatro em um espaço múltiplo como a Fundação Clóvis Salgado é o contato direto com espaços culturais de ponta, como o Grande Teatro e o Teatro João Ceschiatti, em que os alunos podem apresentar o resultado de seus processos artísticos, desenvolvendo familiaridade com o palco e com o grande público. “Nesses equipamentos, nossos alunos absorvem, associam, analisam e discutem os mais ricos conteúdos artísticos, numa troca real com mestres, artistas, pesquisadores, sonhadores e realizadores”, ressalta Patrícia Avellar.

Um dos pilares do Curso de Iniciação Teatral do CEFAR é a construção coletiva das montagens. Os alunos são convidados a participar do processo de maneira propositiva, autônoma e autoral.

A partir dessas diretrizes, a turma do Nível Básico, para crianças de 9 a 12 anos, criou o espetáculo “Era uma vez… Uma nova vez!”, sob a coordenação da professora Christina Fornaciari. A montagem contextualiza a obra Cinderella, de autoria dos irmãos Grimm, no mundo contemporâneo, propondo reflexões sobre os tempos de hoje e de outrora a partir de uma linguagem moderna, ressaltada pela trilha sonora que possui ritmos que vão do pop ao funk.

Já o espetáculo “#SomosQuemQueremosSer” foi criado pela turma de Nível Intermediário, sob a coordenação do professora Letícia Castilho, que contempla alunos de 12 a 15 anos, e apresenta um mundo utópico onde não há pais e a expectativa de vida é de apenas 18 anos. Nesse mundo, altamente virtualizado, os habitantes vivem sem regras e comem o que querem, além de dormir e acordar quando bem entendem. O novo estilo de vida, entretanto, tem consequências. Nesse sentido, o espetáculo se estabelece como uma reflexão crítica de pré-adolescentes e adolescentes sobre o lugar e as condições em que vivem.

Essa dimensão crítica se torna ainda mais forte na peça ‘Yandé e Rosalinda’, desenvolvida pela turma do nível avançado, sob a coordenação do professor Danilo Curtiss, formada por alunos entre 15 a 18 anos. O espetáculo é uma livre adaptação para o Nordeste brasileiro, do clássico ‘Romeu e Julieta’, de William Shakespeare, sobre a conflituosa relação entre indígenas e latifundiários.

Para Letícia Castilho, coordenadora do Curso de Teatro do CEFAR, como o teatro é um espaço de experimentação e de troca, todo o processo é construído coletivamente. “À medida que os alunos são incentivados a refletir a respeito do seu cotidiano, eles desenvolvem um pensamento crítico surpreendente e fazem belas conexões, como é o caso da turma do avançado, que trabalha ao mesmo tempo Shakespeare e os conflitos em torno da construção da Usina de Belo Monte, no Pará”, afirma Letícia Castilho.

Formação em três níveis – O Curso de Iniciação Teatral do Cefar é dividido em três níveis: básico (9 a 12 anos), intermediário (12 a 15 anos) e avançado (15 a 18 anos) e cada um tem duração de um ano. São comuns a todos os níveis as aulas de interpretação/improvisação, expressão vocal e expressão corporal.

Em 2013, para preencher a lacuna entre o nível intermediário e o curso profissionalizante, foi criado o ‘nível avançado’,com mais duas disciplinas: História do Teatro e Teoria Teatral, para alunos de 15 a 18 anos.‘Yandé e Rosalinda’ já é fruto do trabalho da primeira turma de nível avançado.