O artista goiano Márcio Mendanha de Queiroz, o Kboco apresenta sua nova mostra em Curitiba, entre os dias 17 de outubro e 16 de novembro. A exposição individual reúne obras produzidas especialmente para a mostra em Curitiba e conta com apresentação do crítico e professor da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Felipe Scovino.
Kboco nasceu em Goiás, reside e trabalha em São Paulo desde 2005, mas é como se não tivesse endereço fixo. Suas referências artísticas, das culturas pré-colombiana, egípcia e árabe, vêm todas de lugares por onde ele já passou. Além de buscar essas influências, o artista também costuma viajar para interagir com o ambiente local. Em Porto Alegre (RS) e Olinda (PE) ele moraria por um mês, acabou ficando um ano. Outros destinos no Brasil foram Salvador, Vitória e, é claro, São Paulo, além de Chile, Alemanha, Espanha e Estados Unidos. As influências árabes, por exemplo, ele adquiriu em Andaluzia, região da Espanha que tem forte tradição da cultura desse povo.
Para Scovino, as obras recentes de Kboco revelam cidades que apresentam uma arquitetura em trânsito, um dinamismo frenético da urbanidade, possuindo não só a visualidade da rua, mas também o cheiro, as contradições e belezas desse espaço. “É uma obra em andamento. Nosso olhar se perde, é multidirecionado e, assim, avistamos as inúmeras avenidas, prédios, casas e parques que compõem essas telas. Como uma planta baixa, suas pinturas sobrevoam uma cidade imaginária constituída por inúmeras referências, que variam desde fabulações a indícios de arabescos, torres, portais, pórticos e fachadas”, comenta o crítico.
Essa presença de urbanidade nas obras vem desde as primeiras experiências artísticas de Kboco. Na adolescência, ao mesmo tempo em que grafitava nos muros de Goiânia, ele fazia suas pinturas em telas. Mas, ainda de acordo com Scovino, seria muito superficial afirmar que Kboco é um artista que tem o graffiti como base de sua formação, não que isso esteja completamente errado, mas para o crítico a ideologia e o olhar do artista se conectam com uma qualidade muito especial de produção entre arte e rua, que o colocam mais próximo dos muralistas mexicanos, no sentido de ter o compromisso de instituir a cidade como um painel ou mesmo um manifesto sobre as desigualdades sociais. Kboco corrobora essa opinião, não gosta de rótulos, prefere ser chamado de artista plástico. “Para cada tipo de mensagem é necessário um suporte diferente e eu tenho coisas pra falar nos dois. Um não é mera repetição do outro, eles se complementam. Então por que trabalhar com inúmeras linguagens e ser lembrado apenas por um?”, questiona o artista.
Em sua exposição em Curitiba, Kboco apresenta além de pinturas, uma instalação em madeira, um mural na fachada da SIM e uma intervenção no cubo branco da galeria. As intervenções artísticas de Kboco criam uma continuidade das obras nas paredes, extrapolando os limites das telas e dialogando com o espaço. “A parede não é apenas a matéria que sustenta as obras, mas o seu suporte, a tela colocada sob a cidade, a própria obra”, complementa Scovino.
Apresentação: Felipe Scovino
Artista: Kboco
Data: 17 de outubro a 16 de novembro. De segunda terça a sexta-feira das 10h às 19h. Aos sábados, das 10h às 18h
SIM Galeria
Endereço: Al. Presidente Taunay, 130A – Batel
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