A montagem do texto do espanhol Fernando Arrabal que estreia no Teatro Poeirinha, dia 3 de outubro,é um projeto idealizado pelas atrizes Ana Fazza e Nathália Garcez há alguns anos, está ancorada sob a ótica do inconsciente, do onírico, do absurdo. E é nessa dimensão que se encontram as personagens, em um mundo desconfigurado. Fando e Lis são peregrinos, órfãos e sem abrigo, vagueando perdidos pela estrada que os levam a Tar, acreditando que finalmente encontrarão a felicidade. Porém, eles voltam sempre ao mesmo lugar, sem sequer ter a consciência de que o que os afasta de Tar não é uma distância geográfica, mas as dores, as amarras e violências. A peça encenada por Ana Fazza, Leo Hinckel e Natália Garcez conta com iluminação de Jorge de Carvalho, cenário de Paula Cruz, figurino de Flávia Costa e ficará em cartaz de quinta a domingo até o dia 1º de dezembro.
Em Fando e Lis, o personagem Fando empurra a sua amada Lis, que é paralítica, numa cadeira de rodas a caminho de Tar. Fando está preso a acessos de extrema violência e, num seguinte instante, com uma evidente sinceridade, ele ama Lis profundamente, mas ao mesmo tempo ela irrita-o por ser para ele uma pesada carga. Mesmo assim, Fando procura diverti-la tocando em seu tambor, e cantando a única canção que sabe, a canção da pena.
O casal encontra um trio de personagens – Mitaro, Namur e Toso – que carregam um guarda-chuva permitindo por uma distância perante este drama e acrescentam um toque de “ligeireza”, surrealismo e uma comicidade inquietante. Eles também estão a caminho de Tar. Assim como Fando e Lis, parece quase impossível que estes personagens encontrem o seu destino, pois, em vez de chegarem a Tar, ficam sempre rodando em torno do ponto de partida. Tar, o local onde a dor, a doença, a dúvida, o frio desaparecerão. O paraíso. Afinal, algo que todos procuramos… ali tudo será diferente.
“Nos atemos ao que julgamos transcendente na dramaturgia do Arrabal: a atemporalidade do discurso, a ambiguidade das relações humanas e a força com que ele ainda ecoa nos dias brutos de sempre. O texto foi escrito em 1955, quando o autor tinha apenas 23 anos. Optamos por transcender o contexto político da época em que o texto foi escrito e a inerente relação de gênero contida nele. Buscamos imprimir à montagem perplexidade e crueza na relação entre os personagens, dilatando suas contradições e hiatos” – Viniciús Arneiro.
Estreia: 03 de outubro
Temporada: Até 01 de Dezembro de 2013
Horário: Quinta a sábado às 21h e domingo às 20h.
Teatro Poeirinha
Endereço: Rua São João Batista, 104, Botafogo
Tel: 21. 2537-8053
Valor: 30,00 / 15,00
Capacidade: 60 lugares
Duração: 60 min.
Classificação: 12 anos
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