O artista pernambucano, Mozart Guerra, radicado em Paris, apresenta suas obras “animalistas” entre os dias 03 a 07 de abril no stand da galeria Klaus Steinmetz Contemporary, durante a edição de 2013 da SP-Arte, no Pavilhão da Bienal.
Impossível passar em frente a um trabalho esculpido por Mozart Guerra e não permanecer com os olhos fixos ali por um bom tempo. Há sempre uma imagem forte carregada por uma mensagem intrigante, uma crítica. E desde que ele começou a se dedicar a escultura foi assim.
Numa primeira fase de sua trajetória, os trabalhos eram marcados pela criação de corpos humanos opulentos que ganhavam características realistas através da seleção das cores da pele a do molde da expressão dos personagens.
De 2004 para cá, sua identidade como escultor passou por uma transformação. “Atualmente ocorre o inverso. As formas são realistas, mas estão cobertas por um tratamento pictórico imaginário e com um grafismo que distância essa forma da realidade”, explica acrescentando que hoje o molde de animais se impõe em seu trabalho. “Em ambas as fases eu associo sempre realismo e fantasia”.
A técnica e materiais que ele utiliza são praticamente os mesmos: poliestireno (isopor) ou a espuma de poliuretano expansiva para dar a forma. O que mudou foi a maneira de cobrir cada peça. Saiu o papel pintado e entraram as cordas coloridas. “São uma nova ‘pele’ que recobre as minhas esculturas até hoje”, diz.
Como caracterizar a obra de Mozart? Em suas próprias palavras, “realizo um trabalho inevitavelmente contemporâneo quando dou uma forma de expressão a materiais criados para outras finalidades. Não se trata de um trabalho de reciclagem, mas de, como diz-se em francês, do détournement do material, ou seja, um desvio proposital de sua utilidade”.
E é exatamente dentro desse conceito de subversão que podem ser enquadrados os trabalhos que Mozat preparou para a SP-Arte 2013. “Será uma irônica montagem sobre a relação ambígua que o ser humano exerce com a natureza. Ao mesmo tempo em que ele a admira , ele a destrói. O jogo de dardos ao alvo será um símbolo frequente nas peças. Uma certa leveza que não esconde o senso critico que eu tento transmitir”, finaliza.
Cada uma das obras que estarão na feira foram trabalhadas em seu atelier em Montmartre, Paris, cidade em que vive há exatas duas décadas e onde começou a dar seus primeiros passos como escultor. No stand da galeria Klaus Steinmetz Contemporary, o público pode conferir – ao lado das criações de artistas como Rolando Cladera e Alex Rodriguez – as obras que passaram pela edição 2012 da ArtRio Fair 2012, na cidade do Rio de Janeiro.
Mozart Guerra
Mozart é pernambucano e tem em sua bagagem a formação como arquiteto, em Recife. Nesta época também fazia cenários e adereços para teatro.
“Não tenho formação artística acadêmica. Aprendi a esculpir no dia a dia. Gosto muito do espontâneo e do minucioso na arte popular latino-americana e do refinamento e precisão da arte asiática”. Ele mantém um elo com suas raízes brasileiras, evitando todo o tipo de clichê. “Nada nacionalista, nem ufanista. Mas sim um apego à arte popular, à historia do país e à arte moderna e contemporânea”.
Mozart Guerra começou a expor, sem galerias, em feiras de arte que divulgavam artistas de forma independente em Paris, como a “Marché d’Art Contemporain de la Bastille” e “MAC 2000” – nesta última recebeu o “Prix du Publique”. Depois disso, foi descoberto por várias galerias na França, Luxemburgo, Itália, Portugal, Canadá e Holanda.
Entre seus principais projetos estão a participação de feiras como “SCOPE Basel 2012″, na Suíça, “Art Paris 2011″, no Grand Palais, e “Art Elysées 2011″, no Champs Elysées, a representação do Brasil na exposição “Latitudes Terres d’Amazonie”, que aconteceu no Hotel de Ville de Paris em 2007, e a parceria de três anos com o renomado designer japonês Yasumichi Morita em trabalhos realizados em Hong Kong, Tókio e Osaka. Em novembro deste ano ele recebe o prêmio “Coup de Coeur du Jury” do “Salon National des Artistes Animaliers” na França.
Data: 03 de abril (somente para convidados), das 14h às 22h (preview) e das 17h às 22h
Abertura: 04 e 05 de abril, das 14h às 22h
06 e 07 de abril, das 12h às 20h
Pavilhão Ciccillo Matarazzo (Pavilhão da Bienal)
Endereço: Parque do Ibirapuera, Portão 3 – São Paulo, Brasil
Preço: R$ 30,00 [inteira] e R$ 15,00 [meia entrada]
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