New Brasil, Bolívia Now das bienais de La Paz e Santa Cruz de la Sierra à produção artística contemporânea brasileira

Com o tema “Perda da inocência”, o Memorial apresenta uma exposição de artistas bolivianos que se destacaram nas bienais de La Paz e Santa Cruz de La Sierra, com abertura em 5 de setembro, uma quarta. País de cultura milenar, a Bolívia sofre o preconceito de que lá só existe o arcaico e o folclorizante. Engano. E o que mostra a produção de artistas como Alejandra Delgado, Oscar Barbery, Roberto Valcarcel, Eduardo Bluebox, Claudia Joskowicz, Ivan Cáceres e Sol Mateo, entre outros (relação completa abaixo). Vale a pena conferir a contemporaneidade da arte praticada no altiplano.

Sob a curadoria de Nícholas Petrus – criador que percorreu a América Latina em “residências artísticas” e que tem como regra receber colegas latino-americanos em seu ateliê, em São Paulo – a mostra chama-se “New Brasil, Bolívia Now”, pois volta os olhos para, talvez, o país latino-americano no qual ocorrem atualmente as experiências mais interessantes nos campo político, social, cultural e artístico.

Neste caso, “perda da inocência” funciona como um conceito de mão dupla, como explica o curador: “De um lado, a maturidade  artística boliviana demonstra sinais de claro avanço e sincronia com a produção contemporânea internacional, deixando para trás estigmas e estereótipos locais. Por outro lado, a nossa inocência frente à arte que se produz no cone sul deve ser constantemente revista pois, ainda hoje, a imagem da arte boliviana é carregada de preconceitos. Esta dupla inocência perdida – da maturidade da arte boliviana e de nosso relativo desconhecimento – nos conduz a uma exposição não apenas ilustrativa ou panorâmica, mas investigativa e crítica.”

O subtítulo da exposição é “Das Bienais de La Paz e Santa Cruz de la Sierra à Arte Contemporânea Brasileira”, pois ela é complementada por artistas brasileiros cujas trajetórias, em algum momento, ou passaram pelo país vizinho ou estão em interação com outros países latino-americanos, como Jonathas de Andrade (Alagoas), Bruno Vilela (Pernambuco), Bettina Vaz Guimarães (São Paulo), Jimson Vilela (Rio de Janeiro) e Paulo Nazareth (Minas Gerais). Isso sem falar na afinidade temática (“perda da inocência”, comum a todos). Por fim, há alguns “infiltrados”, como explica o curador: “São artistas que, independentemente de seu país de origem, foram premiados pelo júri das bienais bolivianas”. Entre eles, o uruguaio Marco Gorgoroso, o alemão Alexander Lorenz e o argentino Lujan Funes.

A exposição inclui pintura, vídeos, fotografias, objetos, intervenções, debates e oficinas. Na abertura, dia 5, a partir das 19h00, haverá uma “ação” da pernambucana Juliana Notari e uma performance do boliviano Galo Coca. Durante a exposição, que coincide em parte com o período da Bienal de São Paulo, haverá uma programação extensa (confira abaixo). Em todos os sábados o curador Nícholas Petrus ficará o dia inteiro (das 9h às 18h) na Galeria Marta Traba à disposição do visitante. Será uma oportunidade única do público visitar a exposição sendo guiado pelo próprio curador da mostra. Além disso, ele poderá dialogar com qualquer um sobre arte contemporânea brasileira, boliviana, internacional, bienal… a pauta é livre.

Programação paralela:

Dia 6 de setembro, quinta-feira, 16h
Debate com o curador Nícholas Petrus e os artistas Juliana Notari (Brasil), Galo Coca (Bolívia) e Alexander Lorenz (Alemanha). 

Dia 6 de setembro, quinta-feira, 19h30
“Existe arte contemporânea na Bolívia?”
Conversa com Roberto Valcárcel (Bolívia) 

Dias 11 e 12 de setembro, terça e quarta, 10h
Vídeo Arte – Ação Urbana e Performance
Oficina de Iván Cáceres (Bolívia)

Dias 11 e 12 de setembro, terça e quarta, 16h
Vídeo Arte – Criação e Projeto
Oficina de Alexander Lorenz (Alemanha) 

Dia 26 de outubro, sexta, 19h
Introdução à Arte Contemporânea Boliviana
Palestra de Nícholas Petrus 

Dia 30 de outubro, 19h
Bienais Bolivianas em Revista
Diálogo entre Laymert Garcia dos Santos e Ivo Mesquita, jurados das bienais de La Paz de 2009 e 2011. 

Participam da exposição Brasil New, Bolívia Now os seguintes artistas: 

Bolívia Now

Alejandra Delgado – Vídeo
Alejandra Dorado – Fotografia
Eduardo Ribera Blue Box – Fotografia
Claudia Joskowicz – Vídeo projeção
Galo Coca – Performance e vídeo
Iván Cáceres – Vídeo projeção
Julio Gonzalez – Work in progress e video projeção
Ligia D’Andrea – Objeto/Fotografia
Narda Zapata – Pintura
Oscar Guido Barbery – Fotografia
Raquel Schwartz – Objeto
Roberto Unterladstaetter – Instalação
Roberto Valcarcel – Instalação
Sol Mateo – Fotografia e vídeo

New Brasil

Bruno Vilela – Desenho (Pernambuco)
Bettina Vaz Guimarães (Brasil) – Pintura (Prêmio Van Gogh Bienal de La Paz, 2009)
Jimson Vilela – Instalação (Rio de Janeiro)
Jonathas de Andrade – Video (Alagoas)
Juliana Notari – Instalação (Pernambuco)
Marcela Tiboni – Fotografia (São Paulo
Paulo Nazareth – Desenho (Minas Gerais)
Rafael Adorjan – Fotografia (Rio de Janeiro)
Rodrigo Cunha – Pintura (Santa Catarina) 

Infiltrados 

Alexander Lorenz (Alemanha) – Vídeo (Menção honrosa na Bienal de La Paz, 2009)
Colectivo Guillerme Chandia, Jaime Coromil, Pablo Forero (Chile e Uruguai) – Fotografia (Premio na Bienal de La Paz, 2011)
Lujan Funes (Argentina) – Instalação (Menção Honrosa na Bienal de La Paz, 2009)
Marco Gorgoroso (Uruguai) – Fotografia (Premio da Bienal SIART’11)