O espetáculo multidisciplinar José Agrippino de Paula, o bruxo da contracultura reunirá, no SESC Belenzinho, apresentações de música, teatro, cinema e literatura para homenagear a poética selvagem e anárquica do guru tropicalista, conhecido como “Bruxo do Embu”. Com roteiro de Lucila Meirelles e direção de Clayton Mariano, o evento contará com um show de Aguilar e Banda Performática na quinta-feira, 12 de abril, às 21 horas.
No repertório, músicas antológicas como Você escolheu errado seu super-herói; Monsieur Duchamp; O Samba de Mondrian, entre outras. No palco, Aguilar contará com Roney Giah (voz e guitarra); Skowa (baixo); Andre Jung (bateria); Ricky Villas Boas (violões); Elaine Guimarães (backvocal); Gabi Silvestri (backvocal); e Pedro Bandera (percussão). O show contará com as participações especiais de Jorge Mautner, Arnaldo Antunes e Paulo Miklos.
Um dos pioneiros da videoarte no Brasil, o pintor, videomaker, performer, escultor, escritor, músico e curador José Roberto Aguilar integrou o movimento performático-literário Kaos, em 1956, com Jorge Mautner e José Agrippino de Paula. Em 1963, expôs pinturas na 7ª Bienal Internacional de São Paulo. Considerado um dos pioneiros da nova figuração no Brasil, participou da mostra Opinião 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1965 – ano em que passou a pintar com spray e pistola de ar comprimido. Em 1981, criou o grupo musical Banda Performática.
Considerado uma esfínge artística em contínuo processo de decifração, José Agrippino de Paula está sendo homenageado pelo SESC com um espetáculo que propõe o hibridismo de linguagens tão caro ao Bruxo do Embu. No roteiro, leitura de textos inéditos, imagens de curtas, sons experimentais – baseados nos tambores africanos –, depoimentos e performances com Aguilar e Banda Performática, Jorge Mautner, Paulo Miklos, Tablado de Arruar, Helena Ignez, Hermano Penna, Rômulo Fróes e Banda Passo Torto.
Aguilar e Banda Performática
Uma câmera de vídeo marcou o início da trajetória artística de José Roberto Aguilar. Na verdade, tudo começou de fato com a pintura. Na década de 1960, Aguilar realizou inúmeras exposições e participou de Bienais; em 1970, desfrutou de um autoexílio em Londres ao lado de Jorge Mautner, Arthur, Caetano Veloso, Rogério Scanzerla, Gilberto Gil, Macalé… Em Nova York, o artista comprou a primeira câmera do mercado: uma Sony Open-Reel, black and white. Nesse momento, a pintura ganhou uma filha, a videoarte – filha esta, que conquistou o mundo com exposições no Japão, França, Estados Unidos, Argentina. Na mesma década, a vídeoarte fez nascer a performance.
Em novembro de 1980, Aguilar conduziu a performance “Per 4 – Per concerto: concerto para piano de cauda, luvas de boxe, violino, cítara, quatro letras de dois metros de altura, dois extintores de incêndio e instrumentos vários”, na Pinacoteca de São Paulo, com as participações de Arnaldo Antunes, Paulo Miklos e Vânia Passos. Em 1981 nasceu a Banda Performática; em maio deste ano, Aguilar lançou a obra “Divina Comédia Brasileira” e o vídeo “Sonho e contra-sonho de uma cidade” – época em que a Banda Performática – formada por Arnaldo Antunes, Paulo Miklos, Tuba, Lanny Gordin, Go, Noris e Lenira – fez a primeira apresentação com uma verdadeira fusão de linguagens: performance, poesia, pintura, dança e música.
O sucesso da proposta artística motivou o convite para abrir uma exposição do acervo Gilberto Chateaubriand, no Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro. Para este evento, compuseram músicas que se tornaram sucesso como: Você escolheu errado seu super herói, Monsieur Duchamp e Carioca Canibal. O cantor Belchior – que assistiu a um dos shows na Bienal de São Paulo – os convidou para gravar o primeiro disco, a ser produzido por ele. Neste disco antolólogico, faziam parte Paulo Miklos, Lanny Gordin, Edú Rocha, Beto Freire, Thomaz Brun, Arnaldo Antunes, Mariana, Go, Dekinha e Flávio Smith. Você escolheu errado seu super herói foi gravado pelas Frenéticas e virou tema de novela.
Arnaldo Antunes e Paulo Miklos saíram da Banda Performática para ingressar nos Titãs do Iê-Iê-Iê. Flávio Smith, Tuba e Thomas Bren foram substituídos por Jean Trad (guitarra) e Zé Português (baixo); os vocais ficaram por conta de Dequinha e Teca. A nova formação da Banda Performática encenou a ópera rock Macunaíma Performática, em novembro de 1983, na Praça Roosevelt – apresentação assistida por 15 mil pessoas; uma homenagem a Mário de Andrade.
Em meados da década de 1980, Aguilar foi meditar na Índia; a Banda Performática desapareceu do cenário até 1990. Com a nova formação – Jean Trad (guitarra), Zé Português (baixo), Gigante Brasil (bateria), Artur K (teclados), Edú Rocha, Eloa Ramos e Aline Figueredo (vocais) – Aguilar gravou o LP Blue Brother, não masterizado, pela gravadora Eldorado. Entre os hits, músicas como “Aonde estão as gangues”, “Idiota”, “O Gângster que virou iluminado”. Mais uma vez a banda desaparece…
Em 2000, a Banda Performática ressurge com a terceira formação. Aguilar comenta com o amigo André Jung, integrante do IRA, sobre a vontade de ter uma nova banda. André apresenta Marcelo Maluf (voz e bateria), César Maluf (teclados), Mingau (baixo), Quaker (guitarras), Loop B (percussão na sucata e sampler), Cláudia e Gabi (vocais) – que se tornam os novos integrantes. Juntos, gravam o CD “A ética da prata bêbada”, composto pelas músicas “Como Chocolate”, “ A banda do ciber espaço”, “Cinema non-sense” e “As gangues”. Novamente juntos, a Banda Performática comemora 30 anos com uma nova formação!
Data: 12 de abril
Horário: 21 horas
Local: SESC Belenzinho
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000
Entrada: gratuita
Telefone: (11) 2076-9700
Classificação: 16 anos
Site: www.sescsp.org.br
Estacionamento: 400 vagas
Matriculados (Comerciário e Usuário): R$ 3 até uma hora; R$ 1 adicional por hora
Não Matriculados: R$ 6 (até uma hora) e R$ 1 adicional por hora
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