A Galeria São Paulo Flutuante inaugura “Noite Insular: Jardins Invisíveis”, primeira individual do fotógrafo baiano Rodrigo Sombra, com curadoria de Regina Boni, e texto de apresentação por Caetano Veloso. Composta por 30 imagens captadas com câmeras analógicas ao longo de uma imersão de cinco meses em Cuba, a mostra toma como ponto de referência o imaginário marítimo e explora um conceito subjetivo de “insularidade”. Traço decisivo da cultura cubana, a insularidade se faz sentir na obra de Sombra para além do seu sentido meramente geográfico. Nesta exposição, o conceito serve como chave para explorar as dinâmicas do desejo na Cuba contemporânea, evocando tensões entre o senso de isolamento e o anseio por cruzar os limites da ilha.
O título da série é inspirado num poema do escritor cubano José Lezama Lima. Para o fotógrafo Rodrigo Sombra, “Noite Insular: Jardins Invisíveis” explora os estímulos da presença estrangeira em Cuba, cada vez mais intensos desde a recente abertura cultural e econômica da ilha. Ao abordar as relações contraditórias entre os cubanos e a influência estrangeira, Sombra esboça uma estética de forte apelo geométrico. Com frequência, a base documental de suas imagens se perde em jogos de linhas e sombras que aspiram à abstração. Descortina-se assim a de visão uma Cuba insuspeitada, em tudo avessa às imagens exóticas do turismo ou à grandiloquência da propaganda revolucionária.
A exposição de Rodrigo Sombra é o terceiro projeto da Galeria São Paulo Flutuante, que não se fixará em um só endereço na capital paulista. Criada pela marchande e estilista tropicalista Regina Boni, em 1981, a Galeria São Paulo realizou exposições memoráveis de Hélio Oiticica, Walter Smetak, Mestre Didi, Aluísio Carvão, Leda Catunda, Luiz Paulo Baravelli, entre outros. Reaberta no final de 2018, a galeria pretende agora apresentar novos artistas e contrastar com tendências petrificadas do mercado de arte brasileiro. Sobre a individual de Rodrigo Sombra, Regina Boni comenta: “Muitas pessoas do meio da fotografia estão destacando o fato de eu, neste momento de ressurgimento e considerando meu passado, que só expus poucos e famosíssimos fotógrafos, esteja me dedicando de corpo e alma ao trabalho do Rodrigo, que é uma revelação. Algo novo. Arte fotográfica”.