A história da famosa viagem do economista Gabriel Buchmann pela África, que terminou com a morte do carioca em uma montanha no Maláui, chegará às telas dos cinemas com Gabriel e a Montanha, segundo longa-metragem de ficção do diretor Fellipe Barbosa. O lado aventureiro do carioca pode ser visto em um teaser inédito do longa-metragem liberado no YouTube (assista logo abaixo). O vídeo mostra o espírito montanhista de Buchmann, na interpretação de João Pedro Zappa, pelos quatro países que passou na África: Quênia, Zâmbia, Tanzânia e Maláui. O filme terá estreia no Brasil em 2 de novembro.
Barbosa começou a desenvolver o roteiro logo após receber a notícia do desaparecimento de Gabriel, seu amigo de infância do Rio de Janeiro. João Pedro Zappa, ator escolhido para interpretar Buchmann no filme, precisou do apoio de uma equipe para preparar o seu condicionamento físico para o papel. Zappa subiu o Kilimanjaro, pico mais alto da África com 5.895m, e o Mulanje, pico mais alto do Maláui com 3.002m, para realizar as filmagens.
“Eu sempre gostei de fazer trilhas, mas nunca tinha feito nada que se compara ao Kilimanjaro. Foi uma subida linda, parece que você está em outro planeta, a vegetação vai sumindo conforme a altitude aumenta. No último dia de subida, que chamamos de ‘ataque ao cume’, saímos de uma altitude de 4.700 metros, foi muito cansativo. Com certeza foi o maior desafio da minha vida, começamos a subida, no último dia, à meia-noite, com temperatura de 15 graus negativos, o pé congelando. Se não tivesse que filmar no topo da montanha, eu teria desistido”, recorda João Zappa, de 28 anos.
Gabriel Buchmann viajou para a África com o objetivo de analisar de perto a pobreza e se preparar para um doutorado em políticas públicas na Universidade da Califórnia. O carioca morreu de hipotermia, em 2009, após decidir subir o Monte Mulanje sem a companhia de um guia. Seu corpo foi encontrado 19 dias depois na subida da montanha. O longa tem roteiro baseado em anotações, e-mails de Gabriel para a mãe e a namorada e entrevistas com pessoas que cruzaram seu caminho na África.
Em maio, “Gabriel e a Montanha”, que é uma coprodução da TvZERO, Gamarosa Filmes e Damned Films, recebeu dois prêmios no Festival de Cannes. Na prestigiada Semana da Crítica do evento, a produção foi honrada com um prêmio de revelação, entregue ao diretor Fellipe Barbosa, e um de distribuição, que ajudou a alavancar a estreia do filme, em agosto, na França, onde o filme já superou a marca dos 75 mil espectadores.
Recepção positiva na França
A imprensa francesa foi bastante elogiosa ao filme “Gabriel e a Montanha” após a estreia por lá. O tradicional Le Monde entendeu que “o grande mérito de Fellipe Barbosa é de saber aliar a compreensão intelectual ao gesto de compaixão por seu amigo falecido que o filme encarna”. A revista Positif avaliou que o longa-metragem “se distingue pela inteligência do seu roteiro”, enquanto o L’Express reforçou que “Barbosa reconstitui magistralmente uma viagem emocionante rumo à morte”. Trata-se de “uma homenagem perturbadora e sincera ao amigo desaparecido”, nas palavras do Cahiers du Cinéma. Já a revista Les Inrockuptibles escreveu que “a imagem do jovem homem cujo corpo se confunde pouco a pouco com a natureza é de uma incrível poesia”.