GABRIEL E A MONTANHA, único longa-metragem brasileiro selecionado para o Festival de Cannes deste ano, estreou neste domingo, 21, durante a programação da Semana da Crítica, prestigiada mostra paralela do festival. O filme dirigido por Fellipe Barbosa emocionou o público, que aplaudiu a obra no Espace Miramar, em Cannes. A produção, que recria a viagem do carioca Gabriel Buchmann pela África, é da TvZERO, Gamarosa Filmes & Damned Films. Fátima Buchmann, mão de Gabriel, assistiu pela primeira vez ao longa. Emocionada, ela foi a primeira a abraçar o diretor após o fim da exibição nesta manhã. Nina Buchmann, irmã de Gabriel, João Pedro Zappa – que interpreta o protagonista -, o ator Leonard Siampala e o produtor-executivo da TvZERO Rodrigo Letier também estiveram presentes na sessão.
Formado em economia, Gabriel Buchmann viajou para a África com o objetivo de analisar de perto a pobreza e se qualificar para um doutorado na UCLA, nos Estados Unidos. No filme, a história real tem roteiro baseado em anotações, e-mails de Gabriel para a mãe e a namorada e entrevistas com pessoas que cruzaram seu caminho na África. Gabriel morreu, em 2009, de hipotermia após decidir subir o Monte Mulanje, pico mais alto do Malawi com mais de três mil metros de altitude, sem a companhia de um guia. Seu corpo foi encontrado dias depois na subida da montanha.
Na viagem, Gabriel Buchmann também passou por países como Quênia e Tanzânia, sempre preocupado em conhecer as particularidades das comunidades locais, como a tribo dos Massais. Ele gastava entre dois e três dólares por dia e chegou a ajudar amigos que fez nessas regiões, pagando o aluguel mensal da casa de uma família africana com somente 12 dólares. Ao longo da viagem, Gabriel, interpretado por João Pedro Zappa, se aventura por outras subidas difíceis, como o Kilimanjaro, ponto mais alto do continente africano. Ele também recebe a visita de sua namorada, Cris (Caroline Abras), que estava na África do Sul participando de um seminário sobre políticas públicas e, juntos, viajaram pela Tanzânia e Zâmbia. O principal objetivo do pesquisador era avaliar a miséria de perto. Este é o segundo longa-metragem de ficção dirigido por Fellipe Barbosa, que esteve à frente do elogiado “Casa Grande” (2014), ganhador do prêmio do público no Festival do Rio. Na competição de longas-metragens, a Semana da Crítica do Festival de Cannes tem a tradição de selecionar cineastas com seus primeiros ou segundos longas.