Primeira exibição de ‘Que assim seja’ na mostra Novo Cinema Indiano no CCBB Rio de Janeiro

A mostra Novo Cinema Indiano apresenta, nos últimos dias, a primeira exibição de Que assim seja (Astu, 2014), de Sumitra Bhave e Sunil Sukhtankar, Melhor Roteiro, Diálogo e Melhor Atriz Coadjuvante no 61º National Film Awards 2014, na sexta, às 16h; e uma atração extra no sábado, às 15h30 – uma apresentação gratuita de música hindustani, música clássica do norte da Índia, com o flautista Jean Christophe Aveline (Paramatma), no foyer do CCBB Rio de Janeiro.

O músico Jean Christophe Aveline (Paramatma) é um grande apaixonado pela cultura indiana desde a adolescência em Paris. Estudou a música hindustani nos anos 2000 com o instrumentista Ram Helder e, depois, no norte da Índia com o flautista e shenaista Chandra Kant Prasad (Sohan La), entre outros mestres. Ele sempre viajou na Índia na busca das essências das melodias do foclore e da música clássica do norte.

Entre os destaques da programação deste último fim de semana estão ainda Ilha de Munroe, dirigido por Manu, que aborda o conflito de gerações na Índia dos dias de hoje (prêmio de melhor diretor estreante no John Abraham Award); O ovo do corvo, assinado por M. Manikandan, que narra as aventuras de dois meninos que sonham em conseguir dinheiro para comprar uma pizza (premiado como Melhor Filme Infantil e Melhor Ator no Indian National Awards e seleção oficial do Festival de Toronto); e O Navio de Teseu, primeiro filme de Anand Gandhi, aclamado na Índia (prêmios de melhor filme e diretor do Indian National Awards, melhor cinematografia do festival de Tóquio, entre outros prêmios internacionais). Vale citar também Apur Panchali, inspirado na história da vida de Subir Banerjee, o ator mirim que interpretou o papel icônico de Apu no consagrado filme Pather Panchali, do diretor Satyajit Ray.

A mostra apresenta uma programação inédita no Brasil, com dez filmes selecionados pelos curadores Carina Bini e Shankar Mohan, produzidos nos últimos três anos e que representam uma nova geração de cineastas indianos.  São longas-metragens produzidos por realizadores que buscam narrativas menos convencionais dentro da cinematografia do país. Filmes ao mesmo tempo reflexivos e de apelo popular, que transitam entre os festivais internacionais de cinema de autor e o grande público, estabelecendo um verdadeiro contraponto ao estereótipo associado à indústria de Bollywood.

As produções presentes na mostra Novo Cinema Indiano foram realizadas em sete regiões da Índia, consequentemente, são filmes falados em sete de suas 18 línguas oficiais – desde longas-metragens feitos na remota região de Assam, nordeste do país, onde se fala a língua Bodo, até filmes dos estados de Tamil Nadu e Kerala, na região sul, a responsável por 50% da produção de filmes indianos.

A indústria cinematográfica indiana

A Índia está entre os cinco maiores polos produtores e consumidores de cinema do mundo. Dados no Ministério da Informação e Difusão indiano apontam que até o final de 2016 terão sido realizados, neste ano, quase 2 mil filmes no país. Anualmente, as bilheterias somam algo em torno de US$ 2,25 bilhões. Apenas uma fração desses filmes é exibida internacionalmente.

Os indianos consomem seus próprios filmes há décadas. O cinema indiano leva para suas salas de cinema (estimadas em 13 mil) as histórias, desejos e aflições de seu povo, construindo um imaginário de forte influência para os padrões sociais do país.

Curadores da mostra

A curadoria da mostra é uma parceria entra a brasileira Carina Bini e o indiano Shankar Mohan. Desde 1997, Carina passa temporadas na Índia estudando o cinema e a cultura do país. Diretora geral do Festival Internacional Cinema e Transcendência, ela produziu mostras como a BHAVA: Universo do Cinema Indiano (CCBB Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo – 2011 e 2012), a maior mostra de cinema indiano já realizada no Brasil, e a Mostra Cem Anos do Cinema Indiano (2014), para o Museu Correios Brasília. Sobre a seleção de filmes, Carina comenta: “Quando observamos o cinema indiano indo além de Bollywood, percebemos a diversidade de histórias e a pluralidade de maneiras como elas são contadas, vindas das várias Índias que existem naquele subcontinente tão rico culturalmente”.

Formado em cinema, Shankar Mohan trabalhou na área por quase 40 anos. Recentemente, aposentou-se como Chefe e Diretor do Departamento de Cinema do Governo da Índia. Antes disso, dirigiu o Festival Internacional de Cinema da Índia, em Goa (festival de cinema oficial do país) e foi diretor do Instituto Satyajit Ray Film & TV, em Calcutá. Atualmente, ele ensina, escreve e discursa sobre cinema. “Cada filme desta mostra foi selecionado baseado em sua capacidade de representar e iluminar seus diretores, atores, tradições culturais e as preocupações sociais que estão atualmente moldando o curso do cinema indiano. A cada ano, o cenário em constante mudança no contexto indiano traz diferentes gêneros de filmes e cineastas”, afirma Mohan.

Programação – últimos dias

Sexta, 13/01

16h – Que assim seja (Astu)

Direção: Sumitra Bhave e Sunil Sukhtankar.  2014, 135 min, livre. Região/Língua: Maharashtra/Marathi

Melhor Roteiro, Diálogo e Melhor Atriz Coadjuvante no 61º National Film Awards 2014, o mais importante prêmio do cinema indiano.

Inspirado numa experiência vivida pelo protagonista do filme. O relacionamento entre pai e filha, quando o pai, um doutor em sânscrito aposentado, que sofre de Alzheimer, desaparece e é encontrado por um casal andarilho que cuida de um elefante, e passa a viver o seu momento a cada dia…

Os diretores Sumitra Bhave e Sunil Sukhtankar formam uma dupla do cinema marathi, proveniente do estado do Maharashtra. Representantes do cinema autoral, seus filmes sempre trazem temáticas sociais.

18h30 – Navio de teseu  (Ship of Theseus)

Direção: Anand Gandhi. 2013, 144 min, livre. Região/Língua: Mumbai/Hindi e Inglês 

Sábado, 14/01

14h30 – Apur Panchali

Direção: Kaushik Ganguli. 2013, 97 min, 12 anos. Região/Língua: Bengala/ Bengoli

16h30 – Ilha de Munroe (MundroThuruth)

Direção: Manu. 2015, 92 min, 12 anos. Região/Língua: Kerala/Malayalam.

18h45 – Punhalada no coração (Katyar Kaljat Ghusali)

Direção: Subodh Bhave. 2015, 161 min, livre. Região/Língua: Maharashtra/Marathi.

Domingo, 15/01

15h – O ovo do corvo (Kaaka Muttai)

Direção: M. Manikandan. 2014, 109 min, livre. Região/Língua: Tamil Nadu/Tamil

17h – O fabricante de caixão (The coffin maker)

Direção: Veena Bakshi. 2013, 123 min, livre. Região/Língua: Goa/ Konkani-Inglês.

SERVIÇO

NOVO CINEMA INDIANO
Patrocínio: Banco do Brasil
Curadoria: Carina Bini e Shankar Mohan
Produção: Atman Filmes
Realização: Centro Cultural Banco do Brasil

Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro
6 a 15 de janeiro de 2017
Rua Primeiro de Março 66, Centro, tel (21) 3808-2020
Salas de Cinema 1 (98 lugares) e 2 (50 lugares) – Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia).

*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

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