Olhar e pensar o passado do Brasil para entender o presente: esta é a premissa da nova temporada do programa Entrevista – 18 esquinas para chegar ao Brasil. No momento em que o país vive um cenário de debate político, o Canal Futura coloca em pauta questões que fazem parte da memória brasileira e que ajudaram a construir a sociedade de hoje. A partir desta segunda-feira (18/4), às 20h30, a antropóloga e autora do livro “Brasil: uma biografia” (Companhia das Letras), Lilia Moritz Schwarcz, conversa com personalidades sobre aspectos históricos, culturais e econômicos do passado com o objetivo de compreender o presente e projetar o futuro da sociedade brasileira.
Em 18 episódios, que vão ao ar de segunda a sexta-feira, os convidados vão comentar temas relacionados à cultura, escravidão, democracia, corrupção, economia e direitos civis. Entre os entrevistados estão o economista Eduardo Giannetti, o antropólogo Hermano Vianna, o jornalista Roberto DaMatta e o músico Antônio Nobrega.
Para o coordenador de Jornalismo e Mídias Digitais do Futura, José Brito, a série representa uma colaboração do canal e da Companhia das Letras para que o público possa mergulhar nas origens de discussões que foram capazes de definir políticas em vários setores ao longo de séculos. Entrevista – 18 esquinas para chegar ao Brasil Estreia: 18 de abril (segunda-feira), às 20h30 Exibição de segunda a sexta-feira Duração: 15 minutos CONFIRA OS CONVIDADOS E OS TEMAS ABORDADOS Segunda-feira, 18 de abril, às 20h30 Áfricas entre nós | Entrevista com Alberto da Costa e Silva (embaixador, ABL) Foram muitas as nações que chegaram ao Brasil. Algumas de suas marcas são reconhecidas, outras exercitadas quase que de forma inconsciente. Práticas linguísticas, alimentares, habitacionais, de parentesco entraram no nosso cotidiano e fazem parte de uma maneira de ser e se sentir brasileiro. Terça-feira, 19 de abril, às 20h30 Escravidão | Entrevista com Flávio Gomes (professor História UFRJ) O Brasil foi o último país a abolir a escravidão mercantil e recebeu 40% da população africana que saiu do continente. Por aqui, o sistema virou uma linguagem que conteve muito sofrimento, mas também revolta e insurreição por parte dos escravizados. Quarta-feira, 20 de abril, às 20h30 Nações indígenas| Entrevista com Manuela Carneiro da Cunha (Antropóloga) Muito antes da chegada dos europeus nosso território era ocupado por grupos organizados em redes e que se comunicavam de forma ampla. Os ameríndios são formados por inúmeras nações e línguas e nos legaram tradições, caldos culturais, mitologias, cosmologias e filosofias que dialogam — e tencionam — com nossas verdades mais enraizadas. Quinta-feira, 21 de abril, às 20h30 Democracia e cidadania | Entrevista com Heloisa Starling (professora da UFMG) A democracia é, para nós, um processo inconcluso. Se por um lado lidamos com ela de forma positiva — como provam nossas instituições consolidadas e nosso sistema eleitoral —, por outro experimentamos um processo republicano falhado desde os tempos coloniais. Sexta-feira, 22 de abril, às 20h30 Política e História | Entrevista com Daniel Aarão Reis (Professor de história contemporânea da UFF) É possível dizer que o território do historiador é o “passado” e que do presente todo mundo tem medo. Afinal, dele, do presente, todos julgamos que somos mestres e donos. Esse não é o caso de Daniel Aarão Reis que vive e faz história do presente e a analisa com primor sem perder o bom humor, jamais. Segunda-feira, 25 de abril, às 20h30 Corrupção | Entrevista com José Murilo de Carvalho (Professor Emérito da UFRJ) Corrupção não é um fenômeno biológico nem está no DNA do brasileiro. Ao contrário, é uma construção social que faz parte de nossa história desde que o Brasil não era nem ao menos Brasil.: Terça-feira, 26 de abril, às 20h30 Patrimonialismo |Entrevista com André Botelho (Professor da UFRJ) Uma das questões mais urgentes e antigas de nossa pauta nacional está ligada à maneira como inflacionamos a esfera privada em detrimento da pública. Uma clara descrença nas instituições, no corpo da lei, é parte de nosso vocabulário social. Quarta-feira, 27 de abril, às 20h30 Ética e Economia | Entrevista com Eduardo Giannetti (Economista e Escritor) Somos mesmo bons mentirosos, só levamos a sério os argumentos que vão de encontro às nossas próprias crenças. Também somos cultores da razão iluminista, que nos faz acreditar que seriamos orientados por acordos apenas racionais. Mas, ao que tudo indica, a ciência e a técnica não nos brindaram com a felicidade. Quinta-feira, 28 de abril, às 20h30 Violência | Entrevista com Luiz Eduardo Soares (Jornalista, escritor) A afirmativa de que tivemos “apenas” uma guerra — a Guerra do Paraguai corrobora um dos grandes mitos da nossa nacionalidade: a de um país pacífico. A “civilização” brasileira se fez (e se faz) silenciando manifestações frequentes de violência e arbítrio. Sexta-feira, 29 de abril, às 20h30 Gênero e sexo no Brasil | Entrevista com Laura Moutinho (Antropóloga e professora da USP) Muitos marcadores de diferença têm feito desse país uma nação desigual. O gênero sempre foi um divisor fundamental que precisa ser construído e desconstruído para que possamos pensar em processos republicanos consistentes e cidadãos mais plenos. Segunda-feira, 2 de maio, às 20h30 Direitos Civis | Entrevista com Jean Wyllys ( Deputado Federal e escritor) Se direitos sociais foram ganhos do início do século XX; direitos políticos vieram com os anos 1930, já a linguagem dos direitos civis só tem ganhado força a partir do final dos anos 1970. São reinvindicações que incluem grupos identificados por temas como raça, gênero, região, geração ou classe. Terça-feira, 3 de maio, às 20h30 Periferias | Entrevista com Hermano Vianna (Antropólogo) As vozes por muito tempo compreendidas sob o signo “da falta” são cada vez mais evidentes. Mais recentemente, em vez de sua vitimização, notamos a emergência de novos discursos narrativos que mostram o país sob uma perspectiva múltipla e divergente. Quarta-feira, 4 de maio, às 20h30 Ritmos e danças | Entrevista com Ricardo Teperman (Antropólogo e Escritor) Batuques, jongos, síncopas, sambas… não há descrição que dê conta dessa maneira singular de entender o Brasil e dele participar. Os ritmos também fazem parte da formação mestiça de nosso país, que aglutinou instrumentos, musicalidades e sons ameríndios, africanos e europeus. Quinta-feira, 5 de maio, às 20h30 Manifestações Culturais| Entrevista com Antônio Nobrega (músico e dançarino) O corpo lembra? Nosso Brasil tem ritmo, movimento, som? De que maneira as nossas tantas manifestações culturais e populares nos ajudam a “brincar” com o cotidiano? A partir de muita pesquisa de campo e de arquivo, Antônio Nobrega virou um intérprete dileto do país. Sexta-feira, 6 de maio, às 20h30 Religiões | Entrevista com Reginaldo Prandi (Sociólogo) Os africanos que deixaram compulsoriamente seus países trouxeram consigo seus próprios deuses e rituais. Os ameríndios espalharam seus xamãs e cultos pela terra, assim como os europeus que aqui chegaram vieram com seus santos e dogmas. Segunda-feira, 9 de maio, às 20h30 Literatura | Entrevista com Silviano Santiago (Escritor e Crítico Literário) Há uma voz literária forte e variada no Brasil. No início, era muito ligada ao estrangeiro. Depois, enveredou para a ênfase nos discursos nacionais. Hoje, nossa literatura é antes de tudo uma face de nosso multifacetado espelho. Nem sempre produto de seu contexto, ela ajuda a produzir o país. Terça-feira, 10 de maio, às 20h30 Artes | Entrevista com Agnaldo Farias(doutor em arquitetura urbana// Curador) Artes ameríndias; artes africanas; artes afro-brasileiras; artes europeias por aqui dialogaram e produziram um caldo nada homogêneo, certamente muito rico e complexo. O Brasil é hoje em dia considerado uma vitrine para as artes plásticas contemporâneas e vem mostrando uma força renovada nessa área. Quarta-feira, 11 de maio, às 20h30 Bovarismo ou a mania de não ser | Entrevista com Roberto DaMatta (Antropologia, UFRJ, jornalista e escritor) No Brasil, vale o inverso da máxima shakespeariana “Ser ou não ser”. Aqui, “ser é não ser”. A velha mania de não ver a realidade ou imaginá-la distinta é uma de nossas marcas. Esse é o nosso “bovarismo”, termo inventado por Flaubert e muito usado por Lima Barreto na definição dos artificialismos que imperam no país.