CINE HUMBERTO MAURO visita a história de cowboys, pioneiros, índios, garimpeiros e imigrantes na Mostra WESTERN – PARTE I

A Fundação Clóvis Salgado, por meio do Cine Humberto Mauro, promove a mostra Western – Parte Ique reúne 33 exemplares do gênero. Serão exibidos, em formato digital, alguns dos principais filmes de faroeste, respeitável símbolo do cinema norte-americano. Obras de diretores como John Ford, John Huston, Howard Hawks, Sam Peckinpah e Fritz Lang compõem a programação.

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Para Philipe Ratton, Gerente do Cine Humberto Mauro e curador da mostra, o Faroeste é o gênero do cinema estadunidense por excelência. Ao abordar temas como a guerra civil norte-americana, a conquista do Oeste, o desenvolvimento urbano do século XIX e o confronto dos colonizadores com os indígenas, o gênero se solidificou ao tratar de assuntos ainda muito presentes na cultura estadunidense. “A produção de Western é muito antiga e remonta a questões estruturais da consolidação da sociedade norte-americana, daí o gênero ter se consolidado como um dos principais do país”, explica Philipe Ratton.

O recorte escolhido pela Fundação Clóvis Salgado reúne obras representativas do gênero, desde as primeiras filmagens, em 1900, até obras contemporâneas. Estão na programação o curta O Grande Roubo de Trem, de 1903, que será exibido em sessão conjunta com o filme No Tempo das Diligência, clássicos como Sete homens e um destinoMeu Ódio Será Sua Herança, Rio Vermelho, entre outros. Além do faroeste norte-americano, estão exemplares do Western Spaguetti, resultado da apropriação italiana ao gênero, entre eles Era Uma Vez no OesteO Dia da Desforra e Três homens e um conflito.

A evolução de um gênero – De Tarantino a Akira Kurosawa, a estética e a estrutura do Western serviram de inspiração para o cinema mundial, principalmente para a produção norte-americana. A luta entre o mocinho e o bandido, acontecendo no ainda inóspito Oeste dos Estados Unidos, estabeleceu parâmetros que ultrapassariam o gênero e influenciariam uma produção para além do cinema.

Segundo Philipe Ratton, desde o início, o que se observa na estrutura do western é uma polarização bem delimitada entre o bem e o mal, expressada pela narrativa, e pela estética. “Já nos primeiros filmes era possível perceber o emprego de elementos estéticos para reforçar esse maniqueísmo. O mocinho usava sempre um chapéu branco, era sempre dono de retidão moral”, exemplifica.

Além disso, os mocinhos, imortalizados nas figuras principais de John Wayne e Clint Eastwood, eram filmados em ângulos e enquadramentos que evidenciavam poder, força e superioridade em relação aos bandidos. Nesse contexto, a mulher assumia papéis coadjuvantes, às vezes como prostituta, às vezes como donzela indefesa.

Considerando a sociedade norte americana do século XIX, a personificação do bandido muitas vezes recaia sobre minorias, como indígenas e imigrantes latinos. “Naquele contexto, o índio era considerado como selvagem, parte integrante de uma natureza a ser desbravada”, explica Philipe referindo-se a outro ponto estrutural do Faroeste: a conquista da natureza pelo homem e a urbanização do local. Valorizando o fotografia, o Western é rico em planos abertos de filmagens, que mostram a aridez de um ambiente inóspito e isolado.

Na década de 60, alguns pontos da estrutura do Western sofreram transformações. “Vemos surgir aí a figura do anti-herói, do protagonista com uma personalidade turva, que faz o bem, mas nem sempre pelo bem em si”, explica Philipe. Segundo Ratton, essa mudança é um reflexo do período vivido pela sociedade norte-americana e também por influência do Western Spagetti. Os italianos também influenciaram outro elemento determinante na narrativa do western, a trilha sonora. O filme Três homens e um conflito, de Ennio Morricone, é um ótimo exemplo dessa inovação, considerada por muitos uma das mais belas trilhas sonoras do mundo.

Para além de diretores tradicionais do gênero, como John Ford, John Huston, as possibilidades narrativas do Western atraíram diretores como Howard Hawks, Sam Peckinpah, Fritz Lang, Nicholas Ray e Samuel Fuller, que imprimiram nos filmes fortes traços autorais.

Western – A expansão territorial norte-americana, com o objetivo de chegar à Costa Oeste do continente, ficou conhecida como Western, Velho Oeste ou Faroeste.  Os acontecimentos tiveram lugar no século XIX, especialmente entre os anos 1860 e 1890, e representavam a possibilidade de riqueza e progresso. A expansão proporcionou importantes avanços industriais, nos meios de comunicação e na agricultura, mas foi responsável por praticamente extinguir com os grupos étnicos indígenas norte-americanos.

No cinema, o Western geralmente narra a história de cowboys, pioneiros, índios, garimpeiros e empresários, em busca de uma vida melhor. Invariavelmente, eles enfrentavam problemas com o ambiente, inóspito e ainda em desenvolvimento, além de dificuldades com o sistema jurídico.

SERVIÇO

Evento: Mostra Western – Parte I
Local: Cine Humberto Mauro, Palácio das Artes – Avenida Afonso Pena, 1537, centro
Período: 11 de abril a 12 de maio
Informações para o público: (31) 3236-7400

*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

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