Caminhando pelas ruas internas do Sesc Belenzinho vem Joana D´Arc, personagem, tema e mote do espetáculo “A Brava”, da Brava Companhia, que narra de forma épica a saga da heroína francesa. O espetáculo acontece de 11 a 20 de março de 2016, na área externa do Sesc Belenzinho, na praça da unidade, dentro do projeto ARTE – Substantivo Feminino. Além das apresentações do espetáculo, o grupo vai ministrar gratuitamente a oficina A Mulher na Sociedade dias 15 e 16 de março de 2016. Nela, elementos do repertório técnico teatral serão abordados e investigados por meio de exercícios cênicos, que terão como mote temático um olhar crítico sobre a questão da mulher na sociedade.
A peça “A Brava” usa o humor, a música e a interação com o público para transformar a trajetória dessa importante personagem da história da França em metáfora sobre as escolhas feitas na vida. Nesta montagem da Brava Companhia, a saga da heroína francesa é mostrada de forma épica, se valendo de recursos como a música, a interação com a plateia, e referências da cultura popular e da cultura pop agregadas a situações cênicas que exploram o drama e um humor anárquico, para construir paralelos com os dias de hoje.
“A história de Joana foi usada simbolicamente, e transportada para os dias atuais no contexto brasileiro. Trazemos ao espetáculo a nossa cultura popular, as músicas tradicionais e cantos de orixás, mas também as influências externas do pop-rock, e do rap, por exemplo”, conta Fábio Resende, diretor da peça.
ARTE – Substantivo Feminino
O ARTE – Substantivo Feminino põe luz na mulher, como foco principal de obras escolhidas por trazerem temáticas relevantes e de diferentes pontos de vista sobre o feminino. A ideia é abordar a mulher nas artes, tanto no conteúdo das obras – suas lutas em batalhas, dentro da história e da sociedade –, quanto na gestão e criação dos trabalhos.
Até abril ainda serão apresentados, dentro do projeto ARTE – Substantivo Feminino, os espetáculos Engravidei, Pari Cavalos e Aprendi a Voar Sem Asas! (de 31 de março a 03 de abril), da Cia Os Crespos. Também fazem parte da programação o infanto juvenil, Oju Orum (de 24 a 27 de março de 2016) do Coletivo Quizumba, com direção de Johana Albuquerque e dramaturgia de Tadeu Renato, e a intervenção fotográfica Todos Podem ser Frida (de 03 a 06 de março de 2016).
Compondo a programação, haverá o debate 08 de Março – O Feminino na Arte e na Sociedade com mediação de Lucia Romano, e participação de Fernanda Azevedo, Amelinha Teles e Claudia Schapira.
A Brava Companhia e o espetáculo “A Brava”
A Brava Companhia é um grupo de teatro que surgiu em 1998, na periferia sul da cidade de São Paulo, e que desde sua origem realiza uma intensa pesquisa artística e uma ampla ação cultural, que inclui, entre outras coisas, a circulação por centenas de bairros periféricos da cidade, a realização de oficinas e mostras, espetáculos premiados e apresentados em festivais de todo o país, a participação ativa em movimentos e fóruns de discussão sobre políticas públicas de cultura, e, desde 2007, a ocupação cultural do Sacolão das Artes, espaço onde tem instalada a sua sede.
Assim como em outras peças da companhia, o espetáculo “A Brava” foi concebido para ser encenado nas ruas de São Paulo, e mantém seu formato original na montagem para o Sesc Belenzinho. O elenco interage com o público, que se integra à peça, sempre dentro do contexto da pesquisa do grupo, que é o corpo, o jogo e o improviso.
Sem separação entre palco e plateia, objetos de ferro velho formam a estrutura do cenário, que se movimenta de acordo com a dramaturgia, obrigando os espectadores a se deslocarem para acompanhar a cena. “Há momentos em que transformamos o próprio público no coro do espetáculo, ora em plateia de um show de rock, ora em população que testemunha a sentença de Joana”, revela o diretor.
A peça traz situações cênicas que exploram o drama, mas também um humor “anárquico”, como a companhia define. “Nem comedia dell’arte nem clown. Usamos várias referências para fazer um humor próprio sem nenhum padrão definido”, conta Fábio. As “vozes” ouvidas por Joana tornam-se símbolos que podem ser interpretados como a crença em sonhos ou a ousadia de trilhar caminhos contrários a padrões pré-estabelecidos pela sociedade. Suas batalhas assemelham-se à luta contra os obstáculos do dia-a-dia na busca pela felicidade.
Há ainda, segundo o diretor, uma outra possibilidade de interpretação: “Brincamos também com as vozes no sentido de questionar o que estamos ouvindo hoje. A invasão à França pode representar ainda a invasão cultural que sofremos no Brasil. O intento não é barrar de todo o que vem de fora, o que questionamos é a imposição cultural, propondo uma apropriação consciente dessas influências”.
Datas: 15 e 16 de março de 2016, terça e quarta, das 15h às 18h
Sesc Belenzinho
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000 – Belenzinho – São Paulo (SP
Carga horária: 8h
Vagas: 30
Público: interessados em teatro (somente mulheres)
Não recomendado para menores de 16 anos.
Telefone: (11) 2076-9700
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