Sesc São José dos Campos recebe a peça “Até que Deus é um ventilador de teto”

No próximo sábado, dia 30,às 20h, o Sesc São José dos Campos recebe os atores Hugo Possolo e Raul Barreto, fundadores do grupo de teatro Parlapatões, que sobem ao palco para apresentar a peça “Até que Deus é um ventilador de teto”.

Escrito por Hugo Possolo especialmente para o Dramamix, das Satyrianas 2014, a montagem segue a mesma vertente dramatúrgica onde realidade e imaginação se mesclam sem distinção nas ações das personagens.

A obra trata com humor a crise de um homem que se vê tomado por compromissos e vivendo uma situação limite de perigo e que pode colocar a sua vida em perspectiva. A encenação foge do descritivo e abre espaço para o poder simbólico das imagens. O texto gira em torno de como o medo integra a vida dos brasileiros que, cercados pela violência e todo o imaginário que ela carrega, mudam suas relações, gerando preconceitos e dificultando aproximações mais humanas.

Em cena a história de um jornalista de cinquenta anos, um redator, que de dentro de seu carro imagina que um velho senhor, vendedor de balas no semáforo, possa ser um deus que desceu à terra para observar a vida dos homens. Ele é sequestrado e tem como vigia o tal velho que já conhecia da rua. Suas reflexões revelam a relação deste homem com o mundo, com sua mulher e seu filho.

Para a montagem, os Parlapatões convidaram o diretor Pedro Granato buscando uma linguagem intensa e contemporânea, que possa colocar a poesia do texto para dialogar com o público, trazendo uma plasticidade que revele os incômodos e prisões cotidianas de uma pessoa de classe média de uma grande cidade. Para Granato, “esse homem, cansado de tantas relações virtuais e do esvaziamento de sentido da vida, é catapultado para reflexões metafísicas que misturam o risco da vida real com delírios de sua cabeça”.

Por isso, sua encenação coloca “o homem cercado em um pequeno aquário que representa todos os espaços em que vive confinado: sua mesa no escritório, seu carro com ar-condicionado e sua lanchonete de costume”.

Já o misterioso velho, em sua tarefa de vigiar e aguardar ordens, desmistifica o tempo todo aquilo que o homem imagina, trazendo certo humor negro à relação entre eles. Revela uma total descrença com a vida e coloca o homem em pânico diante de sua falta de esperança.

Para Possolo “a situação leva o homem a ponderar sobre seus excessos e a redimensionar sua vida até aquele momento. Fisgado pelo trabalho maçante ele perdeu a conexão com sua família. Preso em uma grande sala, que ele supõe ter sido uma igreja evangélica ou refeitório de uma escola, ele percebe que seus valores mudaram, que seus sonhos se transformaram e que suas expectativas foram jogadas sobre seu filho”, afirma o autor e ator.

A iluminação, a cargo de Aline Santini, trabalha o isolamento da personagem em contradição com o imenso espaço que vai encontrar em seu cativeiro, buscando também jogar com os signos urbanos que nos sufocam diariamente, com os matizes de cores e a pulsação de um semáforo.

Já a trilha de Raul Teixeira busca trabalhar os respiros da cena, como uma pontuação minimalista das emoções que transitam e das imagens criadas pelo homem que faz reflexões diante de seu desespero.

A cenografia de Diego Dac e Saulo Santos, do Ateliê Russo, deixa o homem ficar preso a uma cadeira, um aquário que é, ao mesmo tempo, seu carro, escritório e cativeiro, por onde o velho circula com liberdade e poder. Uma leitura crua sobre a maneira como a classe média lida com seu medo da violência urbana.

SERVIÇO
Até que Deus é um ventilador de teto
Data: 30, sábado, às 20h
Sesc São José dos Campos
Endereço: 
Av. Adhemar de Barros, 999 – Jd. São Dimas
Auditório
Capacidade: 126 lugares
Preço: R$5,00 a R$ 17,00
Recomendação etária 14 anos

Oficina
Parlapatões
Data: 30, sábado, às 10h30
Sesc São José dos Campos
Endereço: 
Av. Adhemar de Barros, 999 – Jd. São Dimas
Auditório
Vagas limitadas.
Recomendação etária 14 anos

*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

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