Dan Stulbach apresenta “Morte Acidental De Um Anarquista”, reinaugurando o Teatro Municipal de Americana

A Teatro GT traz para o interior do Estado de São Paulo, Dan Stulbach e elenco em “Morte Acidental De Um Anarquista”. 29 de agosto (sábado), às 21h, no Teatro Municipal, em Americana.

A Morte Acidental de Anarquista foi montada em 1981 no TBC com Antonio Fagundes como protagonista e direção de Antonio Abujamra.

A irreverente e caustica comédia de Dario Fó Morte Acidental de um Anarquista foi um dos seus textos que lhe deram projeção internacional que culminou no recebimento do prêmio Nobel de Literatura em 1997 como reconhecimento de sua obra.

Escrita no início dos anos 70, Fó partiu de um caso verídico, o “suicídio” de um anarquista acusado de colocar uma bomba numa estação ferroviária matando 16 pessoas.

Saber das razões fatuais desse trágico acontecimento não é necessário para melhor entender o texto de Fó. Sua engenhosidade, sua capacidade de escrever diálogos cortantes, de criar tipos os mais diversos dentro de uma mesma peça representados por um mesmo ator, aliado a um profundo senso cômico, dão dimensão universal ao texto.

A polícia na impossibilidade de achar os verdadeiros culpados e pressionada pela opinião pública, prende um anarquista ferroviário e lhe imputa toda a culpa. O caso estaria facilmente resolvido se não houvesse uma morte; a imprensa e a sociedade exigem o total esclarecimento do caso. No Brasil tivemos um caso em nossa história recente – do jornalista Wladimir Herzog -, morto nos porões da ditadura militar. A versão oficial foi a de que ele teria cometido suicídio, sabemos muito bem o significado dessa farsa macabra.

A questão central da peça é o não cumprimento dos poderes de Estado para os quais foram constituídos, ou melhor, é sobre o uso abusivo de suas funções e prerrogativas.  O executivo, o legislativo e o judiciário, não podem ultrapassar seus limites e atribuições. Infelizmente a vida cotidiana, a realidade dos fatos vividos pelo cidadão comum desmancha no ar a eficácia e a independência de suas instituições deixando os cidadãos atônitos.

A universalidade do texto de Dario Fó se revela oportuna no Brasil dos dias hoje. Por sermos uma democracia recente, ainda estamos, a cada eleição, fortalecendo nossas instituições. As CPIs, invenção inglesa que ganhou notoriedade por nossas terras, já se transformaram em espetáculos midiáticos. A impressa que deveria se ater aos fatos, fazer um jornalismo apresentando todos os lados da questão aproveita-se dos conflitos, tira partido das situações, toma posições veladas e faz o espetáculo. E mais, se arvora a ocupar o lugar de uma justiça morosa e ineficiente, e sem escrúpulos acusa, julga, condena ou absolve como melhor lhe aprouver em consonância com seus interesses.

Creio ser este o cerne e atualidade do texto de Dario Fó. O personagem do Louco, cuja maior aspiração é representar um juiz como ponto alto de sua carreira, pois já se passou por médico cirurgião, psiquiatra, bispo, engenheiro naval, capitão do exército entre outros diz: “Ah! Como eu gostaria de ser um magistrado! Juiz é melhor de todas as profissões! Aqueles srs e sras sérios, compenetrados, circunspectos, vestindo aquelas togas esvoaçantes de cetim preto que brilham até no escuro. Tal personagem tem o poder de destruir ou salvar alguém como e quando quiserem. Ditam, legislam, sentenciam, decretam… e são sagrados também! Juiz é a profissão, o personagem, que eu daria qualquer coisa pra representar, pelo menos uma vez na vida! ”

Investido desse poder, o Louco, vai revisar o processo que está arquivado sobre a morte do anarquista. Desconstrói a farsa do inquérito, pois se a máxima diz que “se está nos autos, está no mundo”, a negação também deveria ser verdadeira, “se não está nos autos não está no mundo”, e nós sabemos que não é bem assim. “Vamos colocar isso no inquérito? Não. Não vamos, Ah! Coloque isso, mas não tem provas, não tem problema”. O direito como ciência positiva está longe de infalibilidade, afinal, sua formulação é feita por humanos que atendem e tem interesses e não hesitam em dar um caráter bem relativo aos fatos ao sabor de sua conveniência. A montagem de um inquérito é fundamental para que se faça justiça; o juiz julga a partir dos autos, das provas e das circunstancias para atenuar ou agravar uma pena.

O texto de Dário Fó é um recorte crítico e contundente naquele que deveria ser um dos pilares da vida democrática, uma polícia e um judiciário que garantissem a todos o conceito de República, onde todos somos iguais perante a lei. E não importa credo religioso, convicções políticas, poder econômico e posição social. Afinal, somos todos cidadãos com direitos e deveres.

SERVIÇO
Morte Acidental De Um Anarquista
Data: 29/Agosto
Horário: Sábado – 21h
Teatro Municipal Lulu Benencase
End: Rua Gonçalves Dias, 696 – Jardim Girassol
Informações: (19) 3461-3045 – www.teatrogt.com.br

Valores:

  • Inteira: R$ 60,00
  • Meia-Entrada: R$ 30,00
  • Bônus: R$ 30,00

*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

 

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