A Fundação Clóvis Salgado inaugura, no dia 17 de abril próximo, três exposições selecionadas pelo Edital de Ocupação dos Espaços do Palácio das Artes 2015. Os artistas Adriana Maciel, Nydia Negromonte e André Griffo exibem trabalhos inéditos nas Galerias Arlinda Corrêa Lima, Genesco Murta e no Espaço Mari’Stella Tristão.
As propostas foram selecionadas entre mais de 200 projetos inscritos, por uma banca composta pelos artistas Márcio Sampaio e Francisco Magalhães e o jornalista especializado em artes plásticas, Sergio Rodrigo Reis. O julgamento da comissão se baseou nos critérios de qualidade e contemporaneidade, relevância estética e conceitual, originalidade e ineditismo em Belo Horizonte e adequação ao espaço físico pretendido.
A iniciativa, já consolidada como um evento de destaque no cenário artístico do estado e do país, busca fomentar a produção artística contemporânea em todo o Brasil. “Em sua oitava edição, buscamos propostas que instiguem o público a indagações, ações e possibilidades reflexivas”, destaca Uiara Azevedo, Gerente de Artes Visuais da Fundação Clóvis Salgado.
Artistas como Andrea Lanna, Sylvia Amélia, Aretuza Moura, Fernanda Goulart, Inês Linke, Rodrigo Zeferino, Adriano Gomide, Mônica Sartori, Pedro David, Daniel Senise, Laerte Ramos, Marco Paulo Rolla, Raquel Schembri, Dimas Guedes e o Coletivo Piolho Nababo também já tiveram seus trabalhos selecionados em outras edições desse Edital.
Os selecionados contam com apoio da FCS para publicação de catálogo e material educativo, assessoria de imprensa e ajuda de custo para a produção das exposições.
SOBRE AS EXPOSIÇÕES
- COM-PARTIMENTOS, de Adriana Maciel
Galeria Arlinda Corrêa Lima
A exposição é composta por 25 obras, sendo 14 telas, 8 objetos e 1 instalação. Partindo de pequenos croquis, escritos e registros da memória, Adriana Maciel produz imagens pictóricas numa relação entre pintura e arquitetura, interagindo sempre com o espaço da galeria. Utilizando o caráter paradoxal da tela em branco, a artista busca remeter à ideia de vazio e lapso para construir imagens, considerando que a ausência também tem potência imagética e possibilidade de aparição.
Frestas e nichos são utilizados para conduzir o olhar do visitante e auxiliar no diálogo com as estruturas do espaço. Dessa forma, o olhar é induzido para dentro das telas. “Através dessa relação entre o silêncio e o vazio, faço um convite ao espectador para que ele construa o seu próprio universo dentro da tela e tenha experiências subjetivas e individuais”, explica Adriana.
A exposição compreende uma atmosfera extremamente psicológica, mantendo diálogo entre as obras, mas sem estridência. Mesmo com trabalhos silenciosos, a mostra de Adriana Maciel é rica em sutilezas de tons e nuances, e seus brancos estão constantemente impregnados de outras cores.
Sobre a artista
Mineira de Belo Horizonte, Adriana Maciel formou-se em Artes Plásticas pela Escola de Belas Artes da UFMG, em 1991. Atualmente, reside no Rio de Janeiro, onde participou do Núcleo de Aprofundamento em Pintura, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, em 1994 e 1995. Desde então, teve seu trabalho exposto em diversas mostras individuais e coletivas. Suas obras representam detalhes de espaços arquitetônicos, geralmente intimistas, embora adquiram em seu trabalho uma escala grandiosa. Expôs no Paço Imperial no Rio de Janeiro em 1997. Em 2003, participou do 28º Salão de Arte de Ribeirão Preto, em São Paulo.
- OCIDENTE, de Nydia Negromonte
Galeria Genesco Murta
A exposição se baseia no binário Ocidente/Oriente, partindo de uma noção que extrapola as tensões geográficas. A proposta da artista é ancorada na etimologia das palavras, vindas do Latim, e que pressupõem, entre outras coisas, as relações claro/escuro, visível/ofuscado, criação/destruição. O lusco-fusco, característica própria do Ocidente, conduz o experimento. Segundo a artista, nesse momento, termos sensações e noções dicotômicas que se encontram. Aquilo que a vista não alcança nessa transição é objeto de estudo de Nydia, que é recolhido, estudado e mensurado em um laboratório de sensibilidades. “Busco registrar a mudança do estado de falência se contrapondo ao renascimento, demonstrando a potência da vida”, explica a artista.
O resultado dessa investigação são esculturas e fotografias, que registram a transição por meio de operações matemáticas gravadas em mármore, covas perfuradas numa superfície de algodão e legumes esfaqueados, fundidos em bronze.
Utilizando táticas de orientação e desorientação no espaço, os trabalhos incorporam a fragilidade das matérias vivas e evidenciam as transgressões dos materiais mortos. A partir de observações que geram ações e processos congelados, por meio de diversas estratégias imagéticas, a artista interfere em objetos mumificando-os e desmumificando-os, trazendo um novo sopro de vida ou interrompendo o seu tempo natural.
Utilizando a memória fotográfica como matéria-prima que pode ser reconstruída, a imagem é colocada como um objeto que fornece informações sobre a memória.
Sobre a artista
Formada em Desenho pela Escola de Belas Artes da UFMG, Nydia Negromonte nasceu no Peru, mas foi criada no Brasil. Atualmente, reside e trabalha em Belo Horizonte. Especializou-se na Espanha, na Escola de Belas Artes da Universidade de Barcelona. Entre 1999 e 2001, foi artista residente no Atelier HANGAR, em Barcelona. Trabalha com desenho, escultura, instalação, fotografia, vídeo e intervenções. Participou de importantes mostras, como ARCO, Feira Internacional de Arte Contemporáneo, em Madrid, e em 2012 realizou a exposição individual “Lição de Coisas”, no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte. Ainda em 2012, integrou a 30ª Bienal de São Paulo, “A Iminência das Poéticas”, com curadoria do venezuelano Luis Pérez-Oramas.
- INTERVENÇÕES PENDENTES EM ESTRUTURAS MISTAS, de André Griffo
Espaço Mari’stella Tristão
É do encontro de ideias, realidade e ressignificações que surge a exposição Intervenções Pendentes em Estruturas Mistas, que marca a estreia de André Griffo em Belo Horizonte. As doze obras que compõem a mostra variam entre pinturas, desenhos e instalações. Elas são o resultado de um trabalho de redefinição de objetos feito por André, que procura ampliar a relação função/sentido. A mostra procura traçar um diálogo entre diferentes linguagens em um método de progresso simultâneo onde são usados a pintura e o desenho como meios para o planejamento de instalações.
Em uma de suas pesquisas o artista procurou buscar relações entre os objetos encontrados na paisagem rural com estruturas e objetos mecânicos, onde são realizadas intervenções com o uso de ferramentas e máquinas de baixa tecnologia que resultam em estruturas mistas, eletro-mecânicas ou não, de articulações e movimentos simples.
Outra vertente é o estudo de elementos e espaços arquitetônicos. Em um processo analítico são reunidas informações trazidas de lembranças pessoais e da paisagem cotidiana e deslocadas para uma nova narrativa, através de pinturas e desenhos.
A metodologia aplicada ao seu trabalho é semelhante à utilizada por pessoas que vivem em ambientes com limitações de recursos: a maneira experimental de adquirir conhecimento, os reparos, as construções funcionais e o aproveitamento dos materiais disponíveis. É a engenhosidade da adaptação e segundo o artista esses métodos são carregados de soluções poéticas e por isso base de sua pesquisa. “Durante dois anos, ocupei uma oficina/depósito de equipamentos dentro de uma propriedade rural buscando estabelecer uma linguagem artística própria. Para isso, busquei ressignificar diferentes materiais, e dar outra funcionalidade para eles”, explica André, que iniciou os estudos para esses trabalhos em 2009.
Local: Palácio das Artes – Av. Afonso Pena, 1537, Centro
Galeria Arlinda Corrêa Lima – COM-PARTIMENTOS, de Adriana Maciel
Galeria Genesco Murta – OCIDENTE, de Nydia Negromonte
Espaço Mari’stella Tristão – INTERVENÇÕES PENDENTES EM ESTRUTURAS MISTAS, de André Griffo
Data: 17 de abril a 7 de junho de 2015
Horário: De terça-feira a sábado, de 9h30 às 21h; Aos Domingos, de 16h às 21h
Preço: Acesso gratuito
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