Após chamar atenção com o single de estreia, “Mergulho”, o duo carioca Dulcineia Enferrujada continua celebrando a diversidade e os ilimitados caminhos possíveis com a nova canção, “Deixa Colorir”. A composição traz outros horizontes e amplia os olhares sobre nossas escolhas e decisões, refletindo sobre desejos e sonhos reprimidos por receio de opiniões alheias. O single já está disponível nas principais plataformas de streaming, por meio do selo Cantores del Mundo.
Antecipando seu primeiro álbum de estúdio, a ser lançado ainda este ano, Gabriel Alyrio e Tiago Tortora são uma dupla há 12 anos. O relacionamento amoroso e musical vai ganhar forma em Dulcineia Enferrujada, projeto que engloba raízes da MPB com a vivência de cinco anos na Suíça. Essa bagagem está presente em “Mergulho”, que mostra as preocupações de quem retorna a um lar envolto por crise política e econômica. Já “Deixa Colorir” traz a leveza de quem se permite viver no momento, sem se preocupar em atrair olhares por ser quem é. Para isso, trouxeram sua própria experiência como um casal homossexual, indo na direção contrária do conservadorismo que tem guiado a pauta de direitos humanos. Ao preconceito, Tiago e Gabriel respondem abraçando as diferenças e celebrando as mais diversas cores e amores.
“Essa música é sobre a liberdade pessoal, sobre deixar colorir a vida com novos pontos de vista e de não assumir nada como fixo, já que tudo é transitório, até as visões do que é possível e impossível. Sobre deixar acontecer o que no fundo queremos que aconteça e que muitas vezes nos impedimos por medo ou por algum conceito em nossa cabeça. Fala sobre deixar ser quem se é, abrir a alma para aceitar as diferenças e assim conseguir compreender um pouco mais sobre esse mundo complexo, ter mais compaixão com a vida e não ter problemas em mudar de ideia. Estamos evoluindo o tempo todo, mudando aqui e ali o que pensamos sobre as coisas e como reconhecemos o mundo. Trata também da dualidade da verdade, como o que reconhecemos como certo e errado, bom e ruim, depende do nosso ponto de vista e são apenas variações de uma mesma escala”, revela o duo.
Para dar vida a essa reflexão, a produção musical, assinada por Guilherme Marques (Qinho, BEL e Biltre), comanda um time de peso da cena carioca: além de dividir o vocal com Tiago, Gabriel toca flauta transversa, enquanto a guitarra suingada de Diogo Sili se encontra com a bateria de Lourenço Vasconcellos. O próprio Marques assina baixo synth, teclado e base eletrônica. Esse encontro de diferentes influências é um caldeirão que dará forma à musicalidade plural de Dulcineia Enferrujada. O nome vem da música de Tom Zé, “Dulcineia Popular Brasileira”, e da personagem fictícia Dulcineia, do romance Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, explicitando as diferentes veias criativas que impulsionam o trabalho do duo.
O álbum de estreia criará um arco cronológico que irá contar a história desses mais de 10 anos de união. As canções atravessam as memórias dos dois desde o início da relação, conhecendo um ao outro e desbravando experiências, a mudança para a Suíça, onde viveram entre o sonho e a realidade, a saudade e a interdependência e, finalmente, a volta ao Brasil e o entender-se artista num cenário cada vez mais adverso para a cultura e para a comunidade LGBTQIA+.
O produtor Guilherme Marques, junto do cantor, compositor e pesquisador musical Arthus Fochi, gere o selo Cantores Del Mundo. Cedido a Fochi em 2015 por Tita Parra, neta de Violeta Parra, busca unir a sonoridade brasileira com a de países vizinhos, promovendo um intercâmbio de culturas e instrumentos que já têm muito em comum. O selo lançará o álbum do Dulcineia Enferrujada em 2019.