Protagonizado por Golshifteh Farahani, filme “DE VOLTA” teve sua estreia adiada. Nada (Golshifteh Farahani, de PATERNSON) é uma libanesa que volta ao seu país natal depois de anos vivendo fora. Mas o que pareceu ser um retorno às raízes se transformou em um novo recomeço num país que já não era mais o mesmo que ela deixou. “DE VOLTA”, de Jihane Chouaib – GO HOME no original – relata o retorno dessa jovem mulher a um passado assombrado por uma guerra civil e a busca de si mesma. Nada quer descobrir o que aconteceu com o seu avô, que desapareceu misteriosamente durante a guerra.
– Eu faço filmes para revelar personagens femininas em busca do absoluto. Mulheres que não se conformam com a realidade. Quando Nada aparece para nós, ela é fechada, teimosa e estranha. Guiada por uma integridade tão forte, que ela recusa todos os compromissos. Ela é uma estranha no seu próprio país. Sua família está dividida, a casa onde passou a infância está devastada, vandalizada, afogada em lixo. No entanto, Nada tenta consertar as coisas. Ela ainda não sabe o que está fazendo, mas está seguindo adiante. Ela briga, ela tenta, e ela se arrisca. Ela é uma sobrevivente, assombrada por uma dor que ela não entende – explica a diretora.
Para o papel da protagonista, foi escolhida a atriz que é iraniana, e não libanesa. Golshifteh Farahani fez uma leitura própria da personagem, imergiu completamente no mundo dela e aprendeu o dialeto libanês. Segundo a diretora, ela deu vida a Nada. “Golshifteh tem uma presença extraordinária, literalmente. Com sua beleza, seu mistério, a transparência e a pureza da sua atuação. Ela é mágica, e essa mágica é a âncora do filme fora de uma realidade básica. Não estamos somente olhando para Nada, estamos vislumbrando sua alma”, elogiou Jihane.
Por fim, a diretora explica que a inspiração para fazer o filme veio de uma imagem que a assombra há mais de 10 anos. “Eu tinha em mente uma cena de uma menina plantada em um jardim cheio de lixo. Eu queria entender o que ela tinha a dizer. No filme, as pilhas de lixo no jardim são como tampas colocadas na memória da guerra. Eu queria confrontar a amnésia coletiva do Líbano, país onde 17 mil pessoas desapareceram durante a guerra civil”, desabafa.
– ’Go home!’ [volta para casa!] é uma expressão muito ouvida quando se é imigrante. ‘Vá pra casa, volte para onde você vem’. E um dia você volta para o seu país natal e escuta de novo ‘vá pra casa’. Você não é mais dali porque você mudou, o país mudou. O que é ‘casa’ hoje? Existe uma nova maneira de defini-la? O que significa ‘pertencer’ em um momento de constante migração? Além do Líbano, onde o filme se passa, ‘DE VOLTA’ tem várias origens, como eu – conclui a diretora.