O Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo exibe até 22 de janeiro a “Mostra Depardon Cinema”, com curtas, médias e longas-metragens produzidos e dirigidos pelo fotógrafo e cineasta francês Raymond Depardon, entre 1969 e 2017. Além das obras, dia 18, haverá uma palestra sobre o cineasta após a exibição de “12 Dias”, último filme de Depardon exibido no Festival de Cannes no ano passado. A entrada é franca e basta retirar a senha uma hora antes da sessão.
O francês Depardon, de 75 anos, em seus quase 50 anos de carreira, tem abordado temas diversos em suas obras, como o cotidiano, o mundo rural, a política, a justiça e a psiquiatria. Entre os filmes sobre o universo psiquiátrico, podem-se destacar “San Clemente”, “Urgences” e “12 Dias”. O mundo rural, por sua vez, está retratado na série “Perfis Camponeses”, composta por três longas, realizados entre 2000 e 2008. O sistema judiciário aparece em “Presos em Flagrante” e “Instantes de Audiência”. Já o mundo político é representado em “1974” e em “Um Presidente em Campanha”, enquanto a vida cotidiana francesa é apresentada, sempre com um olhar humanista, em “Jornal da França” e “Os habitantes”.
Além do olhar de Depardon para os diversos temas, o público poderá conhecer também um pouco de seu autor. No curta de 2005, “Alguma novidade em Garet”, o diretor e seu irmão conversam sobre seus pais e seu trabalho na fazenda da família que é posta à venda. Já em “Un moment si doux”, de 2013, traz uma entrevista do cineasta sobre a exposição “Un moment si doux” que está em cartaz no Centro Cultural do Banco do Brasil do Rio de Janeiro até dia 5 de fevereiro.
A produção é da Bonfilm.
SOBRE RAYMOND DEPARDON
Fotógrafo e repórter, Raymond Depardon, filho de fazendeiros, nascido em 1942 na França, fez as suas primeiras fotos aos 12 anos na fazenda dos seus pais. Mudou-se para Paris em 1958 e entrou na Agência de imprensa Dalmas em 1960. Depois, viajou o mundo a partir da idade de 18 anos em busca de belos momentos fotográficos. A cada retorno, trazia na bagagem fotos impactantes que, muito rapidamente, foram reconhecidas por todos os profissionais e publicadas em jornais famosos.
O CINEASTA
Em mais de 30 anos, Raymond Depardon construiu uma obra maior, além de modismo, que explora incansavelmente o mundo, os homens e as grandes problemáticas do nosso tempo.
Ele foi um dos últimos documentaristas a defender o uso da lente de 35 mm, o que dá a sua obra uma qualidade e uma dimensão espetacular.
Pode-se dizer também que ele foi um dos únicos documentaristas franceses a ter o ambicioso projeto de mostrar o que é a França durante esses 30 últimos anos. Além de escolher temáticas do seu interesse pessoal e imediato, acompanhou a história do país com uma consciência aguda do papel do cineasta e de sua enorme responsabilidade social. Isso prova que ele tinha a convicção profunda de que o cinema não é uma arte fútil e que tem o dever de deixar marcas e testemunhas essenciais para entender o mundo.
Em toda sua obra cinematográfica, Depardon reivindicou a neutralidade. Filmou muitas pessoas desesperadas ou sofridas, em situações muito difíceis, mas em nenhum momento demostrou uma curiosidade perversa ou buscava comover o espectador. Ele filma os seres humanos, seu carácter único e opaco e, ao mesmo tempo, uma coisa mais ampla, mais inconsciente, que mistura sua liberdade e o que o determina. Depardon não busca uma comunicação imediata ilusória com as pessoas filmadas, não procura uma cumplicidade com o espectador. Cada sequência filmada adquire imediatamente a dignidade de um documento sobre um fragmento do “humano” em todo a sua complexidade, e torna-se uma captação de um pedaço da realidade, sobre a qual ele se proíbe ter qualquer preconceito ou ponto de vista ideológico.
O FOTÓGRAFO
Depardon começou a fotografar no final dos anos 50 na agência Dalmas, para a qual chegou a cobrir as guerras da Argélia e do Vietnã. Em 1966, montou com Gilles Caron sua própria agência, a Gamma e, em 1978, ingressou no time da famosa agência Magnum, onde está até hoje. A maioria de suas obras é em preto e branco, mas também fotografou a cores desde o início da sua carreira.
CCBB SP: MOSTRA DEPARDON CINEMA até 22/01/2018
Horário: Quarta-feira a segunda-feira, a partir das 15h
Entrada franca*.
Retirada de ingressos para a mostra 1 hora antes do início da sessão.
CCBB SÃO PAULO
Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro. São Paulo-SP
Acesso ao calçadão pelas estações Sé e São Bento do Metrô
*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.