“Quem é do crew dele?”, pergunta o rapper Far’Hook (Sadek) ao seu companheiro de viagem, o amargurado e preconceituoso Serge (Gérard Depardieu), depois de ser questionado se conhecia Vernet, famoso pintor francês do século 18. O diálogo disponível logo abaixo faz parte de Tour de France, que estreia hoje, 13, no Rio e em São Paulo. Na cena, fica claro que o rapper desconhecia quem foi o artista para o desespero de Serge. No longa-metragem, os dois percorrem os passos de Vernet, que retratou portos ao redor da França em seus quadros a pedido de Luís XV. Com distribuição da Bonfilm, o filme participou da programação do Festival Varilux de Cinema Francês de 2017.
Deslumbrado com o visual do porto, o jovem compara a paisagem atual com a da obra do famoso pintor: “Parece que nada mudou. Ao mesmo tempo, tudo mudou”. Por mais que tenham tantas discrepâncias de personalidade, os dois começam a enxergar o ponto de vista do outro. “Ele não é tão idiota assim. É verdade que nada mudou. São as mesmas torres, a igreja, o campanário”, reflete Serge sozinho depois do comentário do rapper. “Tour de France” é o segundo longa-metragem do diretor Rachid Djaïdani. Além de Gérard Depardieu e Sadek, o elenco conta com nomes como Louise Grinberg, Yasiin Bey e Nicolas Marétheu.
Com personalidades e ideologias totalmente divergentes, os dois percorrem juntos um ‘Tour de France’ por onde passou Vernet, pintor francês do século 18 encarregado por Luís XV de pintar os portos da França. O que nenhum deles esperava é que criariam laços afetivos e descobririam afinidades. Além de Gérard Depardieu e Sadek, o elenco conta com nomes como Louise Grinberg, Yasiin Bey e Nicolas Marétheu.
De acordo com o diretor Rachid Djaïdani, além dos personagens, o filme é uma mistura de materiais, entre a pintura que é essa arte ancestral de traçar com a mão e o rap que é a poesia da oralidade do presente. No filme, ouve-se rap, a Marselhesa, hino da França, e ainda os cantores franceses Serge Reggiani e Serge Lama. Ele conta que “foi criada uma verdadeira linguagem musical. (…) Cada palavra ecoa com força em nossos ouvidos, como uma diatribe de Molière zombando de um rei”.
Depois de lançar o seu primeiro longa-metragem “Rengaine”, que filmou sozinho durante nove anos, o diretor rodou “Tour de France” com um orçamento maior e com a atuação de Gérard Depardieu, nome consagrado do cinema francês. Segundo Rachid Djaïdani, o que une os dois personagens principais é uma falta de amor.
A relação que Djaïdani criou com Depardieu, com atuação em mais de 200 filmes e séries, é de respeito: “Agora, com ele, não tenho mais medo da escuridão do cinema”, reflete o diretor. Premiado com o Globo de Ouro e o César por duas vezes como melhor ator, Depardieu explica como foi a sua preparação para interpretar um homem forte e etnocêntrico como Serge.
Em seu primeiro filme, Sadek explicou como fez para encarnar o personagem: “Far’Hook é um rapper consciente, com um olhar para o mundo que ele quer mudar. Enquanto eu, Sadek, sou diferente. Simplesmente. O personagem me permitiu ter um olhar mais desgastado, mas com uma esperança para a humanidade.
No mês de junho, o filme “Tour de France” foi exibido em mais de 55 cidades do Brasil durante o Festival Varilux Francês de 2017 e ainda contou com a vinda de Sadek.