Premiado documentário de Vincent Carelli, ‘Martírio’ chega ao Brasil

Dirigido pelo cineasta e indigenista Vincent Carelli, em colaboração com Ernesto de Carvalho e Tita, MARTÍRIO refaz o percurso da insurgência pacífica e obstinada dos Guarani e Kaiowá pela retomada de seus territórios sagrados. Com estreia marcada para o dia 13 de abril, distribuído através do projeto Sessão Vitrine Petrobras, o longa traz o testemunho e a memória de mais de um século de massacres e da omissão do Estado brasileiro frente ao genocídio em curso no Mato Grosso do Sul.

Valendo-se de arquivos históricos e de imagens produzidas por Carelli junto aos Kaiowá ao longo de 10 anos, o filme busca edificar uma nova história, remontando às origens das políticas indígenas do Estado desde a Guerra do Paraguai, dos sucessivos projetos de integração dos índios ao sistema de trabalho, até o massacre forjado pelo agronegócio e a bancada ruralista nos tempos atuais.

MARTÍRIO apresenta-se como um testemunho. Narrado em primeira pessoa, traz a memória afetiva e de militância do diretor junto aos Guarani e Kaiowá, que a partir de seus próprios relatos revelam a luta política, a resistência espiritual e a profunda ligação com a terra à qual pertencem. Ao tomar posição deliberadamente, MARTÍRIO nos chama à responsabilidade e convoca ao enfrentamento.

Com enorme repercussão no circuito cinematográfico, foi aclamado e premiado em inúmeros festivais e mostras no Brasil e no mundo, tendo sido um dos grandes destaques do Festival de Brasília em 2016, onde ganhou o prêmio do público de Melhor Filme de longa-metragem e o Prêmio Especial do Júri Oficial.

A grande marcha de retomada dos territórios sagrados Guarani Kaiowá através das filmagens de Vincent Carelli, que registrou o nascedouro do movimento na década de 1980. Vinte anos mais tarde, tomado pelos relatos de sucessivos massacres, Carelli busca as origens deste genocídio, um conflito de forças desproporcionais: a insurgência pacífica e obstinada dos despossuídos Guarani Kaiowá frente ao poderoso aparato do agronegócio.

NOTAS DO DIRETOR:

Todo dia, bate à porta das nossas consciências, através das redes sociais, a notícia de um assassinato brutal, de um violento despejo. Do outro lado, na grande imprensa, nas sentenças judiciais, nos discursos dos lobbistas do agronegócio, vemos a ignorância ou omissão total da história, a inversão cínica de papéis se apropriando da palavra “resistência”, frente ao suposto “terrorismo” dos índios. Fazer Martírio se tornou uma compulsão necessária para mim, que tenho a vida atada à deles, para Ernesto e Tita, que me acompanharam nessa jornada. Um compromisso moral, ético, político, e sobretudo afetivo, com os povos Guarani Kaiowá.

Vincent Carelli.

Sobre o diretor e codiretores:

VINCENT CARELLI

Cineasta e indigenista, Vincent Carelli fundou, em 1986, o Vídeo nas Aldeias, projeto que apoia as lutas dos povos indígenas para fortalecer suas identidades e seus patrimônios territoriais e culturais por meio de recursos audiovisuais. Desde então, produziu uma série de 16 documentários sobre os métodos e resultados deste trabalho, que têm sido exibidos por televisões públicas em todo o mundo. A Arca dos Zo’é (1993), um de seus primeiros filmes, foi premiado em diversos festivais, entre eles o 16o Tokyo Video Festival e o Cinéma du Réel. Em 2009, Carelli lança Corumbiara, grande vencedor do 37o Festival de Gramado, sobre o massacre de índios isolados em Rondônia, primeiro filme de uma trilogia em desenvolvimento que traz seu testemunho de casos emblemáticos vividos em 40 anos de indigenismo no Brasil. Martírio é o segundo filme desta série que se encerra com a realização do longa-metragem Adeus Capitão, trabalho em fase de desenvolvimento.

ERNESTO DE CARVALHO

Ernesto de Carvalho é realizador de cinema, antropólogo e fotógrafo. Nos últimos 10 anos tem trabalhado oferecendo oficinas de vídeo junto a diversas comunidades indígenas pelo Brasil, ligado ao projeto Vídeo nas Aldeias. Sempre em engajamento colaborativo, foi diretor de fotografia de “O Mestre o Divino” (2013), de Tiago Campos, dirigiu com Ariel Ortega, Patricia Ferreira e Vincent Carelli “Desterro Guarani” (2011), e montou “Já me transformei em imagem” (2009), entre vários outros filmes premiados. Tem participado também da produção audiovisual militante ligada ao Movimento Ocupe Estelita, que resultou em curtas de ampla circulação na internet, entre eles “Recife, Cidade Roubada” (2014).

TITA

Tita é montadora de cinema e vídeo. Entre seus principais trabalhos estão o longa “Avenida Brasília Formosa” e o curta “As Aventuras de Paulo Bruscky”, ambos dirigidos por Gabriel Mascaro; o média “Balsa”, dirigido por Marcelo Pedroso; e as videoinstalações “O peixe”, “O levante”, “4.000 disparos” e “Pacífico”, do artista plástico Jonathas de Andrade. Desde 2009, colabora ativamente com o projeto Vídeo nas Aldeias, dedicando-se à montagem de filmes e às oficinas de formação audiovisual. Seu mais recente trabalho na instituição foi a realização da obra “O Brasil dos índios: um arquivo aberto”, videoinstalação concebida para a 32a Bienal de SP, em parceria com Ana Carvalho e Vincent Carelli.

Prêmio e Festivais
49º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO
– Melhor Filme de longa-metragem | Prêmio do Júri Popular
– Prêmio Especial do Júri Oficial
– Prêmio Marco Antônio Guimarães

40a MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO
– Melhor Documentário Brasileiro (Prêmio do Público)
– Prêmio Spcine para o Cinema Brasileiro de Melhor Documentário

IX JANELA INTERNACIONAL DE CINEMA DO RECIFE
– Melhor Filme (Júri Oficial)
– Melhor Imagem (Júri Oficial)

31o FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINE DE MAR DEL PLATA
– Melhor Longa-metragem da Competitiva Latino-americana

PACHAMAMA Cinema de Fronteira 2016
– Melhor filme (Prêmio do Júri)
– Melhor filme (Prêmio Universidade Federal do Acre)

14o FestCine Amazônia
– Prêmio Mapinguari de Melhor Longa-metragem

13o FESTIVAL DE CINEMA DO VALE DO IVINHEMA
– Prêmio Especial do Júri

Aldeia SP – Bienal de Cinema Indígena (Filme de Abertura)
XII Panorama Internacional Coisa de Cinema
PLANETA.doc Festival Internacional de Cinema Socioambiental 2016
Forumdoc.BH 2016
Festival Kinoarte de Cinema
VII Mostra de Cinema da Amazônia
8ª Semana dos Realizadores
Festival Internacional de Cine de San Cristóbal de las Casas
10ª Mostra Cine BH
Vitória Cine Vídeo
Amazonas Film Festival
Vivo Open Air
20ª Mostra de Cinema de Tiradentes
Cinéma du Réel 2017
GRABA Festival Audiovisual de Mendoza

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *