No dia 11 de setembro (domingo), o cinema do IMS-RJ exibirá, em 35 mm, os filmes Nanook, o esquimó (1922) (foto), de Robert Flaherty, Ninotchka (1939) (foto), de Ernst Lubitsch, e Iracema, uma transa amazônica (1974), de Jorge Bodanzky e Orlando Senna. Os três fazem parte da obra Why the Lion Roars, do artista albanês Anri Sala (Tirana, 1974), e integram a programação da exposição Anri Sala: o momento presente, que entra em cartaz no Instituto Moreira Salles no dia 10 de setembro (sábado).
Em setembro de 2015, durante a visita de Sala ao Rio de Janeiro para a preparação da sua exposição, foi proposto ao artista que escolhesse um conjunto de quatro filmes, uma carta branca para que ele indicasse as obras e os cineastas de sua preferência, como uma espécie de complemento à mostra. Diante do convite, Sala fez uma contraproposta: ao invés de listar suas influências, sugeriu que fossem exibidos alguns filmes que fizeram parte de seu trabalho Why the Lion Roars (em português: Por que o leão ruge).
Comissionada pela prefeitura de Paris, Why the Lion Roars foi montada pela primeira vez no espaço Centquatre-Paris em 2008. Tratava-se de uma obra com uma projeção audiovisual contínua, composta por uma seleção de 57 filmes, para os quais o artista atribuiu uma temperatura em graus Celsius, entre -11 e 45 para cada. Um termômetro instalado do lado de fora do espaço expositivo monitorava a temperatura local e, a cada mudança registrada, um mecanismo de edição simultânea interrompia o filme que estava sendo exibido. Ele era substituído pelo correspondente à nova temperatura marcada, que, por sua vez, começava do ponto em que havia parado pela última vez.
Anri Sala: o momento presente é a primeira apresentação ampla no Brasil do artista Anri Sala, um dos nomes mais importantes no cenário contemporâneo internacional. Trata-se de um projeto que compreende duas exposições no Instituto Moreira Salles. A primeira delas abrirá na sede do IMS do Rio de Janeiro no dia 10 de setembro, e a segunda exposição ocorrerá na nova sede do IMS na avenida Paulista, no segundo semestre de 2017.
As duas mostras – com listas de obras distintas, pois foram elaboradas em diálogo com as características de cada espaço – explicitam a dimensão política e ao mesmo tempo sensível da obra de Sala, por meio de instalações, vídeos, fotografias e objetos. Por um lado, o espectador é levado a avaliar criticamente o momento atual a partir de um ponto de vista histórico; por outro, é impactado sensorialmente por meio do som. As exposições reunirão obras de diferentes fases, mas se concentrarão principalmente em videoinstalações sonoras, tais como Long Sorrow (2005), Answer Me (2008), Le Clash (2010) e Tlatelolco Clash (2011).
Na sede carioca do IMS, Anri Sala invadirá as salas e os jardins da antiga residência do embaixador Walther Moreira Salles com uma música dissonante e aparentemente improvisada. A exposição no Rio de Janeiro tem como foco o diálogo das obras de Sala com a arquitetura modernista da casa projetada por Olavo Redig de Campos em 1951. Ali, o artista potencializa a experiência do público em relação ao espaço, propondo uma nova forma de circulação, bloqueando passagens usuais e induzindo o visitante a percorrer áreas externas pouco habitadas. Numa intervenção ainda mais direta, ele substituiu uma das vidraças que dão para o pátio interno da casa pela obra No Windows No Cry (Olavo Redig de Campos, Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro) (2016).
Outro destaque é a instalação sonora Bridges in the Doldrums (2016), criada especialmente para esta exposição. Mais uma vez em relação direta com a arquitetura, a obra ocupa a sala de azulejos, no interior da casa, e a varanda do painel de cobogó, na parte externa. Os dois ambientes são separados por uma porta de vidro fechada, de modo que eles são visualmente acessíveis, mas acusticamente isolados um do outro. Para chegar até a varanda do cobogó, é preciso dar a volta pela parte de fora da casa. Bridges in the Doldrums faz parte de uma série de instalações iniciada em 2005, com instrumentos de percussão que exploram a noção de simultaneidade e sobreposição por meio da manipulação de ondas sonoras.
Acompanha a mostra um catálogo com textos inéditos de Heloisa Espada, Moacir dos Anjos e Natalie Bell, além da tradução de um artigo de Jacques Rancière. A publicação estará à venda nos centros culturais do IMS e em lojadoims.com.br.
Sobre o artista
Anri Sala é um dos artistas contemporâneos de maior destaque na cena artística internacional. Nasceu em 1974, na cidade de Tirana, capital da Albânia. Estudou na Academia Nacional de Artes de Tirana e na École Nationale Supérieure des Arts Décoratifs, em Paris, de 1996 a 1998, quando começou a trabalhar com vídeo. Em 1998, deu início à pós-graduação em direção na Le Fresnoy, Studio National des Arts Contemporains.
O vídeo Intervista (Finding the Words), com o qual Anri Sala tornou-se conhecido, recebeu os prêmios de Melhor Documentário no Festival Entrevues, em Belfort, França, e no Brooklyn Film Festival, em Nova York, além de Melhor Curta-Metragem no Festival Amascultura, em Lisboa. Em 2000, o artista participou da Manifesta 3, em Liubliana, Eslovênia. Um ano depois, recebeu o prêmio de jovem artista pelo trabalho Uomoduomo (2000), na 49ª Bienal de Veneza. No ano de 2004, realizou a sua primeira grande individual, Entre chien et loup/When the Night Calls it a Day, organizada pelo Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris. Participou da 25ª Bienal de São Paulo, em 2002, e da 29ª Bienal de São Paulo, em 2010.
Em 2013, Anri Sala representou a França na 55 ª Bienal de Veneza com a videoinstalação Ravel Ravel Unravel, com a qual recebeu o 10º Prêmio Benesse. No ano seguinte, participou da retrospectiva Une histoire, art, architecture et design, des années 80 à aujourd’hui, no Centre Georges Pompidou, em Paris. No início de 2016, o artista realizou a individual Anri Sala: Answer Me no New Museum, em Nova York, com trabalhos do início de sua carreira até obras recentes. Atualmente, ele vive e trabalha em Berlim.
PROGRAMAÇÃO
11 de setembro | domingo
12h e 14h
1395 Days without Red, de Anri Sala (44’)
15h
-8°C: Nanook, o esquimó, de Robert Flaherty (79’)
17h
1395 Days without Red, de Anri Sala (44’)
18h
10°C: Ninotchka, de Ernst Lubitsch (110’)
20h
38°C: Iracema, uma transa amazônica, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna (91’)
Anri Sala: o momento presente
Curadoria: Heloisa Espada
Visitação: de 11 de setembro a 20 de novembro
De terça a domingo, das 11h às 20h
Entrada franca – Classificação livre
Visitas mediadas para grupos: agendar pelo telefone (21) 3284 7485 ou educativo.rj@ims.com.br
Instituto Moreira Salles – Rio de Janeiro
Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea
Tel.: (21) 3284-7400
INGRESSOS
R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia)
As sessões de 1395 Days without Red têm entrada franca.
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