Crackinho foi criado durante uma brincadeira entre Fábio Mozine, fundador da Läjä Records e das bandas Mukeka Di Rato, Merda e Os Pedrero, com um amigo de longa data. “Na minha juventude todo dia eu saia pra beber com um amigo. Certo dia ele me ligou pra sair e eu falei: Então, vamos tomar uma cerveja? Aí ele me disse: Não Mozine, vamos fumar crack! A partir daí a gente começou a usar a gíria: “E aí, vamos fumar um crackinho?”, quando íamos beber cerveja”.
Um tempo depois, Mozine desenhou o Crackinho com um lápis aquarelado, digitalizou, fez “um tratamento horrível de contraste e cores pra ficar bege” e colocou no extinto Fotolog da Läjä. Essa foi a primeira aparição do personagem, que rapidamente se tornou popular entre os fãs da gravadora capixaba.
Desde então, o Crackinho passou a estampar bonés, camisetas, canecas, adesivos e ganhou até um boneco personalizado. Foi assim que Mozine teve a ideia de fazer um livro de colorir. “Percebi que várias pessoas faziam seus próprios desenhos do Crackinho, os coloriam e também coloriam ou modificavam os desenhos que eu fazia e colocava na internet. Digamos que sempre utilizo o personagem pra satirizar situações, notícias e produtos. A própria existência do livro, é uma sátira a livros de colorir, e ao mesmo tempo um produto que atende quem gosta do personagem”, explica.
Mozine é responsável por todos os desenhos que ilustram o livro do Crackinho, mas quem assina o lançamento é a gravadora paulista Hearts Bleed Blue (HBB), que divulgou nesta quinta-feira (21) a pré-venda pela HBB Store. A Läjä ficará com a distribuição do livro.
Questionado sobre o que os fãs do Crackinho podem esperar dos desenhos, Mozine avisa: “É tudo muito nonsense, é difícil tentar criar uma linha logica pra coisa. Eu fiz todos os desenhos numa casa que fica numa lagoa num lugar chamado Mae Ba, a 80 km de Vitória. Essa casa é onde meus pais passam seus finais de semana, tem essa lagoa, tem a praia, tem muitos cachorros vira latas, passarinhos, árvores, e talvez isso tenha sido retratado, mas não foi uma regra. Tem ele andando de bicicleta, tem ele tipo Belchior, o que dava na cabeça eu desenhava. Detalhe: todos os desenhos saíram de primeira e não tem interferência digital, ou seja, o que saiu, saiu”.
Ciente de que o Crackinho é um personagem polêmico por si só, Mozine explica que existe muito carinho envolvido neste projeto. “Tenho um cuidado imenso com o personagem. Não sou estupido, nem burro, para fazer apologia as drogas. Só um idiota faz apologia as drogas, porque isso é crime. O personagem é nonsense, é humor, e é feito sempre com muito carinho. Tudo que lançamos dele é abraçado pelos fãs, não creio que com o livro será diferente”.