O quarteto tartarugas está de volta em mais uma aventura nos cinemas em As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras, e dessa vez eles precisam impedir à iniciativa de Krang, um ser alienígena que planeja invadir a Terra com ajuda do temível (e já conhecido) vilão Destruidor. Para conseguir tal feito os irmãos tem ajuda novamente da fiel amiga e repórter April O’Neil, juntamente com o novo integrante do ‘grupo’ de heróis de Nova York, o vigilante mascarado Casey Jones.
Despretensioso, talvez essa seja a melhor definição (pelo menos em uma palavra) para o reboot da franquia (que chega ao segundo filme), assinada pelo cineasta e produtor Michael Bay. Fica evidente o cuidado de toda produção para que o filme agrade não somente os fãs mais fervorosos dos discípulos do Mestre Splinter, mas sim uma parcela do público que busca no cinema um momento de descontração, sem necessidade de ficar atento a todos os detalhes que são colocados na história. Isso na verdade é um grande alivio para esse público alvo, que recentemente vem sendo ‘bombardeado’ por inúmeros filmes de heróis que tem tomando uma abordagem mais madura, aonde seus personagens passam por conflitos complexos, e que muitas vezes, fazem o público refletir sobre suas ações e convicções.
Em As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras vemos, até certo modo, esses mesmos elementos mas desenvolvidos de forma muito mais leve, com heróis e vilões lidando com suas escolhas de forma mais superficial (sem causar interferência/incoerência direita no roteiro), e claro se utilizando do humor de seus personagens, característica essenciais para o universo de Kevin Eastman e Peter Laird (criadores originais). Tudo isso faz com que o filme se torne melhor que seu antecessor (sem significar um espetáculo de filme), na verdade em diversos elemento, sendo uma excelente opção para o público que gosta de uma boa diversão nas telonas.
Depois de fazer sua estreia em longas com sci-fi Terra para Echo de 2014, o cineasta Dave Green apresenta (assim como trabalho de estreia) um cuidado especial com os efeitos visuais. Podemos ver nitidamente que todos os elementos em CGI do filme ganharam uma ‘acabamento’ mais harmônico, principalmente se tratando da ambientação, que foi explorada no roteiro escrito por Josh Appelbaum e André Nemec (os mesmo do longa anterior). A escolha, acertada, de levar os irmãos comedores de pizza para fora de Nova York, chegando até mesmo na Floresta Amazônica, produziu momentos com cenas interessantes aonde Dave Green se mostrou bastante qualificado, não deixando o ritmo cair e muito menos ficar confuso, mesmo em momentos aonde a movimentação de câmera e personagens se tornam mais aceleradas – como visto quando o quarteto luta em topos de prédios, e claro nas ruas em torno da megalópole norte-americana.
Fica evidente, também, o esforço em agradar os fãs, principalmente ao analisarmos os novos personagens inseridos neste segundo filme. A dupla de capangas mutantes Bebop e Rocksteady (foto) vividos pelo ator Gary Anthony Williams e o lutador de WWE Stephen Farrelly (respectivamente)- ambos transportados do desenho animado de 1987 – funcionam perfeitamente no contexto do filme, trazendo uma retratação fiel aos atrapalhados vilões e ainda proporcionando cenas engraçadas (sem se tornar excessivas).
Outro personagem bastante carismático dos desenhos/quadrinhos também aparece no filme, o ser alienígena Krang, é outro que merece destaque devido, principalmente, pela sua intimidação (não apenas por seu visual) mas sim pela entonação de voz dada por Brad Garrett – que mostra novamente seu talento em criar vozes, como as já ouvidas em filmes como Aviões (Chug) e Ratatouille (Gusteau).
Megan Fox retorna ao longa novamente vivendo a excêntrica repórter April O’Neil, que ganha mais espaço na história. Dessa vez ela é responsável, direta, pelo desenrolar da trama inicial do filme, o que exige de Fox um esforço maior na interpretação. Longe de ser apenas um rosto bonito nas telonas, Megan Fox é conhecida por escolher projetos que, normalmente, não exploram diretamente seus personagens, o que deixa dúvidas sobre sua real capacidade como atriz. Mas o maior tempo em cena ajudou a mostrar, pelo menos em determinadas situações, que Fox deveria se aprofundar e experimentar novos desafios em sua carreira, se desvinculando do rotulo criado com a franquia Transformers e outro projetos.
Por fim, Will Arnett e Stephen Amell estão confortáveis em seus personagens, Arnett vive novamente Vernon Fenwick (como maior destaque e falas mais interessantes), enquanto Stephen (conhecido por viver Oliver Queen na série televisiva) empresta seu carisma ao vigilante que utiliza máscara de hóquei, Casey Jones. Este último sendo bem explorado em novos filmes, promete proporcionar momentos interessantes para futuras tramas.
Michael Bay buscou resgatar, assim como no primeiro filme, toda essência dos carismáticos irmãos, neste ponto obteve um leve acerto. Mas devido a escolha de priorizar visual e cenas de ação características em seus filmes (que por sinal merece elogios), acaba sobrando pouco espaço para desenvolver uma história mais envolvente, mesmo que a tentativa (equivocada) de mostrar um conflito ‘familiar’ e de personalidade tenha parecido a melhor opção. As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras é melhor em diversos aspectos que seu antecessor e nitidamente foca em seu público alvo, aquele que busca no cinema um momento de descontração, sem necessariamente perder horas refletindo sobre a história que acabará de assistir. Ao analisar dessa forma, podemos dizer que esse novo filme acerta em cheio no quesito divertimento e o público tende a gostar.
Direção: Dave Green
Roteiro: Josh Appelbaum, André Nemec
Gênero: Ação | Aventura | Comédia
Distribuidora: Paramount Pictures
Elenco: Megan Fox, Will Arnett, Tyler Perry e mais.
Estreia no Brasil em: 16 de Junho de 2016
Avaliação (4/10)