A beleza e a criatividade de personagens marcantes que habitam as ruas da Lapa e da Glória, no Rio de Janeiro, ganham força e expressão na primeira exposição individual do artista visual Fernando Codeço. “Vênus nos Espelhos” reunirá dois trabalhos transmídia: uma videoinstalação sobre prática de desenho de Fernando com travestis e uma instalação e performance com vendedores de objetos garimpados no lixo. A exposição acontece na Galeria Índica, de 2 de abril a 15 de maio, com curadoria de Renato Rezende.
Com trabalhos exibidos no MAM e no Centro Cultural Banco do Brasil, o artista carioca de 31 anos leva à Índica duas de suas “antropografias”, que é como ele chama suas práticas artísticas abertas e sem fim, que tangenciam disciplinas como artes visuais, artes cênicas, etnografia, literatura e filosofia. “Mais do que um work in progress, meu trabalho é um program in progress, termo que Hélio Oiticica criou para descrever seu processo criativo processual, experimental, propositivo, sem fim e de múltiplas origens”, explica Codeço.
Uma das obras em exposição é “Olympias”, iniciada em 2006, numa referência à obra “Olympia” de Édouard Manet. O trabalho consiste em desenhar e entrevistar travestis em pontos de prostituição nos bairros da Glória e da Lapa, no Centro do Rio. Estarão em exibição cerca de 120 desenhos de campo e 120 gravuras em algodão (Sudários de Vênus).
O outro é “Ciganinha – Musa e mãe do garimpo”, um program in progress sobre Joana Isabel da Silva Barriga, a “Ciganinha”, de 73 anos de idade. Vivendo num cortiço na Lapa, a ex-moradora de rua ganha a vida vendendo no “shopping chão” bugigangas que garimpa no lixo. A obra é composta de objetos e videoarte realizados em colaboração com Joana Isabel. Durante a exposição haverá um ‘pocket show’ da Ciganinha, que vai cantar e contar histórias.
Financiado por crowdfunding, Vênus nos Espelhos teve o apoio de artistas como Cildo Meireles e Jarbas Lopes. A exposição conta ainda com o lançamento do livro “Quarto 303”, da Editora Kadê. Trata-se de uma fotonovela de Codeço, com fotos de Alan Castelo com a travesti Janine.
FERNANDO CODEÇO (Rio de Janeiro, RJ, 1984)
Fernando Codeço é artista visual, designer gráfico, ator e pesquisador. Doutorando em Artes Cênicas pela UNIRIO, é mestre também e Artes Cênicas e bacharel em Teoria do Teatro pela mesma instituição. Entre 2004 e 2007, atuou em alguns coletivos de dança-teatro. Foi co-criador do coletivo de vídeo-performance “Projeto Cérbero”, que realizou 18 ações performáticas entre dezembro de 2008 e março de 2011. Desde 2005 vem desenvolvendo trabalhos transdisciplinares envolvendo diversas mídias e questões relacionadas à antropologia, filosofia e psicanálise. Teve seus trabalhos expostos em diversos museus e centros culturais no Rio de Janeiro, tais como o CCBB-RJ, MAM-RJ e Circo Voador. O curta-documentário “Olympias”, dirigido por Bia Medeiros, que apresenta seu trabalho com as travestis que se prostituem nos bairros da Glória e da Lapa no Rio de Janeiro, foi exibido em diversos festivais de cinema no Brasil e no exterior, passando por cidades como Berlim, Estocolmo, Bogotá, São Paulo, Santos, Belo Horizonte, Recife entre outras. Como arte-educador, trabalhou no CCBB-RJ, Casa França-Brasil, Sesc-Copa e MAM-RJ.
Artista: Fernando Codeço Curador: Renato Rezende
Abertura com show da Ciganinha e músicos convidados: 2 de abril de 2016
Horário: 17h
Período: de 3 de abril a 15 de maio de 2016
Horário de Visitação: de terça a sábado, das 11h às 19h
Local: Galeria Índica
Endereço: Rua Visconde de Pirajá, 82 – loja 117, subsolo – Ipanema (em frente à Praça General Osório) – Rio de Janeiro
Entrada franca
Tel: (21) 2523-6493
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