Com obra-prima de Verdi – REQUIEM, SILVIO VIEGAS assume oficialmente a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais

O belo e grandioso Requiem, de Giuseppe de Verdi, foi a obra escolhida para o concerto de abertura de temporada erudita da Fundação Clóvis Salgado com participação do Coral Lírico e da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Há 17 anos a FCS não produzia um concerto com essa obra que contará com a presença dos grandes solistas Eliane Coelho, Ana Lúcia Benedetti, Paulo Mandarino e Sávio Sperandio.

A apresentação marca também a estreia de Silvio Viegas como novo regente titular da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Viegas explica que a seleção do título de Verdi para esse momento especial celebra o potencial dos Corpos Artísticos da Fundação Clóvis Salgado. “O Requiem de Verdi é uma obra grandiosa, que deixará em evidência toda a expertise do Coro Lírico e da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Teremos um quarteto solista espetacular e será uma oportunidade de homenagear meu grande mestre Sérgio Magnani – que regeu essa obra na última montagem da FCS”.

Anunciado como o novo regente titular da Orquestra em 2015, Silvio assumiu o cargo em janeiro de 2016. Antes disso, finalizou os trabalhos como maestro titular da Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde atuou por oito anos. Silvio viu no convite da presidência da Fundação Clóvis Salgado uma possibilidade de explorar um desafio diferente, e com mais personalidade, ao lado de uma das mais importantes Orquestras dos país.

O convite para assumir a OSMG veio da boa relação que o regente mantém com a instituição há 21 anos. “Meu primeiro concerto com a OSMG foi em 1995, quando eu ainda era um jovem regente, recém-formado. Nestes vinte anos fiz vários concertos e óperas inesquecíveis. Mantive sempre uma ótima relação com a direção da casa e com os Corpos Artísticos, o que me faz sentir em casa quando estou aqui”, explica Sílvio, que já foi Maestro do Coral Lírico de Minas Gerais e Diretor Artístico da FCS.

Ao assumir o novo desafio, Silvio reforça a necessidade de fazer com que a OSMG ocupe cada vez mais um lugar de protagonismo no cenário erudito nacional. Para atingir seu objetivo, ele aposta na aproximação dos três corpos artísticos da FCS: Orquestra Sinfônica, Coral Lírico e Cia de Dança Palácio das Artes. “Belo Horizonte tem duas orquestras sinfônicas profissionais e nosso grande diferencial é que possuímos, na Fundação Clóvis Salgado, um belíssimo Coro e uma incrível Cia de Dança. Por isso buscamos unir esses três Corpos Artísticos em 2016”, revela.

A Abertura de temporada já sinaliza para a dobradinha que será comum no palco do Grande Teatro. Essa é a primeira das 10 apresentações que o CLMG e a OSMG farão juntos, além das óperas Romeu e Julieta, de Charles Gounod, que terá ainda a presença da Cia de Dança Palácio das Artes, e O Guarani, de Carlos Gomes.

Além de aproximar os Corpos Artísticos, o maestro pretende intensificar as ações da OSMG nas redes sociais. “Quero registrar o dia a dia de nosso trabalho de uma forma divertida, deixar nossos músicos falarem de suas experiências, dos desafios que compõem a nossa temporada. Ou seja, trazer o nosso público para dentro de nossa casa e transformar o Palácio das Artes na casa deles”, concluiu o maestro, que acredita no potencial dos novos meios de comunicação para intensificar esse intercâmbio.

Uma das propostas, de acordo com o regente, é abrir espaço para que um grupo pequeno de pessoas possa viver a experiência de estar junto aos músicos, no palco do grande teatro, durante o projeto Sinfônica ao Meio-Dia, para registrar de dentro da Orquestra a emoção dos concertos.

Um Requiem Laico – Requiem composto por Giuseppe Verdi figura entre os mais importantes da música erudita mundial. “Já preparei esta obra duas vezes e sempre digo que ela é um verdadeiro MILAGRE, algo inacreditável. O Requiem de Verdi é uma obra-prima que não deve nada a qualquer quadro de Michelangelo, drama de Shakespeare ou escultura de Bernini”, afirma, apaixonado, Silvio Viegas.

A obra conserva características únicas, graças a duas singularidades do compositor. Verdi era ateu e tinha predileção pela composição de óperas. Essas influências, de acordo com o maestro, são perceptíveis no título. “Verdi transforma o texto litúrgico em um verdadeiro libreto de óperas. Ele trata a composição não como uma liturgia, mas buscando mostrar os sentimentos que nele estão presentes e até mesmo sublinhar palavras ou frases para ressaltar um sentimento ou valorizar uma emoção”, ressalta Viegas.

Giuseppe Verdi contabiliza 48 obras em seu currículo, das quais 28 foram óperas. De todas as suas composições apenas duas tiveram alguma relação com a música sacra. “Verdi, no final da vida, talvez percebendo a questão da morte como algo inevitável e próximo, ele escreve as famosas Quatro Peças Sacras e seu Quarteto de Cordas. O Requiem nasceu alguns anos antes”, diz.

Em seu Requiem, Verdi se afasta do texto litúrgico, expressando um homem diferente, não temeroso a Deus, mas consciente de sua situação. “Quando ouvimos o Requiem de Mozart, por exemplo, que era um crédulo, notamos o homem pequeno diante da grandiosidade de Deus, suplicante por seu perdão, temeroso pela possibilidade de não subir ao reino dos céus, é uma obra voltada para os céus. Em Verdi, ao contrário, vemos um homem contestando sua posição perante Deus, sofrendo com a realidade inevitável da morte, do fim de sua existência, uma obra terrena, que fala do homem para o homem”, resume o maestro.

História da composição – A composição é uma homenagem de Verdi ao seu amigo, o escritor e poeta Alessandro Manzoni. Muito abalado com a morte de Manzoni, o compositor italiano não comparece ao velório. Para expressar seu pesar, solicita à prefeitura de Milão que arque com os gastos para a realização de um concerto em homenagem ao amigo morto, em que iria interpretar obra composta especialmente para a ocasião. Em 1874, no aniversário de morte de Manzoni, houve a estreia do Requiem, de Giuseppe Verdi.

Mas, a história da composição começou cinco anos antes da morte de Manzoni, em 1873. A primeira tentativa de Verdi de compor uma missa fúnebre foi para homenagear Giachino Rossini, falecido em 1868. Para completar a tarefa convidou outros 12 compositores e escreveu o Libera me. Diferenças criativas fizeram com que Verdi abandonasse o projeto e mais tarde utilizasse o mesmo Libera me na composição do Requiem em homenagem a Manzoni.

SERVIÇO
Evento: Concerto de abertura da temporada erudita da Fundação Clóvis Salgado com o Coral Lírico de Minas Gerais e a Orquestra Sinfônica
Réquiem, de Giuseppe Verdi
Período:
29 e 30 de março
Horário:
20h30
Local: Grande Teatro do Palácio das Artes
Endereço: av. Afonso Pena, 1537 – Centro
Preço: R$ 30,00 (inteira) e R$15,00 (meia)
Classificação indicativa: 10 anos

*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *