Duas mulheres em cena apresentam estatísticas, cantam, apresentam passagens bíblicas, mostram bonecas infantis, objetos domésticos e usam batom obsessivamente. Além disso, imagens publicitárias e de artistas contemporâneos são projetadas numa grande tela, tudo para revelar a profunda desigualdade entre os sexos que se manifesta nos espaços público e privado. Este é o projeto Carne, da Kiwi Companhia de Teatro que se apresenta de 26 de fevereiro a 06 de março, no Sesc Belenzinho, na programação do projeto ARTE – Substantivo Feminino. Além do espetáculo, as atrizes Fernanda Azevedo e Maysa Lepique ministram gratuitamente a oficina As Mulheres e os Silêncios da História nos dias 01 e 02 de março de 2015, terça e quarta, das 14h às 19h. Estão convidadas a participar mulheres jovens e adultas, artistas ou não, que tenham interesse em construir e compartilhar suas histórias a partir de estímulos artísticos.
A performance Carne – Histórias em pedaços teve início no longínquo agosto de 2009, quando a Kiwi a apresentou em Bogotá (Colômbia) no 7º Encuentro Ciudadanias en cena, organizado pelo Instituto Hemisférico de Performance y Política. De lá para cá, o projeto foi tomando corpo e novas formas com o apoio do Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, mas então com o nome de Carne – patriarcado e capitalismo. Essa versão da pesquisa contemplava várias ações e a partir de 2011, com o Prêmio Myriam Muniz (Minc/Funarte), Proac de circulação e o Circuito Cultural Paulista, rodou o país com o espetáculo. Agora, a partir de 26 de fevereiro, após seis anos sem se apresentar na cidade (a última curta temporada foi em 2010 no Sesc Santo Amaro) Carne, tão aguardado pelo público paulistano, volta em temporada.
Nos trabalhos desenvolvidos pela Kiwi, uma companhia com quase 20 anos de estrada e com o foco no Teatro Documentário, estão presentes de modo marcante a questão da opressão de gênero e a exploração de classe. Suas obras quase sempre mantém o caráter claustrofóbico e opressor observado na sociedade contemporânea, mas em cena, o humor e a beleza são aliados fundamentais.
Carne – Inspirando-se na autora austríaca Elfriede Jelinek, prêmio Nobel de literatura em 2004, e na obra da historiadora Michelle Perrot, Carne discute as relações profundas entre patriarcado e capitalismo, mostrando o panorama da opressão de gênero no país. Com cenas curtas, o espetáculo, inspirado no Teatro Documentário, é composto por vinte quadros interligados que, em comum, abordam os diferentes tipos de violências sofridas pelas mulheres no Brasil.
ARTE – Substantivo Feminino
O ARTE – Substantivo Feminino põe luz na mulher, como foco principal de obras escolhidas por trazerem temáticas relevantes e de diferentes pontos de vista sobre o feminino. A ideia é abordar a mulher nas artes, tanto no conteúdo das obras – suas lutas em batalhas, dentro da história e da sociedade –, quanto na gestão e criação dos trabalhos.
Até abril ainda serão apresentados, dentro do projeto ARTE – Substantivo Feminino, os espetáculos A Brava, da Brava Companhia de Teatro, com direção de Fábio Resende; e Engravidei, Pari Cavalos e Aprendi a Voar Sem Asas!, da Cia Os Crespos. Também faz parte da programação o infanto juvenil, Oju Orum do Coletivo Quizumba, com direção de Johana Albuquerque e dramaturgia de Tadeu Renato, e a intervenção fotográfica Todos Podem ser Frida. Compondo a programação, haverá o debate 08 de Março – O Feminino na Arte e na Sociedade com mediação de Lucia Romano, e participação de Fernanda Azevedo, Amelinha Teles e Claudia Schapira.
A Kiwi Companhia de Teatro
Surgiu em 1996. Produziu uma quinzena de montagens teatrais, leituras dramáticas de autores como Beckett, Kafka, Hilda Hilst, Elfriede Jelinek e Heiner Müller. Organizou cursos, oficinas e debates sobre a encenação e a dramaturgia contemporâneas. Em 2007 foi selecionada pelo Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo com o projeto Teatro/ mercadoria – Espetáculo e miséria simbólica. Um dos objetivos do grupo responde à necessidade de, simultaneamente, fazer e pensar o teatro e a sociedade.
A companhia é formada por componentes fixos e colaboradores em diversas áreas: Fernanda Azevedo (atriz), Fernando Kinas (pesquisador e diretor teatral), Luiz Nunes (produtor), Daniela Embóm (produtora), Eduardo Contrera (músico e diretor musical), Luciana Fernandes (musicista), Maria Carolina Dressler (atriz), Maíra Chasseraux (atriz), Elaine Giacomelli (musicista), Julio Dojcsar(cenógrafo), Heloísa Passos (iluminadora), Maysa Lepique (atriz e vídeo artista), Paulo Fávari (pesquisador teatral e jornalista), Clébio Souza (Dedê) (iluminador), Madalena Machado (figurinista), Carolina Abreu (pesquisadora teatral), Camila Lisboa (programadora visual), Paulo Emílio (programador visual), Clóvis Inocêncio (ator), Marie Ange Bordas (artista plástica), Gavin Adams e Filipe Vianna (vídeo artistas).
Os trabalhos da companhia foram apresentados em diversas cidades do país através de parcerias com instituições como o Sesc, Itaú Cultural, Aliança Francesa e Cultura Inglesa, ou pelo convite de festivais de teatro brasileiros (Recife, São José do Rio Preto, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, etc). A companhia também se apresentou em Bogotá (Colômbia) e participou de evento em Los Angeles (Estados Unidos).
Data: De 26 de fevereiro a 06 de março de 2016, sexta e sábado, às 21h30, e domingos, às 18h30
OFICINA AS MULHERES E OS SILÊNCIOS DA HISTÓRIA
Datas: 01 e 02 de março de 2015, terça e quarta, das 14h às 19h
Sesc Belenzinho
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000
Belenzinho – São Paulo (SP)
Telefone: (11) 2076-9700
www.sescsp.org.br/belenzinho
*As informações são de responsabilidade de seus organizadores e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.