A Cinemateca Brasileira abre sua programação 2016 com uma nova edição da mostra Cinema Brasileiro Contemporâneo. Entre os dezesseis longas-metragens apresentados estão diversos filmes ainda inéditos no circuito comercial paulista, além de filmes recém exibidos nas salas da cidade.
Entre os destaques estão as aproximações com o cinema de horror em A misteriosa morte de pérola, de Guto Parente e Ticiana Augusto Lima (e o estudo de Os olhos sem rosto, de Georges Franju) e Quando eu era vivo, de Marco Dutra (num filme bastante próximo do musical), e com o suspense em Eles voltam, de Marcelo Lordello. Algumas fortes produções de perfil especialmente coletivo, como A seita, primeiro longa dirigido por André Antônio (integrante do coletivo pernambucano Surto & Deslumbramento) e O animal sonhado, primeiro longa de Breno Baptista, Luciana Vieira, Rodrigo Fernandes, Samuel Brasileiro, Ticiana Augusto Lima e Victor Costa Lopes, egressos do curso de Cinema da Universidade Federal do Ceará (UFC). Este espírito coletivo e independente permeia dois filmes de grandes veteranos do nosso cinema – Feio, eu?, de Helena Ignez, concebido durante uma oficina de atores se usa de telas múltiplas para que nenhuma performance fique de fora; já Paixão e virtude é o último longa-metragem de Ricardo Miranda, brilhante montador falecido em 2014, também um filme onde o elenco é peça-chave.
Outras obras se debruçam sobre reflexões pessoais sobre a natureza das imagens, como Aquilo que fazemos com as nossas desgraças, de Arthur Tuoto (obra de montagem que se usa apenas de imagens capturadas da internet, além de sons roubados de uma série de Jean-Luc Godard), O tempo não existe no lugar em que estamos, de Dellani Lima (onde um fotógrafo e professor repensa a vida e o trabalho após perder o emprego) e Avanti Popolo, de Michael Wahrmann (onde uma série de filmes Super 8 de um desaparecido político serve de ponto de compreensão entre pai – último trabalho de Carlos Reichenbach, aqui como ator – e filho – André Gatti, também ator do filme de Dellani).
Destaques no circuito independente e de festivais, Branco sai, preto fica, forte longa-metragem de Adirley Queirós, Ventos de agosto, primeiro longa-metragem de ficção de Gabriel Mascaro. Da ótima e recente produção gaúcha – e exibidos no Festival de Berlim em 2014 e 2015, respectivamente – Castanha, longa de estreia de Davi Pretto e Beira-Mar, de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, recém exibido no circuito comercial. Filme de forte ligação com o universo musical, Califórnia, de Marina Person, terá exibição especial ao ar livre, no dia 14 de fevereiro. Por fim, Teobaldo morto, Romeu exilado, belo longa de Rodrigo de Oliveira também compõe a programação e tem estreia comercial prevista para este ano.
PROGRAMAÇÃO
30/01 SÁBADO
SALA BNDES
19h00 VENTOS DE AGOSTO
21h00 BEIRA-MAR
31/01 DOMINGO
SALA BNDES
18h00 AVANTI POPOLO
20h00 BRANCO SAI, PRETO FICA
04/02 QUINTA
SALA BNDES
19h00 CASTANHA
05/02 SEXTA
SALA BNDES
19h00 AQUILO QUE FAZEMOS COM AS NOSSAS DESGRAÇAS
06/02 SÁBADO
SALA BNDES
17h00 QUANDO EU ERA VIVO
19h00 O ANIMAL SONHADO
21h00 VENTOS DE AGOSTO
07/02 DOMINGO
SALA BNDES
16h00 ELES VOLTAM
18h00 FEIO, EU?
20h00 A SEITA
11/02 QUINTA
SALA BNDES
19h00 TEOBALDO MORTO, ROMEU EXILADO
21h00 A MISTERIOSA MORTE DE PÉROLA
12/02 SEXTA
SALA BNDES
19h00 FEIO, EU?
21h00 PAIXÃO E VIRTUDE
13/02 SÁBADO
SALA BNDES
17h00 AQUILO QUE FAZEMOS COM AS NOSSAS DESGRAÇAS
19h00 BEIRA-MAR
21h00 BRANCO SAI, PRETO FICA
ÁREA EXTERNA
20h30 CALIFÓRNIA
14/02 DOMINGO
SALA BNDES
16h00 O TEMPO NÃO EXISTE NO LUGAR EM QUE ESTAMOS
18h00 AVANTI POPOLO
20h00 ELES VOLTAM
18/02 QUINTA
SALA BNDES
19h00 CALIFÓRNIA
21h00 CASTANHA
19/02 SEXTA
SALA BNDES
19h00 A SEITA
21h00 QUANDO EU ERA VIVO
20/02 SÁBADO
SALA BNDES
17h00 BRANCO SAI, PRETO FICA
19h00 A MISTERIOSA MORTE DE PÉROLA
21h00 O ANIMAL SONHADO
21/02 DOMINGO
SALA BNDES
16h00 O TEMPO NÃO EXISTE NO LUGAR EM QUE ESTAMOS
18h00 PAIXÃO E VIRTUDE
20h00 TEOBALDO MORTO, ROMEU EXILADO
SINOPSES E FICHAS TÉCNICAS
O animal sonhado, de Breno Baptista, Luciana Vieira, Rodrigo Fernandes, Samuel Brasileiro, Ticiana Augusto Lima, Victor Costa Lopes
Brasil, 2014, cor, digital, 79’ | Exibição em DCP
Com: Bia Falcão, Kardec Miramez, Jorge Polo, Thiago Andrade
Seis episódios, seis diretores e histórias sobre corpo, movimento, desejo e erotismo.
Aquilo que fazemos com as nossas desgraças, de Arthur Tuoto
Brasil, 2014, cor, vídeo, 63’ | Exibição digital
Formado por imagens apropriadas de diversos suportes, o filme narra a fábula dos Monstros, descrevendo a condição humana a partir de uma percepção trágica e desoladora.
Avanti Popolo, de Michael Wahrmann
Brasil, 2012, digital, cor, 72’ | Exibição em DCP
Com: André Gatti, Carlos Reichenbach, Eduardo Valente
Através do resgate de imagens Super8 captadas pelo seu irmão nos anos 1970, André tenta reavivar a memória do seu Pai que há 30 anos espera seu filho desaparecido.
Beira-Mar, de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon
Brasil, 2015, digital, cor, 83’ | Exibição em DCP
Com: Mateus Almada, Maurício José Barcellos, Elisa Brites
Em um final de semana de inverno, Martin e Tomaz se hospedam em frente ao mar. Eles são amigos, mas nessa viagem talvez descubram que podem ser algo mais.
Branco sai, preto fica, de Adirley Queirós
Brasil, 2014, digital, cor, 93’ | Exibição em DCP
Com: Marquim do Tropa, Shockito, Dilmar Durães, Gleide Firmino
Tiros em um baile de black music na periferia de Brasília ferem dois homens, que ficam marcados para sempre. Um terceiro vem do futuro para investigar o acontecido e provar que a culpa é da sociedade repressiva.
Califórnia, de Marina Person
Brasil, 2015, digital, cor, 90’ | Exibição em DCP
Com: Clara Gallo, Caio Horowicz, Caio Blat, Paulo Miklos
O ano é 1984. Estela vive a conturbada passagem pela adolescência. O sexo, os amores, as amizades; tudo parece muito complicado. Seu tio Carlos é seu maior herói, e a viagem à Califórnia para visitá-lo, seu grande sonho. Mas tudo desaba quando ele volta magro, fraco e doente. Entre crises e descobertas, Estela irá encarar uma realidade que mudará definitivamente sua forma de ver o mundo.
Castanha, de Davi Pretto
Brasil, 2014, digital, cor, 95’ | Exibição em DCP
João Carlos Castanha tem 52 anos e é ator. Também trabalha na noite como transformista em baladas gays. Vive com a mãe septuagenária, Celina, no subúrbio de Porto Alegre. Solitário, doente e confuso, aos poucos ele deixa de discernir realidade e ficção.
Eles voltam, de Marcelo Lordello
Brasil, 2012, digital, cor, 95’ | Exibição em DCP
Com: Maria Luiza Tavares, Geórgio Kokkosi, Elayne de Moura
Cris, 12 anos, e seu irmão mais velho são deixados na beira da estrada por seus pais. Em pouco tempo percebem que o castigo vem a se tornar um desafio ainda maior. O filme acompanha Cris em sua jornada de retorno ao lar.
Feio, eu?, de Helena Ignez
Brasil, 2013, digital, cor, 70’ | Exibição digital
Com: Bárbara Vida, Glauber Luz, Helena Ignez
Uma oficina de atores realizada na Lapa, no Rio de Janeiro, em conexão com imagens de Paris, França, e Kerala, na Índia, geram este filme-manifesto. Baixo orçamento, diferentes formatos de captação de imagem, metáforas, arte, política e ousadia em uma obra de Helena Ignez.
A misteriosa morte de pérola, de Guto Parente e Ticiana Augusto Lima
Brasil/França, 2014, digital, cor, 62’ | Exibição em DCP
Com: Guto Parente, Ticiana Augusto Lima
Longe de casa, vivendo sozinha em um apartamento antigo e sombrio, Pérola sente os efeitos de um tempo que passa pesado e mordaz, sendo cada vez mais tomada por nostalgia e medo, solidão e pavor, a um ponto onde sonho, fantasia e realidade perdem suas fronteiras.
Paixão e virtude, de Ricardo Miranda
Brasil, 2014, digital, cor, 72’ | Exibição em DCP
Com: Rose Abdallah, Paulo Azevedo, Barbara Vida, Helena Ignez
Mazza está presa em um casamento frio e infeliz com um rico banqueiro. Ela redescobre os prazeres da vida ao conhecer o químico Ernesto, mas este logo se assusta com paixão desmedida da mulher e a agressividade do caso e decide fugir para uma fazenda.
Quando eu era vivo, de Marco Dutra
Brasil, 2014, digital, cor, 108’ | Exibição em DCP
Com: Antônio Fagundes, Marat Descartes, Sandy Leah, Gilda Nomacce
Júnior volta a morar com a família depois que perdeu o emprego e se separou da esposa. Ao chegar na casa que um dia já fora seu lar, ele se sente um estranho e passa seus dias no sofá do velho Sênior remoendo a separação, o desemprego e sonhando com a jovem inquilina Bruna. Após achar alguns objetos que pertenciam à sua mãe, Júnior passa a querer saber tudo sobre a história da família e desenvolve uma estranha obsessão pelo passado, passando a confundir delírio e realidade.
A seita, de André Antonio
Brasil, 2014, digital, cor, 70’ | Exibição em DCP
Com: Pedro Neves, Ericka Rolim, Felipe Araújo, Júlio Emílio, Paulo Faltay, Sosha
No ano de 2040, um homem decide sair das Colônias Espaciais e voltar a viver no Recife. Lá, ele descobrirá novos rumos e a existência da Seita.
O tempo não existe no lugar em que estamos, de Dellani Lima
Brasil, 2015, digital, cor, 77’ | Exibição digital
Com: André Gatti, Ana Paula Condé, Julieta Dobbin
Aldo é ex-repórter fotográfico que dá aulas em uma universidade e está perto de se aposentar. Mas ele é subitamente demitido. Sem perspectivas de emprego, decide vender seus antigos instrumentos de trabalho e queimar parte de seu acervo de fotos, o que culmina em uma série de acontecimentos imprevisíveis que vão mudar, para sempre, sua vida.
Teobaldo morto, Romeu exilado, de Rodrigo de Oliveira
Brasil, 2014, digital, cor, 118’ | Exibição em DCP
Com: Alexandre Cioletti, Rômulo Braga, Erik Martincues