Uma das franquias mais queridas do cinema ganha um novo, e instigante, capítulo em 2016. É engraçado como um personagem consegue transparecer tanta simpatia e inspiração durante tantas gerações, é claro que estamos falando do nosso querido “garanhão” italiano Rocky Balboa – que agora passa seus ensinamentos para seu novo pupilo no filme derivado da franquia. Apoiado por um elenco bastante empenhado em trazer toda realidade e sentimento que estamos acostumados nos filmes anteriores, Creed: Nascido Para Lutar consegue superar as expectativas dos fãs mais críticos, pois mesmo se apoiando em eventos já utilizados, ele renova a história clássica de dedicação, superação, e claro, amor que devemos ter por aquilo que sonhamos.
Na pele do ex-lutador Rocky, está novamente o veterano ator Sylvester Stallone, que assim como seu clássico personagem, demonstra visivelmente que chegou a temível “terceira idade”. Essa passagem de tempo, assim como ocorrerá no longa anterior (Rocky Balboa 2006), é elemento muito positivo para todo desenrolar do filme e para trazer, ainda mais, um sentimento de “humanização” do personagem. Mas essa arriscada desconstrução do lutador incansável, para um senhor dono de um pequeno restaurante, não seria possível sem o brilhantismo de Sly.
Neste filme ele se encontra completamente leve e muito seguro de si, carregando todo carisma e alegria de Rocky e o levando para momentos mais obscuros de sua vida. Um dos grandes méritos desse filme não fica apenas por conta do resgaste da magia dos primeiros filmes, mas sim pela coragem em trazer não só um novo personagem, mas sim um novo protagonista deixando Rocky em segundo plano. Logo de inicio somos apresentados a jornada de Adonis Johnson, vivido pelo ator Michael B. Jordan, filho do ex-campeão mundial de Boxe Apollo Creed. O jovem Adonis não é definitivamente um jovem normal, além de carregar em suas costas todo o peso do nome Creed, ele ainda tem que enfrentar as inseguranças que o envolvem desde quando era criança. Aqui vemos um inversão na construção de personagem bastante interessante (a julgar pela vida real de tais esportistas), aonde é deixado de lado a fama e a busca incessantemente por dinheiro para a vontade de se alto afirmar, e mostrando a todos que pode trilhar o seu próprio caminho para o sucesso.
Diferentemente do que vimos no fiasco “Quarteto Fantástico”, Michael B. Jordan encontra em seu personagem uma excelente oportunidade para mostrar do que realmente é capaz. Se sentindo bastante confortável, e nem um pouco intimidado em atuar ao lado de Stallone, Jordan ajuda e muito a elevar o nível do filme, fazendo com que todas as ações e decisões de seu personagem sejam compreendidas, e sentidas, pelo público. Este ponto é bastante interessante neste novo projeto, aonde acertadamente foi retirado o peso do já conhecido Rocky, e voltando toda atenção e estrutura do roteiro para esse novo personagem. Muitos podem perguntar “Mas o nome do filme já demostra essa intensão…”, sim analisando pelo título podemos tirar essa conclusão mas ao desenrolar da história vemos que realmente o filme se comporta de forma bastante corajoso por fazer exatamente isto sem esquecer e desmerecer tudo que lembramos dos filmes anteriores.
Fica praticamente impossível imaginar um filme, que tem Rocky Balboa como tema, que não carregue todas as, maravilhosas, lições de vida e de superação já conhecida de todos os fãs e público em geral. Buscando ser fiel a essa atmosfera, que são marcas registradas na franquia, o roteiro escrito pela dupla Ryan Coogler e Aaron Covington nos transporta para uma história inspiradora que consegue emocionar, mesmo com um novo protagonista, e ainda assim resgatar toda a nostalgia da clássica história do insuperável lutador.
Além da história em si e seus personagens, uns dos trunfos do filme recai na jovem promessa de Hollywood – o cineasta Ryan Coogler. Depois de estrear em longas com o impactante “Fruitvale Station: A Última Parada” de 2013, filme que rendeu diversos prêmios em festivais, Coogler se afirma ao mostrar que seu reconhecimento não é fruto de sorte ou algo do tipo. Na verdade muito pelo contrário, em Creed: Nascido Para Lutar ele consegue se impor, sem exagerar, e conduzir cenas belíssimas dando o ritmo que a trama necessita.
Um dos fatores que se deve ser analisado/apreciado com muita atenção é a excelente trilha sonora, que novamente, assim como em outros filmes da franquia, completa maravilhosamente cena a cena no filme. Vale uma dica para aqueles que ainda não assistiram Creed, fiquem atentos as lutas, pois a direção de Coogler vai fazer você, literalmente, ficar estupefato e não acreditar no que esta vendo em cena.
Normalmente as continuações de franquias, são muito piores e um verdadeiro fracasso comparado com suas produções originais, mas sem dúvida Creed: Nascido Para Lutar consegue se igualar e inovar em diversos aspectos, sem deixar de lado todo o conceito motivacional e inspirador que existe desde o primeiro longa de 1976. Um ótima escolha para os amantes do esporte, mas claro, que buscam inspiração para seguir sempre em frente com a vida, como Rocky gosta de mencionar.