COMO SER AMADA (JAK BYĆ KOCHANĄ), 1962
Classificação Indicativa: 16 anos
Direção Wojciech Jerzy Has (97 min)
Apesar da história se passar durante a II Guerra na Polônia ocupada pelos alemães, o filme não trata apenas do conflito militar e do terror nazista: a guerra é o pano de fundo para uma trágica história de amor não correspondido. A personagem principal, Felicja, é uma jovem atriz apaixonada pelo seu colega, Rawicz. Quando o rapaz é acusado pelo homicídio de um homem que colaborava com os alemães, Felicja decide escondê-lo em sua própria casa, alimentando-se da esperança de que ele se apaixonaria por ela. Entrelaçando a vida de Felicja no pós-guerra com as suas memórias, Has faz um delicado retrato de uma mulher poderosa e independente, que também é assombrada por seus medos. O filme ganhou o prêmio Golden Gate, do Festival Internacional de São Francisco, em duas categorias: melhor roteiro e melhor atriz (Barbara Krafftówna).
WOJCIECH JERZY HAS nasceu em 1925, na cidade de Cracóvia, em família judaico-cristã. Durante a Segunda Guerra Mundial, entrou para a Academia de (Belas) Artes de Cracóvia e logo começou a fazer cinema. Um dos seus primeiros filmes, Despedidas (1959), ganhou o Prêmio FIPRESCI, em Locarno. Has é considerado um dos maiores cineastas poloneses, conhecido por obras fantasmagóricas e surrealistas, como O Manuscrito de Saragossa (1964), que mostra a preocupação com o trabalho da subconsciência. Sua obra prima, O Sanatório de Clepsidra (1973), mescla o misticismo e a rica cultura judaica com a dolorida historia da Polônia, evocando o Holocausto. O filme ganhou o Prêmio do Júri, em Cannes.
COMO VIVER (JAK ŻYĆ), 1977
Classificação Indicativa: 14 anos
Direção Marcel Łoziński (83 min)
Como Viver foi censurado e estreou nos cinemas apenas em 1981. A história se passa num acampamento de verão para recém-casados, organizado pela juventude comunista. De acordo com a ideologia do partido, o descanso no acampamento promove atividades educativas e a interação entre os participantes. As atividades propostas, contudo, chegam a ser grotescas e até perigosas. Em uma delas, as famílias participam de uma competição intitulada “família ideal socialista.” Seduzidas pelo prêmio – uma máquina de lavar roupas – elas se subordinam às regras absurdas e começam espionar umas às outras. O renomado provocador do cinema polonês, Łoziński, mistura as abordagens de cinema direto com a sua própria visão do mundo como um grande aquário, cuja verdadeira realidade só pode ser revelada quando o artista age para provocar e a transforma em metáfora. Neste sentido, Łoziński cria uma poderosa metáfora não só para as grandes utopias políticas, mas também para os nossos instintos primários. Faz isso com uma astúcia psicológica e, às vezes, com humor negro, que ajuda os espectadores a se identificar com as tolices dos outros.
MARCEL ŁOZIŃSKI é o maior documentarista polonês vivo. Nasceu em 1940 em Paris e se mudou para a Polônia com a mãe quando tinha 7 anos. Os pais, que lutaram na resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial, eram dedicados comunistas. Sofreram grandes desilusões por causa da opressão politica e das propagandas antissemitas. Łoziński se formou como engenheiro, mas nunca atuou na sua profissão. Entrou na Academia de Cinema em Łódź quando já estava fazendo documentários, trabalhando em Varsóvia com grandes cineastas, como Krzysztof Kieślowski. Łoziński fez mais de quarenta filmes, entre eles, 89mm da Europa (1994), que foi indicado para o Oscar depois de ganhar o Grand Prix em Oberhausen, e Tudo Pode Acontecer (1995), que ganhou o Prêmio Golden Gate em San Francisco.
O-BI, O-BA: O FIM DA CIVILIZAÇÃO (O-BI, O-BA: KONIEC CYWILIZACJI), 1984
Classificação Indicativa: 14 anos
Direção Piotr Szulkin (85 min)
O filme de ficção científica O-bi, O-ba: o Fim da Civilização, de Piotr Szulkin, conta a história de sobreviventes de uma guerra atômica, que vivem em um refúgio nuclear esperando a chegada da arca cósmica. Para subsistir, trabalham em condições indignas e brutais, sendo manipulados pela mídia e pelo regime em vigor. O personagem principal, Soft (Jerzy Stuhr), encarregado de reforçar a estrutura da cúpula que os protege, descobre em tempo os segredos terríveis que ameaçam os habitantes da comunidade. Com cinematografia deslumbrante, inspirada no gênero film noir americano, o intenso estudo psicológico de Szulkin desconstrói grandes questões da humanidade, como as ideias de martírio e fé. O profundo ceticismo de Szulkin, combinado com um mis en scene fantasioso, contribui para suas obras serem as mais inesquecíveis do cinema polonês.
PIOTR SZULKIN nasceu em 1950, em Gdańsk, a província da Pomerânia. Estudou artes plásticas antes de virar diretor de cinema. A obra de Szulkin é, muitas vezes, inclassificável – de documentários curtos inspirados em artes visuais e no folclore e história polonesa, até adaptações de obras de Bertolt Brecht e filmes de ficção científica, os filmes de Szulkin se destacam pelos fortes aspectos visuais e pela complexidade e qualidade literária de suas fábulas, frequentemente escritas primeiro como novelas. Szulkin é também um dos representantes de documentário criativo na Polônia. Em 1994, ganhou os prêmios Grand Prix e FIPRESCI em Oberhausen, por seu filme Carne (Ironica).
300 MILHAS ATÉ O CÉU, 1989
Classificação Indicativa: 14 anos
Direção Maciej Dejczer (105 min)
Filme baseado em uma história verídica ocorrida em 1985, na Polônia. O drama sócio-político conta a vida de dois irmãos que vivem com a família em extrema pobreza e decidem fugir do país, escondendo-se debaixo de um caminhão. O pai, um professor de história, perde o trabalho por causa de suas opiniões políticas. Os irmãos querem ir a um país do Oeste europeu, em busca de um futuro melhor. Chegando à Dinamarca, são levados a um campo de refugiados. No entanto, as autoridades polonesas fazem de tudo para que os irmãos voltem à Polônia. Uma jornalista dinamarquesa, de origem polonesa, se interessa pelo caso e ajuda os irmãos a obter asilo. Em 1989, o filme foi premiado como o melhor filme europeu realizado por um diretor estreante.
MACIEJ DEJCZER nasceu em 1953 em Gdansk. Estudou filologia e depois se formou no departamento de Rádio e Televisão na Universidade Slaski em Katowice. Ganhou um prêmio de júri de juventude em Cannes em 1990.
CORVOS (WRONY), 1994
Classificação Indicativa: 14 anos
Direção Dorota Kędzierzawska (63 min)
Uma menina de nove anos chamada Corvo, é criada pela mãe solteira, sobrecarregada pelo trabalho e sem tempo para se dedicar à filha. Corvo demonstra agressividade na escola por conta dessa carência afetiva. Um dia, sequestra uma criança de três anos e, por uma noite, assume o papel de mãe, intercalando períodos de carinho e crueldade. A criança, que não entende o comportamento violento de Corvo, reage com humor. Áspero e lírico ao mesmo tempo, Corvos encanta com sua habilidade de evitar explicações simplistas. O filme foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, em 1994.
DOROTA KĘDZIERZAWSKA nasceu em 1957 em Łódź. Formou-se em estudos culturais pela Universidade de Łódź antes de estudar cinema em Moscou e na Academia Nacional de Cinema em Łódź. Apesar de ter feito poucos filmes, Kędzierzawska é conhecida por seu tratamento delicado dos assuntos difíceis e, as vezes, tabu, como a falta do afeto da mãe para a criança (Corvos), as dificuldades vividas pelas jovens protagonistas femininas (Corvos e Diabos, Diabos), ou o tema da morte (A Hora para morrer, 2007). Suas obras são notáveis pelo seu único estilo visual, que privilegia o ponto de vista da personagem, enfatizando o que é misterioso e inexplicável nas relações humanas.
DÍVIDA (DŁUG), 1999
Classificação Indicativa: 18 anos
Direção Krzysztof Krauze (97 min)
O filme é baseado em fatos reais e conta a história de dois amigos, Adam e Stefan, que tentam abrir uma empresa de vespas. Quando seus pedidos de empréstimo são negados pelo banco, depositam suas esperanças em um conhecido, Gerard. Quando descobrem que os termos exigidos por Gerard são absurdamente altos, mudam de ideia. Ele, porém, alega já ter tido gastos e faz de tudo para extorquir o pagamento da dívida imaginária, levando os dois amigos até o limite. Krauze, conhecido por sua aguda observação sociológica da sociedade polonesa pós-Guerra Fria, transforma uma história de crime em um intenso conto psicológico, cujas questões morais sobre impunidade, culpa e lei, evocam o clássico romance, Crime e Castigo, de Fíodor Dostoiévski. Em 2001, o filme ganhou o prêmio de melhor direção no Festival de Cinema da Filadélfia.
KRZYSZTOF KRAUZE nasceu em 1953, em Varsóvia. Estudou cinematografia na Academia Nacional de Cinema, em Łódź, porém, começou sua carreira fazendo televisão e filmes de propaganda. É conhecido por sua visão sombria, as vezes brutal, do capitalismo desenfreado na Polônia depois da queda de Muro de Berlim (1989), retratando a feroz busca de dinheiro, a preocupação crescente com bens materiais, e a dissolução da vida social. Entre os filmes deste gênero, estão os premiados Dívida – a obra prima de Krauze – e Praça de Senhor Salvador (2006). Krauze ganhou o prêmio de melhor diretor em Karlovy Vary pelo filme Meu Nikifor (2004), que retrata a história de um pintor primitivista polonês.