O lirismo, a dramaticidade e a teatralidade de Cida Moreira são o destaque da próxima atração musical do I Inverno das Artes, evento produzido pela Fundação Clóvis Salgado para movimentar o período de férias em Belo Horizonte, com música, artes visuais e cinema. Após quatro anos longe dos palcos mineiros, a cantora interpreta composições nacionais e internacionais no show A Dama Indigna. A apresentação tem formato intimista, apenas voz e piano, e o repertório é tão variado quanto a própria carreira de Cida. Há canções de Chico Buarque, Jards Macalé, passando por trabalhos internacionais de Tom Waits e Amy Winehouse.
O show que chega a Belo Horizonte é homônimo ao poema inspirado em Cida A Dama Indigna, escrito há dez anos por Marcelo Fonseca, amigo da cantora. A obra serviu de inspiração para ela enquanto montava o repertório para o último álbum de estúdio. Por isso, em 2011, decidiu batizar o novo trabalho com o mesmo título dos versos. “Tudo tem a ver comigo. Esse ‘presente’ do Marcelo me descreve como artista. Sobre o poema, e o próprio disco como um todo, eu sempre digo que essa dama que está no palco só é indigna quando exerce, sem qualquer tipo de pudor, sua arte”, explica Cida.
Cida Moreira é a terceira atração musical do I Inverno das Artes. Segundo a diretora de programação artística da Fundação Clóvis Salgado, Ray Ribeiro, a versatilidade do trabalho de Cida e a bela trajetória da cantora ao longo dos anos foram os motivos que levaram a FCS a fazer o convite. “O trabalho da Cida Moreira é muito instigante e diverso. Há grandes interpretações em seu repertório. Tudo isso combina com a proposta do Inverno das Artes, que é oferecer uma programação cultural variada para o público”, destaca.
Voz e piano – A apresentação de Cida Moreira marca o reencontro da cantora com o público belo-horizontino. Para celebrar esse momento, ela vai interpretar repertório recheado de canções nacionais e internacionais, com trabalhos de Chico Buarque, Gonzaguinha, Caetano Veloso, David Bowie e Amy Winehouse, entre outros. O formato compacto do show, com voz e piano, dá um ar mais intimista à apresentação, com requintes de um cabaré. Para Cida, esse formato tem a ver com sua própria personalidade. “Já parou para pensar que em um cabaré tudo é intimista e intenso, inclusive eu?”, brinca Cida.
Além disso, em 2015, ela completa 35 anos de carreira com obras que transitam entre o blues, o jazz, com visitas ao roque e à MPB. Em todo esse tempo, como ela própria define, vem experimentando, mudando, fazendo a sua arte mais digna. “A música, para mim, tem que ter poesia na letra. Depois que eu encontro a poesia, vou pensar na melodia para gravar”, diz. Desse garimpo, surgiram interessantes parcerias. A mais recente foi com o cantor paulista Thiago Pethit. Em 2011 os dois fizeram várias apresentações pelo país, celebrando a música de cabaré. No ano seguinte, Pethit gravou um álbum de estúdio com a participação de Cida na faixa Surubaya Johnny.
Ao longo de seus 35 anos de carreira, Cida lançou 11 discos e o DVD A Dama Indigna (2011), o primeiro de sua trajetória e que não foge ao estilo: dramático e teatral. “É a minha natureza, eu sou atriz, eu tenho uma personalidade teatral. A Cida Moreira é uma pessoa, a Maria Aparecida é outra. Foi assim que eu me encontrei. Então, eu sou essa pessoa que exerce a sua natureza de duas formas complementares. A personagem da vida real alimenta a minha artista, e a minha artista me alimenta, me completa, me faz ir além”, afirma.
Entre o teatro e a música – Maria Aparecida Guimarães Campiolo ou apenas Cida Moreira, é natural de São Paulo, capital, e começou na música aos seis anos, quando se apresentou em um programa de auditório da Rádio Marconi, em Paraguaçu Paulista, interior de São Paulo. A canção escolhida foi Serra da Boa Esperança, do carnavalesco Lamartine Babo. Já adolescente, mudou-se para Londrina, no Paraná, onde estudou piano. Após alguns anos, retornou à capital paulista e concluiu o curso de psicologia. “Sempre me envolvi com muitas atividades culturais na universidade. Foi nesse período que comecei a participar de peças e musicais do teatro universitário”, conta a artista.
No ano de 1977, protagonizou A Farsa da Noiva Bombardeada, uma adaptação de O Casamento do Pequeno Burguês, do alemão Bertolt Brecht. Quatro anos mais tarde, foi a vez de subir aos palcos com o espetáculo Summertime, sob direção de José Possi Neto. O musical fez tanto sucesso que acabou virando o disco de estreia de Cida como cantora. Naquele mesmo ano, uma gravação do show no teatro Lira Paulistana, culminou no lançamento do álbumSummertime, com claras referências à cantora norte-americana Janis Joplin.
Há, também, as apresentações internacionais. Cida já esteve na França, na Alemanha, em Portugal. O último destino foi a Argentina, onde interpretou um vasto repertório brasileiro e canções típicas do folclore Porteño. “Tem público para tudo. Tem música boa em todos os lugares. E tem quem queira ouvir”, finaliza.
Data: 20 de julho (segunda feira)
Horário: 20h30
Local: Sala Juvenal Dias – Palácio das Artes
Endereço: Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro
Entrada: R$50 (inteira) R$25 (meia)
Classificação: 16 anos
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