Eva Soban exibe Floresta Negra no Museu de Arte de Joiville

A artista visual Eva Soban exibe Floresta Negra, no Museu de Arte de Joiville, com curadoria de Paulo Kassab Jr. A partir da observação de aspectos da paisagem em transformação, a artista apresenta 101 peças – feitas em crochet, tear manual, macramé com fios de polipropileno -, que se conectam e formam uma instalação, uma grande floresta sólida, escura, petrificada, que reflete, metaforicamente, o comportamento humano de viver aprisionado no passado.

Envolvida no universo das artes desde a adolescência, Eva Soban enxergou desde cedo que somente o plano bidimensional não seria suficiente para sua produção artística. Os fios, as tramas, os tecidos lhe chamaram atenção e então passou a pesquisar o processo de tecer, cujo surgimento nos remete aos primórdios do homem, que o fazia para se proteger ou caracterizar seu pertencimento a um grupo ou região. A inspiração para Floresta Negra surgiu em uma viagem que a artista fez ao norte da Patagônia Argentina, quando teve contato com florestas de árvores muito altas e antigas, que impediam a passagem do sol e criavam um ambiente obscuro, estranho e com galhos caídos ao redor. Eva se sentiu tocada com esta cena e, a partir dessa referência, criou peças que exploram texturas e materiais diversos, e mostram sua habilidade manual de transformar trançados e produzir novas formas atuais, contemporâneas. O conjunto dessas obras nos remonta a um ambiente orgânico denso, sem luz, onde a impossibilidade do sol chegar é tão física quanto naquela floresta onde tudo começou. A disposição dos itens no ambiente expositivo incentiva o público a passear entre os trabalhos, permitindo a entrada nesse universo criado pela artista.

Floresta Negra revela ao espectador uma natureza petrificada, onde tudo que resta são memórias congeladas – neste sentido, Eva Soban estabelece uma relação com o sentimento de apego ao passado, como uma forma de morte que impede viver o presente. Nas palavras de Paulo Kassab Jr.: “No atar das linhas de Eva Soban se unem céu e a terra, o homem se volta ao divino enquanto aguarda o amanhecer que pode, em breve, ressurgir no tear que propaga as inquietudes da artista.”.