O Oi Futuro abriu no dia 13 de abril a primeira exposição individual de Eija-Liisa Ahtila, que reúne vídeos e videoinstalações da artista finlandesa, um dos maiores nomes da arte contemporânea na atualidade. A mostra tem curadoria de Catherine de Zegher, diretora do Museu de Belas Artes de Gent (Bélgica), e projeto expográfico de Daniela Thomas e Felipe Tassara.
Com um trabalho que transita entre as artes visuais e o cinema, Eija-Liisa Ahtila se considera uma “criadora de dramas humanos”. A partir da década de 1990, suas obras foram exibidas em alguns dos principais museus internacionais – incluindo a Tate Modern, em Londres, o MoMA, em Nova York, a Neue Nationalgalerie, em Berlim, e o Museu Nacional de Arte em Osaka, no Japão – e em alguns dos maiores festivais de cinema do mundo, como Cannes, Berlim e Sundance. A exposição fica em cartaz até 6 de junho e vai ocupar todas as galerias do Oi Futuro no Flamengo, que comemora 10 anos em 2015.
“Para abrir a programação comemorativa dos 10 anos do centro cultural, nada mais adequado que a exposição de Eija-Liisa Ahtila, um dos maiores nomes da arte e tecnologia internacional, com obras grandiosas, impactantes e ao mesmo tempo delicadas. Depois de uma década de atividades, temos orgulho de ainda podermos surpreender o público apresentando uma artista internacionalmente influente, mas ainda pouco conhecida no Brasil”, diz Roberto Guimarães, gestor de Cultura do Oi Futuro.
A artista
Nascida em Hameenlinna, no sul da Finlândia, em 1959, Eija-Liisa Ahtila vive em Helsinki e desenvolve desde 1990 criações com a imagem em movimento. A artista trabalha com fotografia, vídeo e videoinstalações em construções narrativas que usam a imagem, a linguagem e o espaço para abordar temas como a identidade individual, a sexualidade, a morte e as dificuldades de comunicação. Suas narrativas são baseadas em pesquisas, em eventos reais ou fictícios, e em suas próprias experiências e memórias. Os personagens são representados por atores que partem de entrevistas com pessoas reais.
“Eija-Liisa Ahtila desenvolveu o que chama de “exercícios de mudança de percepção”: seu trabalho busca retratar as representações e relações das pessoas, ao mesmo tempo em que questiona o próprio meio com que trabalha – a imagem em movimento – introduzindo uma forma alternativa de narrar a realidade. “A arte de Ahtila nos permite imaginar o mundo do outro, entrar nele e perceber o nosso ambiente de uma forma diferente, abrindo múltiplas perspectivas”, explica a curadora Catherine De Zegher.
Formada em cinema pelo American Film Institute em Los Angeles, Eija participou da Documenta XI (2002), 48ª e 50ª Bienal de Veneza e da Bienal de Moscou (2013), entre outros, e recebeu diversos prêmios internacionais, incluindo AVEK-award (1997), Edstrand Art Price (1998), DAAD fellowship (1999), menção honrosa na 48ª Bienal de Veneza (1999), Vincent Van Gogh Bi-annual Award for Contemporary Art in Europe (2000), um prêmio de cinco anos do Central Committee for the Arts (2001), o prêmio Artes Mundi (2006) e Prince Eugen Medal (2009).
A exposição
A mostra no Oi Futuro trará três vídeo instalações de grande porte, com projeções em perspectiva múltipla – com diferentes pontos de vista projetados simultaneamente em cada tela – uma instalação e um vídeo, incluindo algumas de suas obras mais famosas, como “Horizontal” (2011), “The annunciation” (2010) e “The house” (2002).
“Horizontal” é uma videoinstalação composta por seis projeções, uma ao lado da outra. Somadas, elas retratam uma árvore conífera gigante em tamanho real e na posição horizontal, apresentando ao público uma perspectiva inusitada sobre elementos da natureza.
Baseada em entrevistas com mulheres que viveram surtos psicóticos, “The House” é uma instalação com projeções simultâneas em três telas, uma frontal e duas laterais. A obra traz a história de uma mulher que começa a ouvir vozes e gradualmente perde a noção de tempo cronológico e do espaço à sua volta. Para mostrar o colapso da personagem, Ahtila rompe com a lógica tradicional da linguagem audiovisual, subvertendo a estrutura e a percepção do espaço.
Outra videoinstalação que estará na mostra é “The Annunciation”, que recria a passagem bíblica do anúncio do nascimento de Jesus Cristo à Virgem Maria por um anjo em um ambiente com três projeções simultâneas. A obra oferece uma releitura contemporânea sobre a narrativa da Bíblia, retratada tantas vezes ao longo da história da arte. A exposição também vai apresentar o vídeo “Fishermen” (2007) e a instalação “Me/We, Okay, Gray” (1993).
Em uma reflexão sobre sua própria obra, Eija-Liisa Ahtila afirma: “O rastro de luz deixado por uma estrela é como uma projeção em uma tela: é uma imagem refletida que, apesar de imaterial, irradia uma força que afeta nossa realidade. Nós necessariamente imaginamos a vida por trás dessa luz – e as imagens que vemos brincam com a existência e com o tempo”.
Abertura: segunda-feira, 13 de abril, às 19h
Visitação: 14 de abril a 7 de junho
Curadoria: Catherine Zegher
Expografia: Daniela Thomas e Felipe Tassara
Oi Futuro
Endereço: R. Dois de Dezembro 63 – Flamengo
Níveis 2, 4, 5 e vitrais
Terça a domingo, 11h às 20h
Entrada franca
Classificação etária: livre
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