Noé (Noah)
Direção.: Darren Aronofsky
Roteiro.: Darren Aronofsky, Ari Handel
Gênero.: Ação, Aventura, Drama
Distribuidora.: Paramount Pictures
Elenco.: Russell Crowe, Jennifer Connelly, Ray Winstone, Anthony Hopkins, Emma Watson, Logan Lerman, Douglas Booth, Nick Nolte, Mark Margolis, Kevin Durand.
Sinopse.: Noé (Russell Crowe) vive com a esposa Naameh (Jennifer Connelly) e os filhos Sem (Douglas Booth), Cam (Logan Lerman) e Jafé (Leo McHugh Carroll) em uma terra desolada, onde os homens perseguem e matam uns aos outros. Um dia, Noé recebe uma mensagem do Criador de que deve encontrar Matusalém (Anthony Hopkins). Durante o percurso ele acaba salvando a vida da jovem Ila (Emma Watson), que tem um ferimento grave na barriga. Ao encontrar Matusalém, Noé descobre que ele tem a tarefa de construir uma imensa arca, que abrigará os animais durante um dilúvio que acabará com a vida na Terra, de forma a que a visão do Criador possa ser, enfim, resgatada.
Avaliação.: (5/10) |
O longa Noé, consegue se desprender de fatos históricos/bíblicos e acaba realizando uma bela adaptação sem a obrigação de colocar, tirar ou manter fatos marcantes da história do protagonista. Com um misto de fantasia, catolicismo e espiritismo o filme dirigido por Darren Aronofsky, consegue entreter e apresentar de uma forma grandiosa a história de um dos maiores ícones da humanidade. Uma trama que promete agradar tanto o religioso que está em busca de novos conhecimentos, como aquele que assiste em busca de um bom entretenimento, cheio de efeitos CGIs e aventuras.
Com roteiro escrito pela dupla Darren Aronofsky e Ari Handel, o longa acompanha a conhecida história de Noé, famoso herói bíblico que “recebeu ordens de Deus para a construção de uma arca, para salvar a Criação do Dilúvio”. Neste roteiro a dupla consegue abordar diversos fatores interessantes, tentando não deixar a trama cansativa mesmo tratando-se de algo histórico, fica nítido o toque de Aronosky no roteiro devido seus últimos dois trabalhos realizados nas telonas. Aonde ambos abordam uma construção de todo o roteiro de forma mais coesa e sempre explorando o lado humano e dramático de seus personagens, foi assim em ‘O Lutador’ (2008) e ‘Cisne Negro’ (2010).
Um ato corajoso, se tratando de uma produção que tem como base um fato religioso, fica para a forma de abordagem/construção dos “Os Guardiões”. Elementos esses que podem se tornar incompreendidos para muitos ou achando uma fantasia desconexa, porém é algo que o próprio espiritismo acredita, que são os “anjos caídos”, que estão na terra para ajudar os Humanos em suas jornadas e objetivos. Para os católicos mais estudados isso pode vir a ser um ponto negativo no filme, tendo em vista que a igreja católica acredita que os anjos caídos são os Demônios, Diabo, Satanás, etc. que vieram para a Terra fazer com que o Homem fosse pecador, testado a cada prova de sua existência. Porém sabiamente o filme consegue conduzir isso de uma forma fantasiosa aonde muitos não vão relacionar, ou mesmo não vão entender o que são esses Guardiões, apenas acharam que o filme foi para o lado de uma fantasia.
A construção do personagem título, Noé, nos coloca a todo momento dentro do filme, aonde ele nos mostra o dilema e drama vivido pelo personagem. Podemos, dessa forma, ver “um personagem sombrio e complicado, que experimenta a verdadeira culpa da humanidade”. Oferecido inicialmente aos atores Christian Bale e Michael Fassbender, fica praticamente impossível imaginar tal produção sem Russell Crowe como protagonista. Fica evidente em cada nova produção a entrega e comprometimento dele com seus personagens, tanto na construção/desconstrução como em suas expressões, sempre trazendo algo próprio aos seu personagens. Não ficando atrás está Jennifer Connelly, que vive Naameh esposa de Noé, mulher com extrema beleza que devido seu amor ao protagonista, o acompanha com dedicação à esta incrível jornada. Connely, assim como Crowe, também mergulha no seu personagem sendo mais visível sua entrega em momentos aonde a carga dramática chega ao limite.
Completando o elenco estão ainda os filhos Sem (Douglas Booth), Cam (Logan Lerman) e Jafé (Leo McHugh Carroll) e ainda a jovem Ila (Emma Watson), que apesar do roteiro ser focado obviamente em Noé, os demais personagens, são tão bem construídos que os atores conseguem espaço para desenvolver de forma digna seus personagens.
Com um bom trabalho em seu elenco, o longa consegue dessa forma manter-se em um ritmo bastante agradável e dinâmico, cheio de acontecimentos e história para contar, apesar de possuir esse ritmo bastante acelerado intercalado com momentos didáticos, o filme por ser um tanto quanto longo, acaba pecando por não conseguir lidar com os momentos dentro da Arca, aonde o roteiro começa a perder força e se tornar maçante e cansativo.
Os efeitos CGIs da produção ganham, talvez, o maior mérito desta produção juntamente com sua trilha sonora. Com uma fotografia acinzentada, perfeita para retratar o período em questão da humanidade, favorece e muito todo os efeitos visuais utilizados, como as maravilhosas cenas dos animais indo em direção a arca, os quais foram criados atrás de efeitos visuais utilizando-se apenas designs de animais reais. Mas o longa ainda conta com outras cenas impactantes como o próprio dilúvio e suas consequências, tudo favorecido também pela ótimas locações.
Trazendo toda ambientação necessária para este tipo de produção, o cineasta Darren Aronofsky se destaca novamente pela sua condução coerente e planos gerais sempre bem utilizados, fazendo se valer das belezas naturais da Islândia. O longa Noé promete agradar uma boa parte de seu público, tanto aqueles que não desejam se influenciar por âmbitos religiosos e apenas apreciar uma aventura muito bem conduzida, como também vai atrair o público mais rigoroso em questões bíblicas.